Crítica: Coringa (2019, de Todd Phillips)


Como deve ser para os ricos verem os pobres se levantando contra o sistema, cansados de serem tratados como lixo? Como a sociedade e o meio onde habitam levam a pessoa à loucura? Como um doente mental se porta no meio dessa confusão? O que precisa ser feito para que a sociedade não exploda? Coringa, de Todd Phillips, discute exatamente esses e mais alguns pontos de uma sociedade à beira de um colapso.


Gothan vive uma crise jamais vista, a população pobre está cansada de ser tratada apenas como a escória da sociedade, falta pouco para que o caos seja instaurado, e é exatamente este mundo de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), um cidadão pobre, com uma doença mental, que trabalha como palhaço e comediante para sobreviver neste mundo quase caótico. Logo no começo do filme, nota-se que Arthur Fleck possui uma vida normal como qualquer outro, o que o diferencia é sua condição mental, ele sofre da Síndrome do Riso Patológico, pessoas que possuem essa doença riem descontroladamente e não necessariamente representam seu sentimento naquele momento, no decorrer do filme, pode-se notar que suas risadas tem um significado diferente: raiva, felicidade, tristeza, ansiedade e até mesmo a morte, e trabalha como palhaço para pagar as contas e manter seu tratamento.


Durante o longa percebe-se que à todo momento, Arthur se encontra em conflito com questões como: porque sofro bullying? Porque sou a piada? Porque a sociedade está assim? Porque nada muda? Esses são apenas alguns dos gatilhos para que surja a verdadeira face do Coringa.


A atuação de Joaquin Phoenix mais a direção de Todd Phillips resultaram em um Coringa único, claro, possui alguns traços dos antecessores nesse papel como Heath Ledger, Jack Nicholson e Cesar Romero, mas há muito tempo não se via um Coringa com tantas camadas bem trabalhadas, com tanto conflito, sentimentos, insanidade e não podia faltar: caos. Joaquin Phoenix subiu o nível e será lembrado por isso. Uma das cenas memoráveis e que culmina na construção do personagem até o seu resultado final, é a cena da entrevista com o apresentador do Talk Show, Murray Franklin (Robert De Niro), e o final, onde vemos toda a construção do vilão, seus objetivos, princípios e conflitos, resultando no personagem que conhecemos. As jogadas de câmera com foco no Joaquin Phoenix em destaque, merecem um crédito pois são nessas cenas que podemos ver os conflitos que o personagem passa no decorrer do filme. É tão intenso que chega a ser perturbador.




A fotografia, ambientação e efeitos especiais do filme lembram muito a série Gothan, de Bruno Heller, mostrando uma cidade bucólica, focando na sociedade pobre com altos índices de violência e desemprego, com uma pobreza sem precedentes. A trilha completa esse cenário com tons pesados, sufocantes que uma cidade desse tipo tem que ser. O longa possui várias referências às histórias do Coringa, Piada Mortal, O Homem que Ri, Batman – O Cavaleiro das Trevas. Apesar de ser um filme do Coringa que espera-se muita ação e caos, o filme, por ser uma origem, começa um pouco mais devagar, ele apresenta os personagens, seus conflitos, suas missões, para depois do meio para o final do filme, a ação ser caótica e entregar ao expectador muito mais do que o esperado.  



Sabe-se que o longa levantou preocupações por conta de vários questionamentos políticos, econômicos, de saúde, bullying e caos, incentivando, justificando e até enaltecendo as ações do vilão. O filme retrata até que ponto um cidadão comum vai para ver o caos instaurado, ou melhor, o circo pegar fogo.


Um filme que discute muito bem esse tema é o V de Vingança, de James McTeigue, em vários momentos, pode-se notar que os enredos são bem semelhantes.

Coringa é um filme que vai gerar conflitos, é esta a proposta do longa, conflitar com os ideais de uma sociedade à beira de um colapso e mostrar o resultado da escolha de um simples cidadão contra o sistema.






Título Original: Joker

Direção: Todd Phillips

Duração: 122 minutos


Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz

Sinopse: Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos e, toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido aos seus conhecidos problemas mentais. Após ser demitido, Fleck reage mal à gozação de três homens em pleno metrô e os mata. Os assassinatos iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) é seu maior representante.
Trailer:




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