Crítica: A Vila (2004, de M. Night Shyamalan)

Talvez um dos fatores que mais contribuíram para a incompreensão desse filme seja o fato da alta expectativa criada pelo público depois do grande sucesso O Sexto Sentido do mesmo diretor. Talvez os fãs esperassem um novo final impactante e uma reviravolta tão bem sucedida com tal. Mas, há muito o que ser analisado para formar uma opinião sobre, então vamos lá… 


Com a ideia central de reconstituição de uma comunidade o filme transmite algumas reflexões de cunho filosófico, trazendo metáforas e alegorias, isso porque o diretor é muito conhecido por trazer esse método em seus filmes. Em 1897, um pequeno vilarejo localizado em uma imensa floresta isolada do mundo, pessoas vivem em uma sociedade com regras específicas. Juntamente com isso, são influenciados a temer uma espécie de criaturas denominada de “Aqueles de Quem Não Falamos”, que vivem em torno dessa mesma floresta.  





Essa lenda foi criada especialmente para os moradores não se deparassem com a veracidade do mundo. Para tanto, os moradores eram proibidos de cruzar essa fronteira que cercava a vila, até porque assim eles permaneceriam longe da sociedade, o que agradava os criadores de tal condição. Antes de tudo, já haviam pessoas inconformadas com esse fato, como Lucius Hunt (Joaquin Phoenix), que pede autorização para cruzar essa fronteira em busca de remédios, já que acontecimentos trágicos já haviam acontecido. Mas o estopim de tudo isso, é quando, Lucius é gravemente ferido por Noah Percy (Adrien Brody), um deficiente mental que nutre uma paixão por Ivy Walker (Bryce Dallas Howard), uma jovem cega, que está justamente apaixonada por Lucius, o que desencadeia ciúmes, deixando uma situação bem dramática. 


Não restando nenhuma outra alternativa, a moça pede autorização para adentrar a floresta proibida, em busca de remédios para salvar a vida de seu futuro esposo. O simples fato dela ser cega, deixa o clima de suspense muito maior, já que é uma dificuldade a mais, o que deixa o clima sufocante. 




O maior subsídio do filme é causar reflexões sobre o poder das manipulações das religiões e principalmente o medo como método para a manutenção da sociedade nessa vila. Ou seja, lendas são criadas para manter instabilidades e assegurar situações exatamente como o filme mostra. Se pode analisar muitas questões, mas a relação com o Mito da Caverna de Platão é bem iminente. Mas qual a relação? 


As pessoas da Vila que são simplesmente enganados pelos outros são como os homens acorrentados, denotado por Platão e esses sentidos afastam do pensamento racional. Porém, ao se analisar o fato da única personagem com deficiência visual, ao descobrir o segredo da vila, mostra que não se é necessário o uso dos sentidos para assim se ter a racionalização, exatamente o que Platão implementava a muito tempo atrás, o que é claramente um paralelo com a própria humanidade que acredita no resgate. 




Com uma atmosfera bem construída e um clima que oscila entre o suspense e o romance, o longa tem seus méritos por ser uma obra bem de caráter pessoal e que multiplica pensamento e ao mesmo tempo faz pensar. Suas metáforas são bem encaminhadas e bem apresentadas, qualificando muito a questão da manipulação durante boa parte do desenrolar da história.  

Dessa forma, se tu busca apenas um filme de terror/suspense essa não é a melhor opção, já que é trabalhado em sua grande parte metáforas e filosofias, embasando reflexões boas ao seu final. É considerado umas obras precursora do “gênero” terror psicológico com nuances de tensão,  se contemplando numa história graciosa com sutis momentos de horror que merece ao seu fim ser enaltecido


Título Original: The Village

Direção: M. Night Shyamalan

Duração: 108 minutos

Elenco: Bryce Dallas Howard, Joaquin Phoenix, Adrien Brody, William Hurt, Sigourney Weaver, Brendan Gleeson, Cherry Jones, Celia Weston, John Christopher Jones, Frank Collison, Jayne Atkinson, Judy Greer, Fran Kranz, Jesse Eisenberg, Michael Pitt. 
Sinopse: Em 1897 uma vila parece ser o local ideal para viver: tranquila, isolada e com os moradores vivendo em harmonia. Porém este local perfeito passa por mudanças quando os habitantes descobrem que o bosque que o cerca esconde uma raça de misteriosas e perigosas criaturas, por eles chamados de “Aquelas de Quem Não Falamos”. O medo de ser a próxima vítima destas criaturas faz com que nenhum habitante da vila se arrisque a entrar no bosque. Apesar dos constantes avisos de Edward Walker (William Hurt), o líder local, e de sua mãe (Sigourney Weaver), o jovem Lucius Hunt (Joaquin Phoenix) tem um grande desejo de ultrapassar os limites da vida rumo ao desconhecido. Lucius é apaixonado por Ivy Walker (Bryce Dallas Howard), uma jovem cega que também atrai a atenção do desequilibrado Noah Percy (Adrien Brody). O amor de Noah termina por colocar a vida de Ivy em perigo, fazendo com que verdades sejam reveladas e o caos tome conta da vila.

Trailer:

Qual sua opinião sobre o filme? Não deixe de seguir nossas redes sociais.

2 thoughts on “Crítica: A Vila (2004, de M. Night Shyamalan)”

  1. Adorei este filme, principalmente, a atmosfera sufocante que o diretor conseguiu criar ao longo de quase toda a obra. Também não percebi porque o filme foi tão injustiçado quando estreou, a explicação deve ser realmente as elevadas expetativas em relação ao diretor. Uma pena…
    Mundo da Fantasia

    1. Oi, obrigado pelo comentário. Então, o filme cria uma excelente clima e o diretor orquestra com magnitude. Infelizmente, expectativa é algo que não se pode levantar tanto, pois você acaba se frustrando algumas vezes haahah. Enfim, continue seguindo nosso site.

Deixe uma resposta