Crítica: A Máscara Em Que Você Vive (2015, de Jennifer Siebel Newsom)

A Máscara Em Que Você Vive é um desses documentários necessários e que merecem ser vistos por todos pelo menos uma vez na vida. Com direção da Jennifer Siebel Newsom, o filme aborda a masculinidade tóxica e problemática que está tão inserida na sociedade. Apesar de mostrar uma realidade norte-americana, o que vemos é válido para outros países também.

Para transmitir a temática, as cenas transitam entre entrevistas com profissionais, como educadores, sociólogos e cientistas políticos, e homens que tiveram suas vidas afetadas pela masculinidade (que inclusive são as partes mais emocionantes). Além de exemplificar com trechos de filmes, como O Lobo de Wall Street (2013, de Martin Scorsese), em que o sucesso econômico é a definição do que é ser “másculo”, e outros de ação e super-heróis, que representam a figura masculina como quem guarda sentimentos para si mesmo e se expressa por meio da violência. Quando não é isso, o cara é mostrado como aquele que sai com muitas mulheres e as objetifica, sempre tentando se sobressair como homem e provar sua masculinidade.

Não apenas filmes são abordados, como também videogames, comentando que a mídia possui sim influência no comportamento do ser humano e é preciso cuidado na hora de consumir, como por exemplo prestar atenção na classificação indicativa. O documentário ainda traz estatísticas sobre cada assunto com base em pesquisas feitas nos Estados Unidos, de maneira bem didática.


É muito triste perceber que essa educação do que é ser homem traz consequências irreparáveis. Desde criança, meninos são ensinados a não chorar nem conversar sobre seus problemas, pois isso é considerado feminino e é aí que entra a cultura do machismo, acarretando em misoginia, estupro e homofobia. Há críticas à pornografia e como garotos são submetidos a esse tipo de conteúdo na internet e aprendem sobre sexo de forma errada, mais tarde aplicando esse conhecimento em suas experiências. Um dos motivos pelos quais isso acontece, além da pornografia em si, é a não adoção da educação sexual pelas escolas.

O documentário consegue passar informações como a de que meninos são incentivados a praticar esportes, pois isso mostra sua masculinidade, mas não são direcionados a participarem de atividades ligadas à arte, por exemplo, o que é visto como feminino. Há tanta coisa errada nesses pensamentos, mas infelizmente é algo recorrente na sociedade. Assim vamos vendo como essa construção afeta não somente homens, mas também mulheres, que são vistas como inferiores e muitas vezes meros produtos para satisfação do sexo masculino.

Um outro tema discutido é o da depressão, como os meninos adolescentes começam a se comportar devido a tudo que eles reprimem ao longo dos anos e se tornam doentes sem que pessoas ao redor possam perceber, levando até mesmo ao suicídio. Consequência de atos problemáticos e frases machistas como “seja homem”, “homem não chora”, “não aja como uma mulherzinha” e outras que são ditas aos meninos desde a infância, fazendo com que eles usem máscaras e escondam o que realmente sentem. Isso é referenciado no título original da obra: “The Mask You Live In” ao ser pronunciado soa como “the masculinity” (a masculinidade).


Alguns argumentos inseridos são um pouco rasos, mas creio que a ideia seja conscientizar a população de forma geral e fazê-los refletir, trazendo o debate para a mesa. Sendo assim, o filme faz muito bem o seu trabalho, abordando os males que a construção da masculinidade e a marginalização do que é feminino causa na sociedade.

Atualmente está disponível no catálogo da Netflix, não deixe de conferir!


Título Original: The Mask You Live In

Direção: Jennifer Siebel Newsom

Duração: 88 minutos

Sinopse: Com entrevistas de especialistas e depoimentos de norte-americanos, o documentário busca explorar os problemas da sociedade atrelados à masculinidade e como desenvolver uma geração mais saudável.

Trailer:


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