Já iniciamos o filme com a sensação de agonia transmitida pelo protagonista, que está passando por um período de luto ao mesmo tempo em que tenta tomar conta da filha – tudo isso sem ter controle de suas próprias memórias. Desesperado por uma cura, ele acaba por participar de um tratamento experimental da Doutora Lilian Brooks (Phylicia Rashad), onde, com o uso de hipnose, começa a acessar algumas lembranças reprimidas.
Para a criação da atmosfera de confusão e suspense do filme, a direção de arte e a fotografia cumprem um papel fundamental, diferenciando o que se passa dentro da cabeça do protagonista e o que se passa na “vida real”, através da paleta e temperatura de cor. Isso acaba criando, de certa forma, duas subtramas ao decorrer do longa, e é quando essas duas perspectivas se unem que o brilhante trabalho dos atores se revela. Nolan e Doutora Brooks foram interpretados com excelência, deixando à mostra a evolução dos personagens e todas as suas nuances.
A crescente inquietação resulta em um plot twist ao estilo de Corra! (2017), A Chave Mestra (2005) e os episódios de Black Mirror (2011-2019). A grande revelação, porém, não se desenrola no final do filme, mas sim antes dos trinta minutos finais – uma escolha ousada dos roteiristas e da direção, pois o fechamento da história se estende e a tarefa de manter a tensão e o interesse na trama fica mais difícil. É aí que o filme perde um pouco do seu ritmo e encanto, oferecendo um final que não se aproveitou da boa construção de thriller psicológico feita até então.
Apesar de estender seu desfecho sem necessidade, Black Box é um bom suspense que levanta questionamentos sobre ética, amor e relações familiares, ideal para quem gosta do gênero e quer passar o tempo com uma história interessante – com o bônus de conhecer o trabalho de atores excelentes e um novo diretor com talento o suficiente para surpreender ainda mais futuramente.
Nice Good Working
screen lock time