Filmes que brincam com o espaço-tempo – Parte 1


Desde que o cinema é cinema, filmes de diferentes gêneros têm brincado com o tempo e o espaço para criar suas narrativas – seja em um romance em que o protagonista viaja no tempo para conhecer sua esposa ou em uma ficção científica que fala sobre o futuro da humanidade. Pensando nisso, nós criamos uma lista de filmes que brincam com o espaço-tempo para que nós, amantes desse sub-gênero, compartilhemos indicações para assistirmos no nosso tempo livre.


Dividi essa lista de filmes em três partes pelo fato de terem muitas obras cinematográficas que, de alguma forma, tocam no assunto. De viagens ao passado até multiversos, combinamos aqui uma série de filmes que vão fazer seu cérebro trabalhar ao menos um pouco para compreendê-los, e acredite, vai valer a pena.

Lembrando que o Igor, nosso colaborador aqui no Minha Visão do Cinema, já fez uma lista de 12 filmes e séries sobre viagem no tempo que explodirão sua mente! que está incrível. Não deixe de conferir, porque a maioria das indicações que ele deu naquela postagem são diferentes das que encontraremos por aqui.

Durante a Tormenta


Comentado por Natália



Durante a Tormenta, um grande sucesso da Netflix, traz um roteiro ousado se pararmos para pensar em todas as histórias que se mesclam aqui. Temos um quebracabeça muito bem bolado e com um enredo que te prende desde o primeiro momento. Apesar de muita gente não ter entendido ou achado maçante a história, particularmente eu achei ótimo, percebemos que o amor é algo que vai além do tempo e além de nós mesmos, assim como as mentiras.


Confira a nossa crítica clicando aqui.


Interestelar



Comentado por Igor




Interestelar é um filme de extremos. Alguns dizem ser o ponto mais palestrinha de Christopher e Jonathan Nolan, outros, pelo contrário, colocam como o ponto mais alto dentre a capacidade imaginativa dos irmãos. O filme apresenta problemas? Alguns vários, principalmente quando a narrativa do começo do filme entrega e direciona resultados de momentos finais da história, dando chance para que espectadores mais antenados nas estruturas de roteiro adivinhem o final. Mas, não somente parece funcionar visto o sucesso de público, o que fica em nossa memória é a celebre afirmação de que o amor transcende o espaço/tempo.


Por isso, eu acho que Interestelar é um filme bom; com problemas, claro, mas entrega lindamente a linha de sua proposta enquanto enroupada em uma ficção científica espacial: o amor entre pai e filha. Aqueles que disserem que não se emocionaram com as cenas dente Murph e Cooper deveriam usar essa indicação e reassistir ao filme, porque de todos os momentos com buracos negros, ondas gigantes e viagens no tempo, a emoção que mais domina e emociona ao público é quando esse amor entre pai e filha é representado.


Eu Estava Justamente Pensando em Você



Comentado por Karoline



Eu Estava Justamente Pensando em Você, também conhecido como Comet, é um filme de romance lançado em 2014 e dirigido por Sam Esmail. A história seria simples se não fosse complicada. As vidas de Kimberly e Dell se cruzam durante uma chuva de meteoros e, a partir daí, iniciam uma jornada de amor e um relacionamento um tanto quanto conturbado. Mas há uma chave que é jogava para nós desde o início do filme: esse romance se passa em mais de um universo. Juntando a temática de universos paralelos e os problemas do amor, Sam Esmail ainda conta com uma trilha sonora incrível, uma fotografia que se destaca e ótimas jogadas de câmera para narrar essa trama. Há quem ame esse filme e há quem odeie, mas eu estou aqui para defender os que amam. Definitivamente, esse está entre os meus filmes preferidos, e você deveria assistir a ele pelo menos uma vez para tirar suas próprias conclusões. Quem sabe ele não é justamente o que você estava procurando?

Confira a nossa crítica clicando aqui.


Coerência



Comentado por Lívia



Coerência é um daqueles filmes sci-fi que você assiste uma vez, fica na cabeça e você quer assistir novamente logo em seguida para prestar atenção a todos os detalhes e entender que talvez alguma coisa possa ter passado despercebida. Com um orçamento enxuto de 50 mil dólares, e filmado em apenas 9 dias, o enredo traz uma excelente atuação e uma história bem coerente para quem curte física quântica e universos paralelos concomitantes.


Resumidamente o filme narra um grupo de amigos que marca um reencontro exatamente no dia em que um misterioso cometa Miller passa próximo à Terra. O que poderia ser um simples jantar torna-se um episódio confuso onde aparelhos eletrônicos não funcionam e pessoas simplesmente se comportam de maneiras diferentes de sua personalidade.

Dirigido por James Ward, o filme foi baseado nas teorias do Multiverso e do Gato de Schrödinger, onde tudo pode ser ou não, dependendo do ponto de vista, ponto de partida ou simplesmente interação com realidades paralelas. Por ter em seu fundamento conceitos da ciência teórica, você não tem ideia de se o que acontece é um tipo de experiência que está acontecendo bem diante de seus olhos, um delírio coletivo como quem possui Síndrome de Capgras – uma síndrome onde as pessoas acreditam que seus familiares ou amigos foram substituídos por sósias – ou mesmo alucinações provocadas por substancias químicas.


A fotografia simples é ponto chave, pois brinca com claro/escuro e com objetos cênicos que mudam o tempo todo dependendo da realidade, que obviamente chega em um momento em que nem o espectador consegue identificar qual é. Vale a pena assistir, prestar atenção aos detalhes e fundir um pouco a cuca.

A Chegada



Comentado por Yago



Após a chegada de naves alienígenas ao redor de todo o mundo, a doutora Louise Banksuma (Amy Adams), uma linguista especialista, é recrutada pelos militares, que são comandados pelo Coronel Weber (Forest Whitaker)  para determinar se os extraterrestres vêm em paz ou são uma ameaça. Todavia, a conversa pode não ser muito pacífica quando todas as nações resolverem participar desse diálogo.


Comunicação é a palavra chave do filme e tudo está ligado a ela, desde o primeiro contato da Louise com os aliens até o final extremamente bonito. O filme pode parece de difícil compreensão a primeira vista, pois sua história é contada de maneira não-linear, com “flashbacks da vida de Louise que se misturam ao momento atual em que ela vive, mas quando o filme chega em seu incrivelmente redondo terceiro ato, absolutamente tudo começa a fazer sentido.


A Chegada é um filme com uma crítica clara sobre a falta de comunicação, sobre como os países estão desconectados. É um filme que deixa claro que, para entendermos a nós mesmo, precisamos entender o outro, e faz pensarmos muito sobre para onde nossa espécie está indo. A “arma” que Louise ganha na verdade é um presente e quem ganhou mesmo esse presente fomos nós. Denis nos deu um presente que dá para a gente assistir, assistir novamente, assistir de novo e não cansar.


Antes que Eu Vá



Comentado por Yago


Disfarçado de filme água com açúcar para adolescentes, Antes que Eu Vá surpreende com narrativa sólida e protagonista realista. Samantha é uma garota popular, rica, com ótimas amigas e namora o garoto mais popular da escola. Ela e suas três amigas praticam bullying com todos da escola de maneira natural e sem filtro. A trama começa acontecer quando as quatro vão até uma festa, bebem muito, humilham uma garota e na volta para casa sofrem um acidente mortal. Após isso, Samantha começa a acordar sempre no dia do acidente fatídico, e não importa o que ela faça para tentar mudar as coisas, o dia sempre começa igual, como se a fita tivesse sido rebobinada.


Embora a premissa não seja inovadora, Ry Russo-Young dá ao filme uma sensibilidade estética muito boa; ela foge do convencional desses filmes para jovens adultos e ousa na paleta de cores mais azuladas, acinzentadas e metalizadas, trazendo tons frios para o filme, passando as emoções necessárias através da fotografia. Ponto para o diretor de fotografia Michael Fimognari e para o acerto criativo de Russo-Young. Zoey Deutch faz um trabalho excepcional na pele de Samantha. Embora não seja uma atriz carismática e tenha algumas limitações faciais, consegue segurar o filme nas costas em termos de atuação. Sua personagem tem várias nuances dramáticas e ela faz todas elas muito bem, desconstruindo a patricinha rica estereotipada e entregando uma Samantha humanizada, realista, cheia de camadas, que consegue criar empatia com o público a ponto da gente acompanhar sua jornada sem se preocupar com as outros personagens.


Por fim, Antes que Eu Vá vai além de uma mensagem bonita; é um drama que, mesmo com seus defeitos, entrega uma protagonista interessante, bons acertos técnicos e uma história que precisava ser contada.


A Morte te dá Parabéns



Comentado por Yago



Tree é uma universitária popular e desbocada, uma mistura de Regina George, de Meninas Malvadas, com Rachel Witchburn, de Ela E Os Caras, um esteriótipo típico de filmes adolescentes. Em seu aniversário, ela é brutalmente assassinada, mas em vez de morrer, Tree volta no mesmo dia, sucessivamente, até que o mistério do seu assassino seja revelado.


Desde o inicio, A Morte te Dá Parabéns já deixa claro que não tem ambições grandiosas e nem desejos arrogantes: é um filme de entretenimento puro, com sacadas inteligentes de humor e que cria um certo clímax de suspense.


A direção de Christopher B. Landon (Como Sobreviver a um Ataque Zumbi Atividade Paranormal: Escolhidos Pelo Mal) acerta no jogo de câmeras, que desvia em vários momentos a atenção do que realmente deve ser visto. Acerta também na direção dos atores, que estão muito bem escalados e cumprem bem os papéis. Mas o que mais encanta no filme, é que ele não se leva a sério, mas consegue criar momentos de surpresa enquanto Tree tenta descobrir o mistério que cerca seu assassinato. Ele te leva às gargalhadas em vários momentos, e em cenas como a do estacionamento cria momentos tensos que são únicos.


Sendo uma grata surpresa, A Morte Te Dá Parabéns compensa alguns furos de roteiro e alguns exageros típicos do gênero por ser um filme leve, despretensioso, cheio de humor e com personagens carismáticos.


A Casa do Lago



Comentado por Miguel



Muitos pensamos que as histórias de amor se resumem apenas ao fato de duas pessoas se conhecerem, se apaixonarem, ficarem juntos e viverem felizes para sempre. Após mostrarem uma química impecável em Velocidade MáximaSandra Bullock e Keanu Reeves retornam como um casal em A Casa do Lago. O filme nos traz a história de Kate, uma médica que está se isolando aos poucos de todos a sua volta. Ela mora numa casa que fica a beira de um lago e ao atender uma proposta de emprego num hospital de Chicago, resolve deixar uma carta para o próximo morador, com o endereço para remessa de sua correspondência. Alex, o novo dono da casa, entra em contato com ela. Entre uma correspondência e outra, descobrem várias afinidades e desenvolvem uma paixão. Mas algo de estranho se apresenta. Um está no ano de 2004 e outro no de 2006. Você pode pensar que a trama é absurda, mas a diferença é que no panorama de obras do tipo, a produção consegue nos surpreender. Não há máquinas do tempo nem tampouco desafios da física, mas há essa brincadeira com o espaço-tempo. Em tempos de internet, redes sociais e aplicativos, dez anos depois, o filme apresenta-se como um ótimo enredo para discussão da liquidez de determinados relacionamentos. A distância geográfica é o menor dos problemas quando a virtualidade separa duas pessoas que estão bem próximas. Os celulares os separam, mesmo que os corpos físicos estejam próximos, aquecidos em sua troca de calor, mas com pensamentos distantes. Para entendermos esse filme, temos que aprender a conjugar os verbos desejar e amar. Apesar de antigo, esse filme não perde o charme. O tempo só fez ele se tornar um clássico. Assim como um bom vinho e uma lareira… Uma pena que as cartas, uma forma elegante de correspondência no passado, tenham morrido com o advento da tecnologia.


O Predestinado

Comentado por Léo



Excelente filme independente dirigido pelos competentes australianos The Spierig Brothers. O diferencial da obra é abordarem o clichê da viagem do tempo de forma totalmente original, usando-se de plot twists que farão sua mente explodir. Não se trata nem de como acontece, pois até certo ponto você entende como tudo se desenrola. A questão é literalmente o que acontece, pois é tão brilhante, surreal e inesperado que você fica embasbacado tentando digerir. Muito bem dirigido pelos irmãos Spierig e lindamente atuado por Sarah Snook e Ethan Hawke, O Predestinado é um filme surpreendente, elegante, ousado e que está se tornando um clássico com o passar do tempo.


Donnie Darko

Comentado por Amanda Sperandio

Quantas teorias podem ser exploradas a partir de física quântica e viagem no tempo, trespassando por esquizofrenia e universos paralelos, para tentar dar significado a uma obra audiovisual? Acredito que o fato de Donnie Darko estar dentro da categoria de filmes cuja resposta para essa pergunta é “infinitas” seja um dos motivos para ele ser meu filme favorito. É uma obra com a proposta de reflexão, de expandir o limite criativo e, por que não, racional. Donald Darko é um garoto completamente não convencional, solitário, sonâmbulo e muitos acreditam que esquizofrênico ,— na minha opinião, o único lúcido do longa — que vê sua vida completamente transformada quando um homem com “uma fantasia idiota de coelho” macabra o acorda no meio da noite impedindo que a turbina de avião que atinge seu quarto o leve a óbito.

Donnie passa a ver Frankie, o coelho, frequentemente após o acidente, começando a agir de modo cada vez mais fora do comum e percebendo padrões que não conseguia antes. Através de uma rede de ações e reações acaba por encontrar o livro sobre viagem no tempo de Roberta Sparrow, uma antiga professora de ciências agora idosa, conhecida como “Vovó Morte”. A partir desse ponto ele passa a tentar entender seu papel em toda essa rede e como inferir na realidade, se é que isso é de fato possível.

E aí, o que achou? Espero que tenha gostado da seleção. Caso tenha alguma indicação que não tá nessa lista, não se esqueça de deixar nos comentários!

Deixe uma resposta