Séries que abordam o protagonismo feminino em tempos passados


Falar sobre representatividade feminina no audiovisual é importante pois é um mercado, assim como a maioria dos outros, que ainda é dominado pelos homens. Quando pensamos nas mais bemsucedidas séries, normalmente não são histórias guiadas por personagens femininas, cabendo às mulheres somente papéis secundários. É por isso que resolvi trazer nesta matéria séries sobre liderança feminina, mas além disso, são obras que não se passam nos dias atuais, e sim antigamente. Isso abre um debate, como é mostrado nas séries, sobre o problema do machismo em uma época em que não haviam tantos discursos abertos sobre a liberdade da mulher na sociedade e nos fazem refletir sobre o caminho percorrido até que esse tipo de conteúdo passasse a ganhar destaque na TV. Então vamos lá:


Coisa Mais Linda (2019-):

Começo nossa lista com uma produção brasileira da Netflix, cuja história se inicia no final dos anos 1950. Coisa Mais Linda é protagonizada por Maria Casadevall como Malu, uma dona de casa apaixonada por música que, ao se mudar para o Rio de Janeiro, descobre que foi abandonada pelo marido. Sua vida melhora quando ela decide abrir um clube de Bossa Nova, ao lado da batalhadora Adélia, interpretada por Pathy Dejesus, que também é um dos papéis principais junto de Fernanda Vasconcellos (na primeira temporada), que é a cantora Lígia, e Mel Lisboa, a feminista Thereza. Juntas elas enfrentam a ignorância masculina que não permite mulheres abrindo negócios sem a permissão de um homem. A série é uma delícia de assistir, possui uma fotografia de cores vibrantes e muita música boa.

Na ordem: Adélia, Malu, Thereza e Lígia.

The Marvelous Mrs. Maisel (2017-):

A trama de Marvelous Mrs. Maisel também tem início no final da década de 1950. Midge (Rachel Brosnahan) passa a conhecer um outro lado de sua vida que vai além do marido, filhos e casa perfeita: a comédia de stand-up. Ela percebe que é muito boa nisso e passa a correr atrás desse sonho, desencadeando muitas discussões com a família e outras pessoas que acham que comediante não é profissão para uma mulher, considerando o cargo vulgar e fora dos padrões. Mas Midge vai mostrar que é possível “ser feminina” e ainda assim arrancar gargalhadas dos outros, além de ficar bêbada, xingar e ter uma vida longe de casa.

Rachel Brosnahan como Midge Maisel
Agent Carter (2015-2016):

A série da Marvel se passa em 1946 e Peggy Carter (Hayley Atwell) é uma agente secreta que combate ameaças atômicas após a Segunda Guerra Mundial. Ela é vista apenas como uma secretária, quando na verdade trabalha na Reserva Científica Estratégica e precisa lidar com uma vida dupla em tempos difíceis. Peggy não é uma heroína, no sentido convencional da palavra, ela não possui poderes, sua força vem da própria determinação, o que ela vai precisar muito. Infelizmente a série foi cancelada, eu considerava uma das melhores da Marvel e merecia mais algumas temporadas, vale a pena conferir.

Hayley Atwell como Peggy, a Agente Carter.
Outlander (2014-):

Outlander é baseada na série de livros escritos pela autora Diana Gabaldon, retratando a vida de uma enfermeira da Segunda Guerra Mundial, Claire (Caitriona Balfe), que, durante uma viagem com o marido, é transportada para o ano de 1743 ao tocar em pedras misteriosas. Se ainda hoje é difícil para nós mulheres, imagina nessa época! Claire vai então aprendendo a lidar com um mundo tão diferente do que era acostumada, fazendo ajustes em suas vestimentas e também na profissão, tendo que muitas vezes aceitar o termo de curandeira e não de médica, pois ninguém conhecia uma mulher nesse ramo. Mas mesmo assim ela consegue praticar seu ofício e ganhar respeito. A série trabalha com um assunto nada confortável de assistir: o estupro e suas consequências e marcas físicas e psicológicas. Mas para aliviar a tensão, ela chama a atenção dos românticos de plantão com sua trama de um amor verdadeiro que surge entre a protagonista e o escocês Jamie Fraser (Sam Heughan).

Caitriona Balfe como Claire
Doctor Who (2005-) – Temporadas 11 e 12:

Sim, essa é uma abordagem diferente das outras, afinal, não estou falando da série como um todo, mas sim de temporadas separadas. Vou explicar: quem já assistiu Doctor Who sabe que a personagem principal, ou seja, o Doctor, sempre muda de ator, o que no universo da série é chamado de regeneração: o corpo morre e nasce outro em seu lugar. Em 2017, foi anunciado que o novo Doctor seria interpretado, na verdade, por uma mulher, a atriz Jodie Whittaker. Então pela primeira vez, tanto na produção original de 1963 a 1989, quanto na de 2005, a série de ficção científica não escalou um homem para o papel que dá nome à obra. Mas calma, não estou quebrando a regra de falar sobre épocas passadas. Apesar de Doctor Who ter sua base no mesmo ano que o nosso, é uma série sobre viagem no tempo, logo ela vai para o passado e precisa lidar com comentários e expressões duvidosas a seu respeito, fazendo todos ficarem arrependidos quando demonstra que sim, mulheres também são super inteligentes.

Jodie Whittaker como Doctor


Dialogar sobre a opressão da mulher é essencial para avançarmos como seres humanos, por isso o foco deste especial foi direcionado para séries que visam mostrar como era difícil para nós termos um papel ativo na sociedade. É importante olharmos para essas obras do ponto de perspectiva das protagonistas e comparando com os tempos atuais, assim podemos ver em que avançamos e o que ainda permanece.  Essa conversa precisa ser constante para que, cada vez mais, cheguemos a resultados eficientes.

Essas são algumas das séries que tratam do tema, quais outras você conhece? Deixe um comentário!

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