Crítica: Cine Majestic (2001, Frank Darabont)



Cine Majestic é um filme de 2001, do diretor Frank Darabont, conhecido principalmente por filmes como A Espera de um Milagre e Um Sonho de Liberdade, que foram indicados ao Oscar de Melhor Filme. Em Cine Majestic, o diretor francês trouxe para as telas o famoso Jim Carrey, que já era conhecido  na época por O Show de Truman, em que havia vencido o Globo de Ouro de Melhor Ator de Drama.



Neste filme, o diretor se utiliza do contexto do pós Segunda Guerra Mundial para ilustrar as consequências deste conflito na famosa Los Angeles e como a política influencia nos filmes. Além de mostrar também como o conflito mudou a vida de inúmeras pessoas que perderam entes queridos, nas cidades interioranas.

O longa conta a história de Peter Appleton (Jim Carrey), um jovem roteirista de Hollywood que luta por conseguir evoluir em sua carreira, até que um dia é acusado de ser comunista. Ele, desesperado pelas consequências de tal acusação, sofre um acidente que acarreta na perda de sua memória e o leva a uma cidade do interior da Califórnia, onde é confundido com um soldado da guerra até então desaparecido e muito querido na cidade.






Cine Majestic, apresenta durante toda a trama um caráter de comédia dramática que se evidencia pela brilhante e extravagante atuação de Jim Carrey, que dá vida a um personagem extremamente expressivo, o que em alguns momentos o torna cômico até o nível “vergonha alheia”. 

O filme de modo geral, pode ser considerado com duas vertentes, uma que traz este nível cômico a trama, repleto de cenas surreais e até extremamente clichês, onde desde o início já é possível saber o que acontecerá no fim da narrativa.


E outro aspecto extremamente ambíguo, que nos traz a tensão da trama e até uma dúvida se realmente compreendemos tudo que está acontecendo, porém o roteiro apresenta ganchos completamente antagônicos que podem mudar completamente como a trama será direcionada para este desfecho, e isso sim prende o espectador.

Outro aspeto que nos prende, com certeza é o caráter humano da narrativa, repleto de situações dramáticas e emocionantes, a volta do filho depois de anos perdido, a importância do retorno de um soldado para uma cidade marcada pela guerra, os sentimentos e a história do protagonista com certeza prendem o espectador.


Além disso, o longa de Frank Darabont também traz em sua composição uma crítica ao governo americano durante a Segunda Guerra Mundial, apresentando durante toda a trama este aspecto político que rodeia a narrativa, que é o principal motivo de tudo que motiva os personagens, sem o deixar massante e cansativo. O cansaço do longa pode vir muito mais pelo fato de o filme ter uma duração de duas horas e meia do que devido a complexidade política da trama.

A crítica ao governo é feita principalmente voltada as liberdades democráticas apresentadas pelos Estados Unidos, escancarando o patriotismo do longa e até a busca pelos direitos pelo próprio personagem diante do parlamento, essa é uma cena icônica que vale a pena conferir.


Por último, mas não menos importante, há a presença do cinema no longa, Cine Majestic começa sua trama trazendo para o público um cenário de crítica, ao método comercial dos filmes de Hollywood, aspecto que rapidamente se altera, pois logo em seguida nos mostra a importância e paixão de todos pela 7ª Arte, o quanto ela une pessoas, o quanto pode transmitir ideologias e o quanto  o cinema é importante individualmente e socialmente.

Não é à toa que o nome do longa é Cine Majestic, pois este é em grande parte o foco dramático da história, a reconstrução do cinema local e a volta deste a funcionar. Nesta cena incrível pode-se ver a união de um povo em prol de um bem comum, em uma nova guerra naquela cidade, a de reunir o povo para algo que amavam fazer e que lhes foi tirado, os filmes. É nesta cena também que somos apresentados a um belíssimo discurso do ator Martin Landau sobre este impacto do cinema nas pessoas e do porque assistir a filmes em uma sala de cinema e não em uma televisão em casa. Confira abaixo um pequeno spoiler desse lindo discurso:

“… Você podia estar com problemas, mas, assim que entrava aqui, eles deixavam de ser importantes. E sabe por quê?  Charles Chaplin. E Keaton, e Lloyd. Garbo, Gable e Lombard. E Jimmy Stewart, Jimmy Cagney.  Fred e Ginger. Eles eram deuses! E viviam lá em cima. Era como o Olimpo. Nos sentíamos afortunados por estar aqui. Por ter o privilégio de assistir a eles. Por que ficar em casa olhando pra uma caixa? Conveniência? Porque você não precisa se arrumar? Acha que isso é entretenimento? Sozinho na sua sala de estar? Onde estão as outras pessoas? Onde está o público? Onde está a magia? Eu lhe digo. Num lugar como esse, a magia está em toda parte. O segredo é enxergá-la.”
Assim, apesar de ser um filme repleto de clichês, Frank Darabont também consegue inovar e nos trazer críticas sociais muito necessárias, nos apresentando de forma incrível o desenvolvimento destes personagens e a evolução do cinema e a mudança de suas ideologias.

Para qualquer um que ame cinema e assistir a filmes, este é um que não pode deixar de entrar na sua lista, e tenha certeza que você vai chegar aos créditos querendo assistir muitos outros filmes que são sitados nele.




Título Original: The Majestic

Direção: Frank Darabont

Duração: 152 minutos

Elenco: Jim Carrey, Martin Landau, Laurie Holden.


Sinopse: Acusado de comunista, um roteirista de Hollywood tem sua carreira arruinada. Ele sofre um acidente que o deixa sem memória e o leva a uma pequena cidade, onde é confundido com um herói de guerra.



Trailer:

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