Crítica: Bridgerton – 1ª Temporada (2020, de Chris Van Dusen)



Bridgerton é a mais nova série lançada pela Netflix, que vem fazendo tanto sucesso que após apenas 2 dias de lançamento na plataforma já atingiu ao primeiro lugar do top 10 do streaming.

Bridgerton é uma série de drama e romance que se passa na Inglaterra de 1813, acompanhando a jornada debutante da filha mais velha da família Bridgerton, interpretada pela atriz britânica Phoebe Dynevor, que antes da estreia da série não tinha grande reconhecimento do público, sendo conhecida remotamente apenas pela série em que estreou na BBC One, Waterloo Road. Phoebe desempenha super bem sua performance como Daphne Bridgerton, com sua maturidade como atriz e sua caracterização que a deixou com um aspecto juvenil que se encaixou perfeitamente bem com a responsabilidade e inocência de uma debutante do inicio do século 19.

Phoebe Dynevor divide as telas principalmente com o Duque Simon, interpretado por Regé-Jean Page, que como sua companheira, antes de Bridgerton também não tinha grande destaque nos streamings, tendo estreado em sua carreira como ator na série britânica Roots.

A obra é baseada em uma série de livros de Julia Quinn que já conta com 9 títulos e que teve seu lançamento em 2000, os livros já vem fazendo sucesso e conquistado ao grande público, de forma que cada exemplar conta uma história a fundo de um membro da grande família Bridgerton. Com o lançamento da série, o aumento do sucesso dos livros é evidente e para os já conhecidos de Julia Quinn, o crescente sucesso da série é a promessa da adaptação dos seguintes livros em mais temporadas pela Netflix.
Bridgerton conta atualmente com 8 episódios de aproximadamente 60 minutos, com um caráter que nos remete muito aos livros e filmes de Jane Austen, como Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade, além de ter um toque sutil de Gossip Girl. Bridgerton nos trás uma trama complexa, com múltiplos personagens que nos encantam e dos quais conhecemos as personalidades logo no início,  porém, apesar de sua duração de 8 horas, a série não é lenta, muito pelo contrário, as situações acontecem e mudam rapidamente, deixando o espectador ansioso para as reviravoltas que podem acontecer no próximo episódio e torcendo pela protagonista. Algo similar ao que acreditamos ser o que vai vir a acontecer de acordo com o conhecimento dos filmes de romance, agora se as expectativas realmente são cumpridas, você terá que assistir para conferir.

O processo de produção da série não deixa a desejar, com uma trama que contou com um alto orçamento e detalhes meticulosos como todas as produções da Netflix, Bridgerton não deixa a desejar, transportando o público para a cidade de 1813 e apesar de as locações se repetirem várias vezes ao acompanhar o dia a dia dos protagonistas, o nível de detalhamento da direção de arte é assombroso, com meticulosos detalhes da cenografia e do figurino variado e que pouco se repete, refletido em toda uma alta sociedade da época.


A direção de fotografia por sua vez não fica para trás para acompanhar a maestria da série, com enquadramentos que facilmente poderiam ser retratados como belas pinturas, e movimentos de câmera extremamente artísticos em meio a uma trama cult e ao mesmo tempo de fácil compreensão para os amantes de séries de época.

A trilha sonora e direção de som contam com uma riqueza de detalhes dos pequenos sons do ambiente, que podem ser ouvidos com clareza aos ouvidos mais atentos, indicando que cada um deles foi inserido ou gravado separadamente, desde um passo dos atores até um espirro, sem ruídos e com alta qualidade de gravação. A trilha por sua vez conta com óperas, músicas instrumentais nos bailes típicos com suas danças típicas e músicas no piano tocadas pela protagonista, algumas tão distintas do que estamos acostumados,  características da época retratada, mas que ao mesmo tempo apresentam um aspecto moderno à trama e que agrada a todos os gostos.

O roteiro por sua vez, agrada e surpreende, fazendo aos corações apaixonados rir e chorar ao longo dos episódios, torcendo pelos protagonistas que nos cativam a cada decisão humana, clichê e heroica da trama, além das complicações a cada episódio que prendem o espectador à realidade da série e todas as complicações da sociedade da época, além de trazer temas universais e atuais, como o homossexualismo, a honra, a importância das promessas, da verdade e do amor, tanto dentro de casa com os familiares como na sociedade, levando ao público questionamentos sobre o que é mais importante para cada um e o que lhes trará a verdadeira felicidade.

A trama conta ainda com flashbacks perfeitamente elaborados, mas com uma semelhança de produção e fotografia tão grande a do período atual em que a série se passa, que apenas podemos notar sua mudança temporal ao prestar atenção aos pequenos detalhes em ações e falas das cenas, é uma série para se prestar atenção nos diálogos, e se deixar levar pela sociedade inglesa do século 19.


A trama aborda ainda, além de todos os costumes e complicações, uma pequena dose da política da época, ao buscar ser fiel aos fatos reais da Inglaterra do início do século 19, de forma que o criador Chis Van Dusen buscou se basear fielmente as descrições de Julia Quinn, inclusive no que diz respeito a Rainha Charlotte da vida real, que tinha descendência de africanos e colocando para interpretá-la uma atriz negra, trazendo ao público a importância da diversidade e uma maior identificação com a realidade da época. Golda Rosheuvel, atriz que interpreta a ranha Charlotte na série, afirmou em entrevista:

“Na época em que se passa a série, o período regencial inglês, no início do século 19, havia 20 mil negros na Inglaterra. Muitos deles inclusive lutaram nas guerras contra Napoleão, em dois fatos confirmados por historiadores britânicos. Logo, não dá para simplesmente dizer que só havia brancos entre os ingleses daquela época e usar isso como desculpa para só escalar atores brancos em produções do gênero.”


Mais um destaque que chamou muita atenção para a série, desde sua estreia, é a produtora de Bridgerton, Shonda Rhimes, roteirista, cineasta e produtora de televisão norte americana, Shonda já levou às telas diversas séries e filmes muito aclamados pelo público, entre eles,  O Diário da Princesa 2, Greys Anatomy, Scandal, How to get Away With Murder, entre muitos outros, fator que claramente deu uma reputação já digna de respeito à Bridgerton devido a se basear na série de livros de Julia Quinn, e ainda maior ao estrear no streaming da Netflix.

Resta-nos agora aguardar pelo pronunciamento da Netflix se os demais livros de Bridgerton também serão adaptados para a série televisiva e se teremos a oportunidade de conhecer os demais integrantes desta família mais a fundo. Até o segundo livro, a segunda temporada da série já foi confirmada e com previsão de lançamento para dezembro de 2021.

A primeira temporada de Bridgerton está disponível hoje na plataforma de streaming da Netflix.


Título Original: Bridgerton

Direção: Chris Van Dusen, Shonda Rhimes

Episódios: 8 episódios

Duração: 60 minutos.

Elenco:  Phoebe Dynevor, Rege-Jean Page, Julie Andrews

Sinopse: Bridgerton apresenta o mundo sensual, luxuoso e competitivo da alta sociedade de Londres do século 19. Na época, a família Bridgerton, composta por oito irmãos, se esforça para lidar com o mercado de casamentos, os bailes suntuosos de Mayfair e os palácios aristocráticos de Park Lane.


Trailer:

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