A Equipe Comenta: Mulan (2020, de Niki Caro)

Eis que Mulan já está entre nós, lançado no streaming da Disney+ por causa da pandemia. O filme vem sendo bem aceito pela crítica, mas dividindo a opinião do público de forma geral. Em mais uma edição de A Equipe Comenta, leia nossa opinião sobre essa nova produção. 

Léo Costa

Mulan segue o nível de Aladdin e O Rei Leão, um live-action competente na maior parte do tempo, embora – e logicamente – seja inferior ao clássico desenho animado dos anos 90, que marcaram uma geração. O filme acerta nas mudanças que faz, se aperfeiçoando ao mercado asiático, honrando as tradições locais e dando um clima mais sóbrio e sério, digno de um épico de guerra. As outroras  e belas canções da animação agora estão presentes nas melodias da trilha sonora e nos créditos finais, servido de nostalgia. 

Os problemas começam na falta de Mushu e o Grilo, personagens marcantes da animação. Outra coisa que atrapalha um pouco é a desconstrução da imagem da Mulan clássica, uma jovem mulher independente que faz o que é certo. Aqui, ao se aplicar o clichê de “alguém escolhido e com poderes”, tira-se um pouco da força naturalmente feminista da obra original. 

Mas a obra cumpre o que promete ao trazer batalhas épicas e um visual estonteante. Destaque para os maravilhosos figurinos, direção de arte e fotografia. Mulan não é o filme ruim que muitos apontam, embora pareça ficar à sombra não apenas da animação, mas também às polêmicas em torno da produção, como a Disney e a atriz protagonista fazerem menções de apoio ao governo chinês, que agiu violentamente contra manifestações no país. Algo que é no mínimo irônico, se pensarmos na lição e quebra de convenções que a lenda de Mulan significa.

Nota: 7,5


Natália:

Claro que muita gente vai ler essa critica e dizer que estou problematizando o longa mais do que o necessário, mas isso vai de cada um. Pegar um filme que, mesmo com alguns problemas, segue sendo um ícone do feminismo e transformar nisso que assisti, é desanimador. Sem querer – querendo – criam uma imagem da mulher que é impossível conquistar sendo comum; e isso vai contra o que eu acredito que a história de Mulan quer nos passar. 

O roteiro no primeiro ato tenta nos encher de nostalgia, no segundo ato começa a se perder na história e no terceiro perde completamente o sentido. Mesmo com a fotografia e a direção de arte tentando nos fazer lembrar do filme original, visualmente falando, isso é quase impossível graças ao disparate da direção e roteiro. 

Faltou muita coisa: faltou vontade, faltou uma direção mais pontual e um roteiro mais semelhante não ao desenho, mas ao que ele nos impõe e tenta passar. Que é respeito; coragem; família; força; determinação e, porque não, amizade e lealdade. Uma pena.

Nota: 4,5

Leia a crítica completa dela aqui!


Luc Da Silveira:

Em mais uma proposta mercadológica inteligente, a Disney lançou Mulan pensando no sucesso que teria na China, seguindo a cartilha do cinema contemporâneo do país asiático. Com um tom mais sério, sombrio e épico, o filme consegue sim emular a aura de guerra, graças ao design de produção e a um roteiro mais sombrio e sem humor. Falha, todavia, na execução das cenas de ação, seja pelos cortes bruscos ou pelas inverossimilhanças que não descem goela abaixo, devido à péssima e inexperiente decupagem da diretora somada a uma montagem espalhafatosa. 

Mas Mulan tem seus méritos. É sim um filme divertido, além da clássica história causar instantaneamente uma empatia nos espectadores: uma menina que busca salvar o pai da guerra. Seja em suas partes bonitas, seja nas ridículas, a trajetória de Mulan nunca deixa de ser inspiradora, ainda que distante da versão de 1998, quando o cortar de seus cabelos nos levava à euforia. 

Nota: 6,5

Nota média geral da equipe:


Título Original: Mulan

Direção: Niki Caro

Duração: 115 minutos

Elenco: Liu Yifei, Donnie Yen, Jet Li, Gong Li, Yoson An, Jason Scott Lee, Susana Tang, Tzi Ma, Rosalind Chao, Jimmy Wong, Doua Moua, Ron Yuan, Utkarsh Ambudkar, Chen Tang, Chang Pei-Pei

Sinopse: Hua Mulan (Liu Yifei) é a espirituosa e determinada filha mais velha de um honrado guerreiro. Quando o Imperador da China emite um decreto que um homem de cada família deve servir no exército imperial, Mulan decide tomar o lugar de seu pai, que está doente. Assumindo a identidade de Hua Jun, ela se disfarça de homem para combater os invasores que estão atacando sua nação, provando-se uma grande guerreira. 

Trailer:


E você, assistiu ao filme? Gostou?

Deixe uma resposta