A Equipe do Blog Comenta: Parasita (2019, de Bong Joon-ho)


É notável como nos últimos anos, o cinema-sul coreano vem rendendo ao cinema nacional e internacional, dando bons frutos com produções excelentes e de qualidade, não só de roteiro como também interpretação e efeitos especiais. Um dos filmes que podemos chamar de “abre alas” dessas produções foi Invasão Zumbi, de 2016, filme excelente e que nos trás uma nova visão da temática zumbi. Se ainda não assistiu, eu garanto que você irá gostar. Temos também A Vilã, filme de ação que não deixa a desejar para aqueles que gostam de um tiroteio e vingança e mais recentemente me deparo com Parasita, que julgo ser um dos melhores filmes feitos em 2019. Caso tenha interesse, leia nossa crítica, e como não podia deixar de ser, a equipe resolveu fazer um especial, porque convenhamos, merece!

Leonardo Costa:

Existem dois fatos inegáveis: o cinema sul-coreano está em alta e o diretor Bong Joon-ho é um dos maiores cineastas do momento. Ele já entregou os sólidos O Hospedeiro, Okja e O Expresso do Amanhã, dentre outros. Agora ele ataca novamente com o impressionante Parasite. Uma família pobre começa a se infiltrar como empregados em diferentes áreas na mansão de uma família rica, com a esperança de usufruir um pouco da “boa vida”. Eles farão qualquer coisa para chegar onde querem, fato que os colocariam numa posição de vilões, mas não é bem assim.

O roteiro é genial ao abordar o lado obscuro de todos, mas sem deixar de humanizar essa família “parasita”, por assim dizer. Existem motivações para eles fazerem isso e a família rica não colabora muito, na verdade eles são detestáveis, mesmo que inicialmente fossem ser “vítimas” de aproveitadores. Com um malabarismo impressionante que passa por gêneros, o filme brinca e flerta com o drama (focando no emocional das figuras centrais), a comédia (sempre em tons ácidos e sarcásticos) e o suspense (crescente e cada vez mais nervoso, chegando a um final chocante).

Parasite é brilhantemente dirigido por Bong Joon-ho, com um ritmo frenético, ângulos de câmera inspirados, um senso estético perfeccionista, com uma mise en scène que ajuda a compor as metáforas e críticas sociais que permeiam o sagaz e feroz enredo. O filme desafia a sua mente a se questionar sobre situações do cotidiano, como um soco na mente, te causa desconforto e aqui se discute a tal meritocracia e as diferenças de classe. A burguesia é suja e o pobre que quer ser rico terá que se sujar também. E mesmo que um rico ou patrão fique feliz com sua melhoria na vida, como não saber que aquilo é falso e na verdade ele se sente ameaçado? Obra impressionante, uma das melhores do ano até então!

Nota: 9,5

Obs: fique longe da bela família feliz, cidadão de bem com dinheiro e casarão, que só quer pagar seu estilo de vida e mantê-lo assim, fique bem longe…

Natália Vieira:



O que define moral? Não matar, não roubar, não mentir? O que nos faz ser bons ou ruins? Baseados em que leis morais podemos nos submeter a tais regras? Digamos que vemos uma ótima oportunidade em nossa frente e tudo o que precisamos fazer para conquistá-la é contar uma mentirinha. Nada muito grave, apenas o necessário para sermos escolhidos. Bom, essa é a ideia que entra na mente do nosso personagem Ki-Woo (Choi Woo-shik), um rapaz muito inteligente, mas que não teve oportunidades muito boas na vida por vir de uma família pobre. Ele e sua irmã são capazes de muitas coisas mas seus pais, que deveriam ser os provedores, vivem de uma maneira preguiçosa e sobrevivem de pequenos bicos, bicos esses que eles ainda tentam levar de qualquer maneira, se achando no direito de trabalhar e fazer o que foi pedido da maneira que eles quiserem fazer.



Quando Ki-Woo recebe uma oportunidade de ganhar um bom dinheiro como tutor da filha de um jovem casal rico, ele então percebe que pode infiltrar toda sua família ali, fazendo com que todos usufruam da vida boa dessa família. E com pequenas artimanhas, ele e sua irmã Ki-jeong, juntamente com seus pais, conseguem empregos na casa. Mas o que era a solução dos seus problemas se torna um grande caos quando eles descobrem que não eram os únicos a usufruir da boa vida da família.



Parasita é simples e ao mesmo tempo profundamente estressante, pois nos mostra dois extremos de uma sociedade que vive lado a lado. Mesmo tendo um bom convívio, os patrões não os veem como iguais, sempre tem um comentário ou algo que deixe claro o “lugar” que eles pertencem.



Percebemos que mesmo eles fingindo serem alguém mais alto que suas próprias classes sociais, ainda não é suficiente para ter o respeito que eles tanto precisam. A realidade é algo muito dura e faz com que todos sofram de uma forma ou de outra. Não acredito que eles sejam más pessoas, eles apenas aproveitaram uma oportunidade e a agarraram. Voltamos então para as questões morais. O filme nos faz questionar muito o que é certo e errado e quando ele acaba, parece que um vazio nos enche.
Nota: 9,5



Karine Mendes:



Se destacando de longe como um dos melhores filmes de 2019, o sul-coreano Parasita aborda magistralmente um estudo sobre as consequências do capitalismo, dando ênfase à terrível desigualdade social e sua influência nos indivíduos. O longa traz uma crítica política enquanto nos mantém sempre engajados na trama. Isso acontece dentro de uma narrativa crescente, que vai nos surpreendendo cada vez mais, ainda ligando doses de humor ao suspense, chegando até ao horror.

Tudo que aparece no cenário, foi construído especialmente para o filme. O design de produção e a fotografia são perfeitos e dão corpo às cenas que ficam em nosso pensamento. A trilha sonora atribui um toque especial, as músicas aparecem com maestria no momento certo. As atuações excepcionais, fazem jus ao roteiro bem elaborado, com destaque para o ator Song Kang-ho, que entrega mais um trabalho formidável e se consagra como um dos melhores da atualidade. O mesmo acontece com o diretor, Bong Joon-ho, que já nos presenteou com outras obras excelentes e fez com que Parasita fosse ainda melhor, unindo o que há de mais especial em seus filmes. Viva o cinema coreano!

Nota: 10


Pedro Blattner:

Joon-Ho Bong chega ao ápice de sua carreira com Parasita, diretor dos excelentes O Expresso do Amanhã e O Hospedeiro, e que aqui faz uma baita crítica à divisão de classes, contando com a ajuda de um elenco afiado e um roteiro magnífico, escrito pelo próprio diretor juntamente com Jin Won Han.

O plot do filme fisga o espectador logo de imediato, uma família pobre que percebe a grande chance de subir na vida infiltrando-se como funcionários na casa de uma família rica. A maneira com o que isso acontece é impressionante, é de cair o queixo como todos os personagens são complexos, profundos, existe uma dualidade em cada um que é impressionante, ninguém é o que parece ser, ao decorrer do longa as nuances de cada um vão ficando cada vez mais evidente para o público.

O elenco é fantástico, todos estão bem, com destaques para Park So-dam e Cho Yeo-jeong. Parasita é até agora o melhor filme do ano e com certeza um dos grandes favoritos ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com todos os méritos. Vale a pena cada segundo assistido. Imperdível!

Nota: 10



Nota média geral:




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