Sabe aquela história bonitinha daqueles casais que se conhecem desde novinhos e acabam iniciando um namoro ainda adolescentes e aquele namoro se torna algo mais sério para os dois, até o momento em que eles acreditam que ficarão juntos para sempre, devido a tantos anos já juntos?
O filme caminha pelas incertezas de nosso casal, principalmente de Anna, e nos faz refletir sobre como os relacionamentos tendem a não corresponder à nossa natureza humana. A monogamia ou o pleno exercício dela é, sob um ponto de vista puramente lógico, algo não condizente com o fato de sermos humanos. O fato de estarmos com uma única pessoa pelo resto de nossas vidas e abdicar de outras experiências anula nosso lado mais animalesco, uma vez que, em tantos casos, o relacionamento cai na rotina e a tendência de querer experimentar as mais diversas situações (seja com o parceiro ou não) acaba vindo à tona.
Com tantas milhares de pessoas incríveis no mundo e tantas possibilidades de vivermos todos os tipos de amores, qual o sentido da monogamia? Sei que posso estar sendo muito dura, mas o filme nos leva exatamente a isso e se pararmos para pensar de uma forma puramente racional, não encontramos justificativa e a única resposta que encontramos irracionalmente falando, é o amor. Mas será o amor capaz de segurar todo esse instinto animal que temos dentro de nós e que tentamos a todo custo dominar?
Além deste filme nos levar à uma reflexão como essa e não nos dar uma solução dócil (algo que particularmente adoro), a forma como ele é desenvolvido é maravilhosa. O diretor Brian Crano nos proporciona não somente a experiência central de nosso casal, mas ainda traz de forma muito intimista e crua outro relacionamento que também passa por provações. E também pudera: Brian Cran, o diretor do filme é casado com David Joseph Craig (Hale, irmão de Anna) que, no filme, é casado com Reece (Morgan Spector) marido de Rebecca Hall na vida real e esta por sua vez não somente estudou com Dan Stevens mas também é grande amiga do ator, ou seja, algo entre amigos e família.
Em Permissão, a nudez, tanto feminina quanto masculina, é usada sem muita cerimônia, o que colabora para reforçar sobre nosso lado animal. Ainda, temos um roteiro que lida muito bem com esta situação do “elefante na sala” e põe o dedo na ferida de forma madura. Vale ressaltar que o design de produção é um ponto alto, seja, nas roupas que Anna usa como forma de mostrar sua identidade, seja nos ambientes que trazem um quê aconchegante, demonstrando uma boa combinação entre o visual e a história em si, enquadramentos charmosos e ainda uma boa fotografia.
Assim, Permissão se torna um exercício, de certa forma, indigesto para se refletir sobre relacionamentos monogâmicos, além de pequenos outros questionamentos. E assim como na vida real, não existem finais felizes, apenas nossas ações, nossas interações, que em algum momento podem ser benéficas para nós e para os outros, mas que em tantos outros, podem ser tão aterradoras.
Filme sensacional.
Vale a pena assisti-lo.
Fiquei tão indignado com o final. Mas fui buscar esclarecimento, e achei a sua crítica, que me fez refletir bastante e agora eu consigo compreender melhor obrigado. Meus parabéns pela ótima crítica dê um ótimo fim.