Leve e Descontraído, Filme de ‘Enola Holmes’ Faz Jus ao seu Famoso Irmão Detetive (2020, de Harry Bradbeer)

 

Enola Holmes é uma saga de livros criada em 2006 por Nancy Springer, que toma emprestado do universo de Sherlock Holmes, o detetive mais famoso da cultura POP, para narrar as aventuras de sua “fictícia” irmã caçula, a personagem título. Eis que a Netflix acaba de lançar o longa-metragem baseado na obra literária, trazendo Mille Bobby Brown, a eterna Onze de Stranger Things, como a heroína principal; e Henry Cavill (The Witcher e o atual Superman da Liga da Justiça) como o irmão Sherlock Holmes.




À flor dos seus 16 anos, conhecendo muito pouco do mundo, à sombra do seu famoso irmão detetive e à mercê da tutela do outro e conservador irmão (Sam Claflin), Enola resolve tomar as rédeas de sua vida e solucionar o desaparecimento de sua mãe. Mas sua jornada a levará por uma intriga política e uma tentativa de assassinato contra um jovem duque. Enquanto descobre mais sobre o mundo e si mesma, Enola Holmes desenvolve grandes características de investigação.

Mexer com obras clássicas é complicado, pois na maioria das vezes não dá certo. Mas ao traçar um caminho próprio tanto para a personagem quanto para a obra em si, o filme se revela uma grata surpresa nesse fatídico 2020. Recheado de humor e leveza, é um prazer acompanhar as aventuras da trama. O roteiro bem escrito na sua maior parte, mantém um clima descontraído, que aliado à uma edição moderna e esperta, dão um ritmo juvenil e ágil à obra.


Fotografia e figurino enchem os olhos, enquanto que a direção de arte é linda e retrata bem a época, além de saltar aos olhos pela elegância na construção da mise-en-scène. A direção é certeira no ritmo e a trilha sonora também é bem orquestrada. Há dois breves momentos de tensão, contendo uma construção interessante de mistério e perigo, junto de cenas de ação bem coreografadas. Um dos poucos defeitos é o final, um tanto anticlimático e com menos ritmo do que foi apresentado anteriormente. 

Mille Bobby Brown brilha e explode em cena com seus carisma, especialmente na quebra da quarta parede, recurso muito bem utilizado pelo diretor Harry Bradbeer. Ele já havia usado tal recurso de forma brilhante na igualmente brilhante série Fleabag, e aqui mesmo sendo uma obra mais leve, ele consegue novamente executar bem esse recurso. E Mille Bobby Brown dá conta do recado, entregando excelente química na hora de falar conosco, o público que a assiste. Henry Cavill e Sam Claflin estão muito bem em seus papéis, o 1° bastante elegante (gostaria de ver um solo dele trazendo um Sherlock mais galanteador rsrs) e o 2° trazendo um personagem detestável e que representa bem o hipócrita conservadorismo de sempre. No pouco que aparece, a maravilhosa Helena Bonham Carter brilha como a mãe deles. 


Enola Holmes situa bem a importância do feminismo na política de uma época onde a mulher não tinha voz própria, ou melhor, onde o machismo social abafava a voz da figura feminina. Mas tal feminismo não é apenas panfletado, é natural e justo dentro do contexto da obra e da época. E isso sem nunca deixar de divertir ou caindo no erro de se levar a sério demais. Um filme sagaz e com coração, que não fica aquém das obras originais de Sherlock Holmes, embora traça seu próprio caminho e estilo, e que serve como um alívio nesse ano tão terrível e com tão poucos filmes sendo lançados. 


Título Original: Enola Holmes

Direção: Harry Bradbeer

Duração: 123 minutos

Elenco: Mille Bobby Brown, Sam Claflin, Henry Cavill, Helena Bonham Carter, Louis Partridge, Adeel Akhtar, Fiona Shaw, Frances de la Tour, Susie Wokoma, Hattie Morahan.

Sinopse: Quando sua mãe desaparece em seu aniversário de 16 anos, Enola procura a ajuda de seus irmãos mais velhos. Mas assim que ela percebe que eles estão menos interessados em resolver o caso do que mandá-la para o internato, Enola faz a única coisa que uma garota esperta, cheia de recursos e destemida em 1880 faria. Ela foge para Londres para encontrá-la. Encontrando diversos personagens memoráveis pelo caminho, Enola se acha no meio de uma conspiração que pode alterar o rumo da história política.

Trailer:

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