Crítica: What We Do In The Shadows – 2ª Temporada (2020, de Jemaine Clement)

Após um excelente início para o reboot/ontinuação seriada de O Que Fazemos Nas Sombras (2014, de Taika Waititi e Jemaine Clement), a FX nos presenteia novamente com a segunda temporada do show, ainda mais afiado e hilário. Eu, que estava duvidoso com a renovação e pensando que iria encontrar uma repetição temática, fui enganadíssimo. Trabalhando tudo de bom que houve de novo no primeiro ano e mergulhando a fundo em sua própria mitologia, What We Do In The Shadows é um frescor para o gênero de sitcoms americanas e também para os fãs de histórias vampirescas. Embarcar nessa jornada extasiante e única é um caminho sem volta.

O mote temático dessa vez se volta para o plot twist apresentado na temporada anterior. Guillermo, o “familiar” de Nandor (uma espécie de humano que serve a vampiros), descobre ser descendente de Van Helsing, um clássico matador de feras sobrenaturais. Não bastasse isso, Guillermo também herdou a habilidade assassina de seu parente, o que o faz, de maneira hilária e sucessiva, simplesmente não conseguir evitar matar vampiros. Ao longo da temporada, acompanhamos seu dilema entre ser um servo dos morcegões (que também anseia se tornar um) ou seguir o seu destino e começar a caçá-los.


Mas não é só de Guillermo que o show vive. Dosando de maneira mais acertada os demais personagens, dessa vez todos brilham quase que igualmente. Outro destaque fica para Colin Robinson (Mark Proksch, sensacional no papel), cuja personalidade é elevada à enésima potência no épico episódio 5, Promotion, na qual o vampiro de energia (que suga a vitalidade e a vontade de viver de todos ao seu redor) se transforma num delirante Megamente em busca de poder e mais poder. E a temporada ainda conta com a presença especial do eterno e ilustre Mark Hamill, capítulo que desavergonhadamente faz referências a Star Wars. Para quem achou que nunca veria uma mistura entre a saga Skywalker e criaturas da noite, o episódio é um deleite.

Ainda há o trio de vampiros Nandor (Kayvan Novak, brincando no papel), Nadja (Natasia Demetriou, atriz hilária) e Laszlo (Matt Berry), cujo núcleo sempre envolve algum tipo de desentendimento entre eles, que acabam gerando boas piadas. Graças às histórias que se entrelaçam com facilidade e o elenco afiado, o roteiro lida muito bem com as suas preocupações, ou seja, explorar as personalidades exóticas dos personagens e vagarosamente expandir o universo criado. E é louvável a maneira como isso é feita; com o passar da narrativa e de maneira orgânica, são inseridos fantasmas, caçadores de vampiros, bruxas e até mesmo trolls. Esse tratamento especial consegue por vez desvincular a série da obra original e dar personalidade suficiente para que What We Do In The Shadows siga seu caminho cada vez mais singular.

Apesar de algumas piadas cansativas, como o arco envolvendo Guillerme e a repetição acerca de sua habilidade assassina, essa temporada supera enormemente a anterior e segue em busca de se tornar uma das melhores sitcoms da atualidade. Após adentrarmos em cenários bizarros e sanguinários recheados de sexo, caixões, velas pretas e referências à cultura pop, resta-nos aguardar para que vindoura terceira temporada, já renovada pela FX, acompanhe a alta qualidade do show e nos faça torcer para que a vida dos nossos vampiros imortais seja longa.

Direção: Kyle Newacheck, Liza Johnson, Jemaine Clement, Yana Gorskaya.

Episódios: 10

Duração: 23 minutos
Elenco: Natasia Demetriou, Matt Berry, Kayvan Novak, Mark Proksch, Harvey Guillén, Haley Joel Osment.
Sinopse: Baseada no filme O Que Fazemos nas Sombras (2016), a série é uma mistura de falso documentário com comédia sobrenatural envolvendo vampiros que à noite saem para caçar, enquanto ao dia são forçados à convivência.
Trailer: 

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