Coletiva de Imprensa de Três Verões, novo filme de Sandra Kogut

Filme estreia no Telecine Play dia 16 de Setembro!

Três Verões é o novo longa-metragem de Sandra Kogut, a renomada cineasta brasileira da qual temos que nos orgulhar! O filme foi para diversos festivais de cinema, inclusive festivais internacionais como o famoso TIFF, que acontece em Toronto.


No filme, Regina Casé interpreta a caseira Madá, que toma conta de uma mansão de veraneio para seus patrões, que só aparecem entre o Natal e o Ano-Novo, quando dão festas homéricas. 

Sandra explica que Madá, apelido para Madalena, se encontra entre dois mundos. Ela está acima dos demais empregados e funcionários, aos quais dá ordens e comandos. Mas ainda assim está abaixo de seus patrões. E que ela tem a ambição de querer mandar, querer ser patroa.

Durante o filme todo há uma questão em grande evidência: o dinheiro. As pessoas sempre estão falando nele. Há o desespero para consegui-lo, ou a ganância, quando a pessoa já o possui, mas não se sacia, quer sempre mais. Sandra Kogut tece todo um discurso anti-neoliberal e faz sua crítica. A diretora diz que desde alguns anos atrás, havia sinais dos sintomas que hoje estão ancorados no Brasil: o de que todo mundo só pensa em si e nem um pouco no bem coletivo, e que todos querem ser patrões. Um quer mandar mais que o outro. Cada um está na sua bolha num egoísmo generalizado, segundo o discurso de Kogut. 



Apesar do filme ter feito sucesso internacionalmente, Sandra diz que sua maior emoção é sempre quando o filme é visto por brasileiros que, com certeza, se identificarão mais e entenderão o filme para além das camadas que os gringos entendem. E apesar de ser um filme que se passa nos anos 2015, 2016 e 2017, segue sendo extremamente atual; inclusive tratando sobre outros aspectos, para além da corrupção, é falado sobre casas pobres que são soterradas por deslizamentos de morros, o problema da saúde brasileira e da perda de valores educacionais. 

Mas enquanto Sandra e os atores disseram em entrevistas que pretendiam dar profundidade aos personagens para que o filme não se tornasse uma ficção maniqueísta, poucos personagens foram, de fato, profundos (ou aprofundados). Com certeza Madá foi uma dessas mais aprofundadas, bem como o senhor idoso, interpretado por Rogério Fróes. 


Sandra comentou sobre o “Jeitinho Brasileiro” que é demonstrado ao longo do filme tanto da parte dos patrões como também dos empregados que, embora vítimas de toda a confusão que repercute sobre eles, também tentam dar seu jeito para ganhar sua renda e sobreviver. E no caso, fazem isso vendendo coisas da casa e comercializando a própria casa. 

Rogério Fróes, que interpreta o pai do patrão Edgar (que é preso), comenta que se inspirou em pessoas que conheceu para a construção de seu personagem, pois, infelizmente, já presenciou casos em que pais estavam desapontados pela falta de caráter de seus filhos. 

Jéssica Ellen, a atriz que interpreta Vanessa, uma das funcionárias da casa, comentou sobre o crescimento da sua personagem, que é muito sutil e que ocorreu ao longo dos três anos, nos quais o filme se passa. “Vanessa começa como aquela garota jovem que ainda está se descobrindo enquanto mulher. No início seu cabelo é alisado. Suas referências são outras. E depois, no segundo verão e também no terceiro, ela já se encontra empoderada. Está mais confiante com sua aparência e se sente confortável com a beleza que tem. Seu cabelo está crespo e lindo, do jeito que é. E ela, mais madura” – diz Jéssica Ellen. 

Regina Casé, que infelizmente teve um atraso por conta do trânsito, depois acabou por roubar a cena na coletiva de imprensa, e comentou sobre a conexão linda que tem com a atriz Jéssica Ellen, e que fica muito feliz por estarem contracenando na atual novela das 9 Amor de Mãe e também neste filme. E diz admirar o caminho traçado pela jovem atriz, que nasceu na Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, e hoje, consegue estar onde sempre sonhou. 

Regina rebateu críticas sobre o fato de estar interpretando uma empregada pela terceira vez no audiovisual. Ela disse que fica honrada em estar dando vida a personagens que ainda não tem a quantidade de representatividade que deveriam, pois, quantas patroas já existem nas novelas e nos filmes? E quantas empregadas protagonistas existem? E, além disso, o Brasil tem mais patroas ou empregadas? Tem mais empregadas. Então as três personagens funcionárias que ela fez nem sequer chegam perto de representar toda essa realidade que existe no nosso Brasil. E, além de honrada de vivê-las, ela espera ainda poder representar muitas outras mulheres trabalhadoras e menos favorecidas. Até porque, ela acrescentou que, a Val que interpretou no filme Que Horas Ela Volta, não é a Madá do Três Verões, que também não tem nada a ver com a outra funcionária que faz na novela. E sua atuação, claro, é algo que precisamos ressaltar, pois de fato é impecável e ela se destacou recebendo prêmios em festivais internacionais. 

A equipe relembra dos 24 dias de gravação que passaram juntos, morando numa mesma casa (segundo Regina Casé: “Estilo BBB”) e de como têm saudades disso. E de como Sandra, por estar para sempre conectada com o estilo documental, nunca deixava os atores saberem quando já estava gravando ou não, e inclusive escondia as câmeras muitas vezes, e eles começavam a atuar sem saber de qual ângulo estavam sendo enquadrados. 



Por fim, Sandra responde à uma pergunta do Minha Visão do Cinema: “Por quê neste filme, diferente dos seus anteriores, você optou por trabalhar apenas com um elenco de atores profissionais?”, ao que a diretora respondeu que cada filme é um caso, um mergulho diferente. E antes, esteve trabalhando com não atores, mas nesse, quis sair de sua zona de conforto. 

E você, pretende ver o filme?

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