A Equipe Comenta: Palm Springs (2020, de Mark Barbakow)

Chegando ao streaming do Hulu durante a pandemia do COVID-19, Palm Springs se revelou como uma grande surpresa para a crítica, e muitos já o consideram um dos melhores longas do ano, além de, claro, ser um entretenimento otimista considerando as atuais circunstâncias, o que gerou um grande boca a boca. E já que nada na vida é uno, trazemos o debate para o site neste A Equipe Comenta, onde elucidamos as nossas mais diversas e sinceras opiniões, escritas pelos redatores Igor Motta, Karine Mendes, Léo Costa, Pedro Blattner e Luc Da Silveira. E claro, você, caro leitor, também é mais que bem vindo para escrever as suas próprias impressões na sessão de comentários abaixo. Então não se acanhe: após ler a matéria, nos diga o que gostou e não gostou, sua opinião sobre os rumos que o filme tomou e suas expectativas e previsões para a temporada de premiações.









Luc Da Silveira:





Ao conferir a película, é notável ao espectador que Palm Springs é um projeto feito com muita paixão. E o fato de notarmos com tanta clareza reside na direção de fotografia cuidadosa, na arte charmosa de paleta ensolarada, que, apesar de óbvia, sabe lidar com os sentimentos da audiência. Ambas as categorias técnicas não se sustentariam sozinhas se não fosse pela excelente direção do estreante Mark Barbakow. Sua decupagem é dinâmica e inventiva, carismática e suave, carregando uma mise en scène que se adequa à proposta: uma comédia romântica que envolve elementos de looping temporal.

E repare que, ao dizer que apenas “envolve elementos”, eu diminuo a importância disso para a narrativa. Isso porque, conscientemente, o roteiro de Andy Siara usa o artifício com o intuito de nos fazer adentrar à cabeça dos protagonistas, interpretados por Andy Samberg e Cristin Milioti, numa comédia que sabe ponderar seus momentos dramáticos e românticos. Com isso, Siara e sua escrita habilidosa subvertem as expectativas do famigerado looping de maneira lógica e elegante, trazendo um frescor para esse tipo de narrativa. E, com surpresa atrás de surpresa, será difícil para o expectador não se entregar à criatividade desse longa metragem, que traz à tona reflexões como o peso da rotina, as experiências da vida, relacionamentos românticos e familiares e um certo existencialismo pragmático. E, em quase todos esses assuntos, a obra consegue se desenvolver com naturalidade.
Em todos os seus elementos somados, quando a rodagem chega ao fim, Palm Springs se finca definitivamente como um projeto de amor. Para além do amor romântico, é um projeto de dois apaixonados estudantes de cinema, Barbakow e Siara, que uniram forças para conseguir financiar este grande pequeno projeto de 5 milhões de dólares Com isso, a fita não apenas brinca inteligentemente com três gêneros, como também reivindica nossa atenção para os realizadores do longa, que, com certeza, nos deixarão na expectativa para conferir seus próximos projetos. Fiquemos de olho.
Nota: 8,5
Igor Motta:
Assisti Palm Springs sem nenhuma pretensão e com todo desdém. Terminei surpreendido. Justamente por esse motivo, e torcendo para que os leitores desse comentário tenham uma experiência parecida, não entrarei em detalhes substanciais da produção. Provavelmente haverá um hype em cima desse filme, e meu comentário mais ainda contribuirá para isso, mas é uma das vezes em que há uma porcentagem merecida de burburinhos positivos, pois o filme de fato merece certa atenção e destaque.
Dentro do que propõe, mobiliza gêneros cinematográficos relativamente distintos e os mistura com habilidade. A origem disso está em seu roteiro bem escrito, que é chamativo logo de início e não irrita com segmentos batidos de ambos os estilos que o compõe. Em alguns momentos, a sensação passada é que Max Barbakow e Andy Siara plantam um acontecimento e pedem para você esperar o desenvolvimento correto daquilo antes de revirar os olhos. Por mais que pensemos que será mais do mesmo, o filme possui uma coesão e coerência em seu encadeamento lógico que justifica suas escolhas narrativas.
Outro ponto realmente bom do filme são suas atuações que esbanjam química. Andy Samberg e Cristin Miloti, que logo de cara já carregam o estigma de personagens de outras produções, possuem uma afinidade gostosa de se assistir, muito mais significativa do que muitas combinações de comédias românticas. E o que deixa mais interessante ainda é o humor de, justamente, imaginar a combinação inesperada de universos paralelos em que Jake Peralta e Tracy McConnel são um casal em potencial.
Não é um filme que irá entrar para a história do cinema, ou mesmo revolucionar conceitos e abalar as estruturas cinematográficas, mas um dos poucos lançamentos genuínos de 2020 que carregará o título de “bom” (ou muito bom, talvez). Palm Springs parece ser o sopro de ar fresco necessário para prosseguir com essa metade final do ano quarentênico que mais parece um looping temporal.

Nota: 8
Karine Mendes
“Ever and ever, forever and ever you’ll be the one that shines on me like the morning sun”
É com essa música do Demis Roussos que somos inseridos no filme Palm Springs. E isso logo de cara já me chamou a atenção, mesmo eu indo assistir sem saber muito bem do que se tratava. Assim que a trama nos é apresentada, a letra dessa canção se torna uma sacada inteligente, já revelando sobre um possível casal preso em um loop temporal. Estampando o longa, temos Andy Samberg (mais conhecido por Brooklyn Nine-Nine), como Nyles, que consegue dar o tom certo para o personagem, trazendo aquele seu humor de jeito brincalhão e indo, por vezes, para um lado um pouco mais dramático. E Cristin Milioti (How I Met Your Mother) interpreta de modo instigante Sarah, que é mais do que um simples par romântico. Os outros personagens, apesar de terem seus arcos, não apresentam tanto destaque – ressalva para J.K. Simmons, que faz um papel super divertido -, o foco está realmente em Nyles e Sarah.
Palm Springs veio como uma caixinha de surpresas, já foi comparado com o filme Feitiço no Tempo e até mesmo o mais recente A Morte Te Dá Parabéns, pela sua premissa. Mas o que eu mais achei plausível de comparação é a série Boneca Russa, de Natasha Lyonne. Ambas as obras trazem essa rotina de ficar preso no tempo para um lado bem criativo e com abordagens semelhantes. Palm Springs possui algumas coisas bobinhas (que até funcionam) e deixou outras de lado, que eu gostaria de ter visto. Porém, isso é relativo, o filme continua sendo muito bom de se contemplar.
Nota: 7,5 
Léo Costa:
Tentarei falar pouco para não entregar spoilers, mas Palms Springs é uma das mais agradáveis surpresas desse ano, principalmente se tratando de comédia. O longa sabe seu lugar ao não tentar “reinventar a roda”, mas se apresenta de forma descontraída e divertida, trazendo um clichê bem feito. É um “arroz com feijão” muito bem temperado, feito com apreço aos personagens e ao seu universo apresentado. Destaque para as carismáticas atuações de Andy Samberg e principalmente Cristin Milioti. Essa última rouba o filme para si, sempre que presente em cena. Há algumas interessantes reviravoltas e construções de personagens, nada gritantes, tudo sutil e bem feito. Aliás, existem pequenas subversões de clichês de formas sutis, sem necessariamente ser algo original, mas ainda assim, um tanto “fora da caixinha”. Outros destaques são as excelentes trilha sonora , edição e montagem (que dá um ritmo dinâmico à obra). Simples, divertido, bonitinho e eficiente.
Nota: 8
Pedro Blattner:
Palm Springs é com toda certeza a maior surpresa do ano até agora. O longa dirigido pelo estreante Max Barbakow é engraçado e reflexivo na medida certa. Minhas expectativas para o filme eram altas após a sua excelente recepção no Festival de Sundance em janeiro, ainda mais por contar com Andy Samberg (Brooklyn 99) e Cristin Milioti (How I Met Your Mother) no elenco. Já adianto que a química entre os dois beira a perfeição.
O tema viagem no tempo, ou mais precisamente looping temporal, já foi utilizado de diversas maneiras possíveis no cinema e na tv, se tornando um tema de certa forma saturado. O grande diferencial de Palm Springs é a belíssima construção de seus dois protagonistas, tudo acontece de forma orgânica. O roteirista Andy Siara provou que é possível sim desenvolver personagens em um filme de comédia de 1 hora e 30 minutos de duração. Com excelentes interpretações, incluindo uma pequena participação hilária de J.K. Simmons (Whiplash), Palm Springs é o tipo de longa que você assiste o tempo todo com um sorriso no rosto.
Nota: 10

Notá média da equipe:


Título Original: Palm Springs

Direção: Mark Barbakow

Duração: 90 minutos

Elenco: Andy Samberg, Cristin Milioti, Camila Mendes, Tyler Hoechlin, Meredtih Hagner, J. K. Simons, Tongayi Chirisa

Sinopse: Em Palm Springs, Nyles (Andy Samberg) é um homem relaxado e sem preocupações. Quando em um casamento em Palm Springs ele conhece Sarah (Cristin Milioti), a relutante madrinha do casamento, ele se vê incapacitado de deixá-la ou deixar o local.






Trailer: 





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