Crítica: Projeto Gimini (2019, de Ang Lee)


Em uma época onde todos os grandes estúdios estão lançando remakes, adaptações e continuações de filmes antigos, vem o estúdio Paramount Pictures disposto a se arriscar. Com um roteiro baseado em uma ideia de Darren Lemke e um enorme orçamento em efeitos especiais, eles realizaram o que pode ser considerado o filme mais tecnologicamente impressionante da história de Hollywood. 



Ang Lee, o diretor e ganhador do Oscar por filmes como As Aventuras de Pi, O Tigre e o Dragão e O Segredo de Brokeback Moutain, entre outros clássicos, pode ser o total responsável pela inovação, graças a sua tendência em aprimorar o jeito de contar histórias,  indo sempre ao limite e além do que é considerado possível. Eles conseguiram provar que a tecnologia de hoje já é capaz de fazer o que muitos achavam impossível… Mas então, como o longa conseguiu tantas críticas negativas?

O longa, que não tem qualquer relação com a série americana de mesmo nome de 1976, trouxe para o público, uma verdadeira trama de ação com aspectos de blockbusters. Apostando ainda com a presença do ator Will Smith e de algumas inusitadas inovações tecnológicas.

O longa retrata a história do melhor assassino profissional do governo americano que tem o desejo de se aposentar. Porém, após ser contratado para matar um inocente, ele acaba sendo enganado e perseguido pelo Projeto Gemini, associação que busca a realização de experiencias com clones, assim, Henry é perseguido por Junior, uma versão mais jovem de si mesmo.



O roteiro estava em desenvolvimento a mais de 20 anos, desde o surgimento da ideia e dos primeiros rascunhos por Darren Lemke em 1997. A única coisa que faltava era o avanço tecnológico e um diretor ousado para por a ideia em ação. Em outras palavras, Projeto Gemini é um filme que sempre esteve lá, mas que a tecnologia não estava. Por isso não foi surpresa para todos quando o Tailandês Ang Lee foi chamado para dirigir o longa. 
Este foi seu 15º filme, no qual inovou tecnologicamente ao utilizar da captação de movimentos do próprio Will Smith, adicionados a uma série de ajustes gráficos para a criação do personagem Junior, e apesar deste não ter sido o primeiro filme a fazer um ator totalmente digital, este foi o primeiro a fazer isso com um personagem quase principal, que esta falando ou fazendo algo por um grande tempo de tela no filme, técnica que custou bem mais do que contratar um outro ator.

Está técnica também pode ser encontrada em filmes como Curioso Caso de Benjamin Button (2008), Tron: O Legado (2010), Capitão América: Guerra Civil (2016), entre outros, que a utilizaram para o mesmo fim, alterar a aparente idade de um ator nas telonas, porém nestes filmes isso foi feito em apenas algumas pequenas cenas.

Além disso, a tecnologia mundialmente conhecida pelo filme de Peter Jackson em O Hobbit, que utilizou de uma gravação em 48 quadros por segundo, também foi utilizada por Ang Lee em Projeto Gimini, que foi seu segundo filme filmado em HFR (High Frame Rate), 3D; onde o primeiro do diretor, foi o primeiro filme da história a ser feito dessa maneira: A Longa Caminhada de Billy Lynn, (2016).

Em Projeto Gimini, foi feita uma parceria com a Paramount 3D+, buscando a alta definição de movimentos e uma projeção que deveria ser feita em três dimensões, com o uso de uma câmera em 3D + 4K, aumentando a frequência de quadros para 120 quadros por segundo, fator que proporciona uma maior sensação de profundidade, porém, que pouco pode ser apreciada, pois de acordo com o site Collider, nos EUA, apenas 14 salas conseguirão exibir o filme nesta proporção e no Brasil, todas as 430 salas que exibiram o longa, apenas conseguiram faze-lo em 60 FPS.
Mas infelizmente nem toda a tecnologia, experiência do diretor e de sua equipe puderam salvar a confusão que foi a trama de Projeto Gemini, que foi roteirizado por três distintos roteiristas, oriundos de projetos e gêneros completamente diferentes do encontrado no longa de Lee, sendo estes: David Benioff, conhecido por roteirizar alguns episódios e principalmente a última temporada de Game of Thrones (2019), Andrew Niccol, conhecido por filmes como O Preço do Amanhã (2011), O Show de Truman (1998) e O Terminal (2004) e Jonathan Hensleigh, conhecido principalmente por Jumanji (1995) e Armageddon (1998).
Infelizmente, o resultado desta união foi catastrófico, onde nos deparamos com um roteiro simplista, com diálogos repetitivos e sem interesse que nada acrescentam a trama, com escolhas contraditórias dos personagens,  além dos diversos personagens desnecessários que só estavam lá para “tapar buraco” e para a história ir para a frente e onde a verdadeira moral do filme se perde em meio aos efeitos visuais.

Porém, o filme possui diversas cenas de ação intensas que são de tirar o fôlego, principalmente a perseguição de Will Smith adulto e Will Smith jovem, e a luta mão a mão nas catacumbas, que contando com 120 FPS, deram um aspecto de videogame a trama, evidenciado pelo uso de alguns slow motions. Além disso, o longa possui belíssimos planos abertos e panorâmicos de cidades europeias e latinas como Budapeste e Colômbia.


Apresentando estes diversos erros de roteiro e erros gráficos em aparições do personagem Junior, o longa recebeu ainda diversas reclamações, como por exemplo no site Rotten Tomatoes, o filme recebeu um percentual de apenas 20% de aprovação, além disso, o longa já conta com mais de 240 críticas até o momento, contando com opiniões por exemplo do The Hollywood Repórter, que afirmou ser um filme bobo, sem profundidade e pouco exigente.

Apesar de todas as criticas negativas, o produtor do longa Jerry Bruckheimer, já afirmou a imprensa que existe a possibilidade do filme ganhar uma sequência, e que isto depende apenas da reação e presença do público nos cinemas. 

Se este filme é um desejo por atenção e relevância de Ang Lee, ou uma obra ousada com uma porta para inovação tecnológica, cabe a você decidir. Projeto Gimini está hoje nos cinemas.





Título Original: Gemini Man

Direção: Ang Lee

Duração: 117 minutos

Elenco: 

Will SmithMary Elizabeth WinsteadClive Owen


Sinopse: Henry Brogan é um assassino de elite que se torna o alvo de um agente misterioso que aparentemente pode prever todos os seus movimentos. Ele logo descobre que o homem que está tentando matá-lo é uma versão mais jovem, rápida e clonada de si mesmo.


Trailer:



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