A Equipe Comenta: The Last of Us Part II (2020, de Naughty Dog)

 
Assoprem as velinhas! Esse mês completa 1 ano do lançamento de The Last of Us Part II, para comemorar, que tal conferir mais uma edição do nosso tradicional A Equipe Comenta? Nele finalmente daremos um fim à esse ciclo que foi acompanhar as jornadas de Joel e Ellie, ao menos por enquanto… E para você que ainda está perdido em que é The Las of Us, a franquia exclusiva do Playstation, é a mais premiada da história com 300 prêmios individuais só na Part II, que mesmo não sendo uma unanimidade entre os fãs, ainda foi eleita como jogo do ano e se tornou na maior vencedora do The Game Awards (TGA), o “Oscar” dos videogames. Confira nosso especial sobre o jogo:

AVISO: Spoilers à seguir, prossiga por sua conta e risco! 

Antonio Gustavo:


TLOU se transformou num verdadeiro fenômeno da cultura pop, atingindo todo um novo público em seu segundo capítulo e marcando verdadeiramente muitas pessoas, assim como eu, de modos diferentes. Isso gerou até mesmo um lado prepotente de o ver mais do que só como um jogo, algo que de certa forma ele próprio busca, com seu hiper-realismo e densidade exagerada, mas mesmo não sendo demérito algum o enxergar apenas dessa forma, assim como Ellie faz com Joel, é hora de “amadurecer” e deixa-lo partir. 

Há mais do que apenas uma trama de violência desenfreada ou um level design elevadíssimo aqui. Por de baixo dessas camadas, existe, porque não, puro entretenimento, personificado em Abby, com sua jogabilidade frenética, somada a todo aquele pano de fundo sobre WLF, Serafitas etc., que não impactam a trama geral, mas serve para nos fazer esquecer da urgência das ações e lembrar que está tudo bem se preocupar mais em enfrentar o rei dos infectados numa boss fight megalomaníaca, do que tentar compreender as motivações de suas personagens. Enxergar hoje o game assim, para mim, é tão interessante quanto analisar cada complexidade de seu roteiro e preenche os espaços de leveza da trama, não importando qual das protagonistas estava certa afinal.    

Ainda assim, resta o questionamento de se a experiência geral de The Las of Us Part II é realmente divertida ou, se aposta apenas na ultraviolência gratuitamente para chocar, pois sim, o título toma muitas decisões narrativas fortes e controversas, obrigando-nos a ir a fundo nessas psiques, em que se quebra o ritmo como um todo em prol de favorecer sua argumentação. Aliás, escolhas essas que não foram feitas para agradar à grande maioria dos jogadores, como o próprio diretor criativo dos 2 jogos, Neil Druckman, já vinha dizendo. Clique aqui para ler a crítica completa publicada no blog em 2020 e, que responde a essa questão. Abaixo mais opiniões dos membros da equipe.

Ettore Migliorança: 

The Last of Us nunca foi só mais um jogo de zumbi. O lançamento da Naughty Dog em 2013 quebrou paradigmas na indústrias dos games, ao retratar por meio da brutalidade violenta de matar infectados e pessoas entregues a desordem causada pela epidemia de um fungo, a natureza humana na sua forma mais verdadeira sem poupar nada para o espectador que entende de histórias sobre viver num período pós-apocalíptico, o limite que você entrega para se sentir parte de algo, quando você sente que perdeu tudo.
A jornada de Joel e Ellie no primeiro jogo aquece o coração, onde vivendo inúmeros acontecimentos, você está vivendo na pele dos personagens o que aquele mundo destruído te força a experimentar, sendo eles bons, como acariciar uma inocente girafa, ou ruins, nas quais presenciar atos horrendos de canibais ou pessoas que desaprenderam a humanidade quando a civilização foi devastada.
Porém em sua aguardada continuação lançada este ano, não é a mesma coisa que a anterior te oferece, é algo muito maior, mais tenebroso e espetacular do que se esperava. Se a parte um te mostrava como reencontrar o amor e afeto pela vida te torna mais vivo, sua continuação demonstra como aceitar o ódio eterno num ciclo de vingança viciosa te torna mais morto por dentro.
A história da vingança de Ellie é marcada por cenas brutais de violência, desespero e desumanidade incontrolável, alguns acusariam que isto é apenas uma forma de chocar e desrespeitar o que foi criado inicialmente, porém o que se enxerga é uma verdadeira progressão da história, mostrando consequências e pesos que as ações egoístas de Joel geram uma reposta mortal resultando numa história que te fragiliza em todo momento e nunca poupa o jogador de emoções fortes.
Mais do que uma continuação, TLOU II ousa de todas as formas para mostrar que o ódio é um lado que existe dentro de todos nós, algo que pode te tornar cego para as coisas que podem te beneficiar e te fazer melhor, mas não de maneira superficial e óbvia, e sim com camadas tão densas que irá te fazer questionar como você entende as pessoas da sua vida, tendo elas te feito bem ou mal.
A continuação feita pela Naughty Dog é uma verdadeira experiência audiovisual, no sentido que toda a arte, animação, interpretação e roteiro corroboram para dar prosseguimento a essa história que no primeiro jogo é algo único, juntando com o segundo sendo mais uma grande parte de universo tão especial e poderoso que é The Last of Us.

Igor Motta: 

Antes de mais nada, qualquer crítica feita ao jogo deve ser muito bem analisada, pois ou estamos diante de pessoas que de fato terminaram toda a proposta e tiveram sentimentos específicos, bons ou ruins; ou somente estamos diante do fluxo de ódio sem sentido e minimamente crítico que repete argumentos desconexos retirados de qualquer fórum “memético” espalhado por aí.
The Last of Us Part II, antes de mais nada, é excelente. A produção mobilizada é incrível, não há como dizer outra coisa senão elogios aos gráficos e mecânicas presentes. No ponto em que o primeiro jogo fora ovacionado pelos seus gráficos, opções de exploração e enredo, sua sequência consegue expandir e aprimorar esses mesmos elementos de forma a evoluir a experiência de quem o joga. Temos um gameplay visivelmente maior, como também mais espaços de exploração dentro da linearidade que somos forçados a seguir, mas que não necessariamente diminui a sensação de liberdade por justamente apresentar ações e itens a serem descobertos somente para àqueles mais exploradores.
O ponto que deixa tudo mais polêmico, e deixa a Part II como uma das produções mais comentadas do último ano, está na sua história. Há uma certa radicalidade em tratar alguns assuntos, coisa que o antecessor já havia circundado. O universo de zumbis originados por fungos é um universo de violência tanto pelas criaturas, tanto por aqueles que sobraram (o nome do jogo não é atoa). Nesse segundo capítulo, parece ainda mais claro que não há meio termo para quem ou como essa violência chegará, até mesmo para Joel.
Não há nenhum, REPITO, nenhum motivo para o estardalhaço de alguns jogadores para com essa morte. Matar um dos protagonistas do jogo anterior é um gancho ousado? É, com certeza, mas eu me pergunto onde estavam todas essas pessoas em 2011 quando a espada de Payne decapitava Ned Stark? Ou mesmo onde estavam essas pessoas nas temporadas seguintes quando aconteceu o famigerado Casamento Vermelho? A comparação que faço é óbvia. O mundo de The Last of Us ditou as regras de violência e justiça já em sua primeira edição, terminando de uma forma controversa sobre as decisões de Joel, nada mais coeso criar uma continuação baseada nas consequências desses atos. Se a morte de um personagem com grande tempo de tela servirá bem ao enredo, por que não? Game of Thrones, em seus tempos áureos, provou muito bem isso.
A vingança de Ellie, então, vira o ponto de giro do roteiro. Isso, talvez, seja um dos momentos em que posso indicar uma fraqueza; pois histórias de vingança, dessas de cortar longos territórios para sujar as mãos de sangue na tentativa de obter paz interior, já são relativamente batidas. Como também é batida a ideia do personagem perceber a corrupção de si nessa busca implacável. O que salva o enredo do game da mesmice está em outro ponto polêmico, a virada de perspectiva para Abby.
Igualmente ousado quando um jogo troca de protagonista no meio de sua narrativa, principalmente quando esse novo protagonista é, em tese, o vilão. Outros jogos já deram a oportunidade de controlar o malvado, Breath of Fire 4 é um bom exemplo, mas as partes em que jogamos com o antagonista são divididas e dosadas ao longo do jogo, não ficando um “metade/metade”. Então eu consigo enxergar o ponto de quem sentiu uma estranheza nessa troca, também compreendo que alguns elementos da história de Ellie perderam certa intensidade, mas aqui também vou jogar um contraponto, pois quando retomamos o derradeiro momento no cinema em que Ellie e Abby se enfrentam, o fato de sabermos toda a perspectiva de Abby e tudo o que a garota perdera até ali, deixaram-me com mais carinho para com ela do que para com nossa já conhecida filha postiça de Joel.
É um recurso narrativo ousado, como já disse, e que de fato tira um pouco da potência do arco de Ellie, mas não o deixa ruim, que fique claro. Porém, dá uma carga emocional para Abby que é incomparável. E se o intuito aqui era delinear a forma como a vingança é um ciclo sem fim de uma parte tirando da outra as pessoas amadas, diria que acertaram em cheio.
No mais, a representatividade do jogo é linda, com personagens LGBTs aos montes, incluindo Lev (que tem uma química incrível com Abby) e, somente protagonistas jogáveis mulheres, com corpos não feitos para satisfazerem fetiches de jogadores tóxicos. Qualquer tentativa de crítica neste quesito é lágrima de gamer que não aguenta a chegada da desigualdade. Lidem com isso, seus bebês!
The Last of Us Part II destoa de praticamente tudo o que já fora feito na indústria dos games. Excelente, com uma temática mais adulta e violenta, feito para prender, viciar e chocar. Há pontos a serem criticados e vejo o porquê de alguém não gostar da experiência como um todo, desde que dentro dos motivos de que como jogo este possa ser criticado, não simplesmente como choro daqueles que ainda não aceitam terem seu protagonismo dividido.



” – If somehow the Lord gave me a second chance at that moment… I would do it all over again.
– Yeah… I just… I dont’t think I can ever forgvive you for that. But I would like to try.
– I’d like that.
– Okay. I’ll see you around.
– Yep. “



Título Original: The Last of Us Part II 
Diretores: Neil Druckman, Anthony Newman e Kurt Margenau 
Roteiristas: Neil Druckman e Halley Gross 
Desenvolvedor: Naughty Dog 
Publicadora: Sony Interactive Entertainment 
Plataforma: Playstation 4 
Duração: Média de 20 à 30 horas 
Lançamento: 19 de Junho de 2020 
Elenco: Ashley Johnson, Laura Bailey, Troy Baker, Jeffrey Pierce, Jeffrey Wright, Shannon Woodward, Stephen Chang, Ashley Scott, Victoria Grace, Ian Alexander, Chelsea Tavares, Ashly Burch, Patrick Fugit e mais. 
Sinopse: Cinco anos após a perigosa jornada através dos Estados Unidos pós-pandêmico, Ellie e Joel se acomodaram em Jackson, Wyoming. Viver em uma próspera comunidade de sobreviventes permitiu que eles tivessem paz e estabilidade, apesar da constante ameaça de infectados e outros sobreviventes desesperados. Quando um evento violento interrompe essa paz, Ellie embarca em uma jornada implacável, em busca de justiça. Conforme ela caça os responsáveis um por um, ela é confrontada pela devastadora repercussão física e emocional de suas ações.

Trailer:


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