Crítica: Escola de Solteiras (2019, de Luis Javier M. Henaine)

Términos são difíceis e têm sido tema de muitos filmes, como Alguém Especial e Como Superar um Fora, ambos lançados no início do ano pela Netflix. Agora, a plataforma traz a nós Escola de Solteiras, que tem como premissa ser mais um daqueles filmes que nos ajudarão a seguir em frente quando temos o coração partido, todavia seu segmento não se dá da forma que se espera.

O longa mexicano segue Ana, uma mulher que, no fim de seus vinte anos, está solteira. Seu ex-namorado, Diego, não queria pedir sua mão em casamento, e, em um casamento no qual eles vão juntos, ela sugere que se ele não o fizer, ela terminará com ele. Em vez de acontecer como ela gostaria e Diego pedir a sua mão, ele termina com ela por achar que isso seria melhor para os dois, já que ele, ao contrário dela, não gostaria de se casar, e Ana fica desolada.

Seis meses após o acontecimento, ela ainda não superou o ex, e as coisas pioram quando, na festa de aniversário de casamento de seus pais, descobre que uma de suas primas vai se casar e havia começado a namorar há apenas três meses. Por essa história não fazer muito sentido para Ana, ela vai atrás da prima e descobre o seu segredo: ela fez um curso para que fosse pedida em casamento.
Embora ache a ideia estúpida a princípio, Ana decide se inscrever nessa escola de solteiras, onde Lucila, uma mulher que já foi casada sete vezes, dá conselhos a mulheres sobre como se vestir, se portar e agir para se casarem rapidamente, e a partir daí a história vai tomando forma.

Em filmes atuais com essa temática, é comum o objetivo de mostrar como uma mulher não precisa de um homem para ser feliz, e acreditei que Escola de Solteiras fosse seguir o mesmo caminho – afinal, para muitas mulheres no século XXI, não faz sentido viver atrás de um homem e correr atrás de uma aliança. Não me entenda mal, o filme segue, sim, essa temática, ou ao menos tenta; o problema principal foi a má execução dela, que fez parecer com que não houvesse moral alguma no fim da história.

Durante todo o longa, Ana sai com vários caras e segue, ou não, as dicas de Lucila para fazer com que o relacionamento dê certo com algum deles. Em vez de ser quem ela é, todavia, Ana tenta o tempo todo agradar os homens com quem ela sai, por mais que ela não esteja assim tão afim deles. Aparentemente, para a personagem, o mais importante é não ficar sozinha e ter um casamento ao invés de estar com alguém de quem ela goste de verdade e que vá acrescentar, de fato, à sua vida.
O ponto positivo que se pode encontrar na história é ver, através de certas personagens secundárias, como relacionamentos são mais difíceis do que parecem ser. Os anos passam e as coisas mudam, nem tudo são flores como parecem ser, e é interessante ver Ana num processo de compreensão da realidade, por mais que ela não pareça lidar bem com isso em momento algum da trama.

Pode ser que alguns dos problemas apresentados pelo filme tenham se dado – não exclusivamente, mas também – pelo fato de ter sido dirigido por um homem, e não uma mulher. Luis Javier M. Henaine, diferente de Jennifer Kaytin Robinson em Alguém Especial e Joanna Lombardi em Como Superar um Fora, conduz a história da protagonista sem saber por onde ir, que caminhos tomar para alcançar seu objetivo, e quando o filme acaba, parece que o final foi jogado porque precisava ser daquela forma, e não por fazer sentido. As atitudes e os pensamentos de Ana não condizem com o que nos é dado como conclusão, e, como já foi dito, nenhuma lição é transmitida. Por isso, Escola de Solteiras parece apenas uma bagunça de momentos por vezes engraçados, mas que não convencem.
Em geral, as atuações estão boas. Cassandra Ciangherotti faz bem o papel da garota egoísta, egocêntrica, invejosa e desesperada por amor, mesclando a chatice de sua personagem com alívios cômicos, e carrega o filme com leveza, de modo que dê para assisti-lo apesar de todos os seus problemas. Os outros atores, mesmo sem ter tanto tempo de tela por suas personagens serem desenvolvidas, também fazem bem seus papéis e seguram bem a trama.

Sendo assim, por mais que Escola de Solteiras seja um filme divertido em algumas partes, isso é tudo o que ele consegue ser. Definitivamente não vale a pena ser assistido mais de uma vez, talvez nem uma, mas essa for a única opção de filme disponível, não é horrível o bastante para ser descartado. Infelizmente, não há uma sensação de “eu realmente acredito que posso ser feliz sozinha” no final. A condução da história é mal feita e não tem nada demais nele que outros filmes da mesma temática não trazem de uma maneira mil vezes melhor.
Título Original: Solteras

Direção: Luis Javier M. Henaine

Duração: 95 minutos

Elenco: Cassandra Ciangherotti, Juan Pablo Medina, Gabriela de la Garza, Mariana Cabrera, Irán Castillo, Sophie Alexander-Katz, Flor Eduarda Gurrola, Pablo Cruz, Diana Bovio, Andrés Almeida, entre outros.

Sinopse: Ana pretendia casar com seu namorado, mas o relacionamento acabou. Após isso, Ana começa um curso para conseguir um marido e aprende mais do que nunca como arrumar um partido.

Trailer:

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