Crítica: Entre Facas e Segredos (2019, de Rian Johnson)

Uma homenagem a grande escritora Agatha Christie do grande diretor e roteirista Rian Johnson, resultou num dos filmes mais esperados para 2019. Mas qual é, afinal, o veredito de Entre Facas e Segredos?

Com nomes de peso no elenco como Jamie Lee Curtis (famosa pela franquia Halloween, mas você também pode encontrá-la na Sessão da Tarde em Sexta-Feira Muito Louca), Chris Evans (nosso famoso Capitão América no filme de mesmo nome e na franquia Vingadores), Christopher Plummer (os fãs de clássicos e de musicais podem se lembrar dele ao lado da icônica Julie Andrews em A Noviça Rebelde), Daniel Craig (mais conhecido por interpretar James Bond em vários filmes da franquia 007), Toni Collette (muito lembrada pelo seu recente papel em Hereditário), além de outros grandes atores da nova geração; o reconhecido diretor se propôs a criar um filme com uma trama bem elaborada de mistério, mas com toques de dramédia; com muito mais ‘comédia’ do que ‘drama’.

No filme, no dia seguinte após o aniversário de 85 anos de um rico e famoso escritor de romances de mistérios e patriarca de uma grande família, ele é encontrado morto; o que antes foi dado como suicídio, se torna uma complicada e divertida investigação de assassinato, quando um detetive de grande renome é chamado para o caso.
Pros fãs de filmes de mistério e investigação, como eu, o filme é definitivamente um prato cheio. Com muitas reviravoltas, tramas paralelas, e chega a mudar o tom ao passar do longa: começa como uma investigação policial, passa a ser sobre o assassino tentando despistar os investigadores, depois sobre um jogo de chantagem, e termina com uma resolução que você nunca esperaria se não se ater fielmente aos minúsculos detalhes que a trama te dá.

Tudo isso lotado das hilaridades vergonhosas típicas de um família de muitos membros que pensam tão diferente. Na verdade, a única coisa que eles têm em comum é a vontade de pegar a grana do velho.



O roteiro tem uma construção fabulosa; tanto para a trama principal, ou seja, o mistério, que foi tão bem feito, que pode enganar até os fãs mais assíduos do gênero; como para os personagens, que são tão distintos com suas vontades e jeitos cômicos, e o jeito que eles dão para encaixar cada um deles na grande teia da história. Alguns mais que outros, claro; por exemplo, o personagem do Jaeden Martell (conhecido como o Bill jovem de IT – A Coisa), que eu não consigo dizer se ele disse cinco linhas de fala em todo filme, ou sequer lembrar seu nome… 






Ainda falando de comicidade, isso sim o filme também conseguiu fazer de uma maneira brilhante: encaixar piadas e situações engraçadas de um jeito que não ficasse destoante da trama. Algumas piadas estavam em momentos bem tensos do filme, mas você não sente uma quebra de clima, é como se ela se fundisse na situação. Tipo quando tá acontecendo uma coisa bem tensa na sua vida e você ri de nervoso? Nesse estilo. Mas houve momentos bem descontraídos em que nós ríamos com as palhaçadas, propositais ou não, dos personagens e era um alívio cômico perfeitamente colocado. Aprende, Jordan Peele…






Mas o grande destaque vai justamente para a atriz principal, Ana de Armas (que eu carinhosamente apelidei de ‘Emilia Clarke Latina’), que deu vida lindamente ao papel, fazendo a gente se afeiçoar a moça que era enfermeira e amiga do escritor. Você torce por ela durante todo o filme. Fiquei dividido na minha escolha de personagem favorita entre ela ou a vovó.



Queria dar um destaque especial também para os cenários do filme, principalmente, a casa do escritor que é o ponto chave da história. O estilo da arquitetura, as passagens secretas, e a decoração curiosa e que às vezes beirava o macabro; tudo isso traduzia um típico cenário de suspense, que a direção fazia questão de evidenciar, com cenas em que apareciam somente os itens de decoração, e eu fiquei encantado. Era inclusive muito difícil para mim processar que o filme não se passava na Inglaterra, algo típico de Agatha Christie, mas era todo o ar nebuloso e talvez um pouco sombrio que a casa transmitia.






Outro grande destaque são os planos-sequência e os jogos de câmera, que sem dúvida ajudam na construção do clima nesse tipo de filme, e o Rian fez com uma maestria sem igual. Fosse no zoom incisivo dado no rosto dos atores durante os interrogatórios para ilustrar o sentimento daquele momento, ou a repetição do zoom em objetos decisivos para história, literalmente ou figurativamente, até o jeito que a câmera se movimentava acompanhando algum personagem durante alguma peripécia que ele tramasse ou durante as confusões da família.







Enfim, esse filme criou um grande hype, seja pelo elenco, pela direção, ou pela proposta do roteiro; e eu fico muito feliz e satisfeito em dizer que, para mim, ele cumpriu tudo certinho. A maior parte do elenco de renome brilhou, o roteiro entregou uma trama com um ótimo mistério e piadas bem colocadas, e a direção amarrou todas essas pontas numa atmosfera rica e totalmente imersiva.


Estão todos de parabéns, e se você ainda não viu, com certeza vale sua conferida.

Honrou o nome da Dona Christie.





Título Original: Knives Out



Direção: Rian Johnson



Duração: 130 minutos



Elenco: Ana de Armas, Chris Evans, Christopher Plummer, Daniel Craig, Don Johnson, Jaeden Martell, Jamie Lee Curtis, Katherine Langford, Lakeith Stanfield, Michael Shannon e Toni Collette.



Sinopse: Após comemorar 85 anos de idade, o famoso escritor de histórias policiais Harlan Thrombey é encontrado morto dentro de sua propriedade. Logo, o detetive Benoit Blanc é contratado para investigar o caso e descobre que, entre os funcionários misteriosos e a família conflituosa de Harlan, todos podem ser considerados suspeitos do crime. 



Trailer:



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