Crítica: Vida Selvagem (2018, de Paul Dano)

Em uma
pequena casa na cidade de Montana, nos Estados Unidos, os Brinson levavam uma
vida simples de família tradicional americana dos anos 1960. Assim eles são
apresentados ao espectador logo no começo de Vida Selvagem.
Enquanto Jerry Brinson (Jake Gyllenhaal) trabalha para sustentar a casa, sua
mulher Jeanette Brinson (Carey Mulligan) fica em casa cuidando dos afazeres
domésticos e o filho do casal Joe Brinson (Ed Oxenbould), de 14 anos, vai à
escola, se dedica aos estudos e frequenta treinos de futebol, mesmo sem gostar
do esporte.


Conforme os minutos vão passando, percebe-se que estamos
vendo tudo acontecer através do olhar de Joe que, de repente, assiste a sua
família desmoronar aos poucos. Seu pai fica desempregado e sem motivação para
procurar outro ganha-pão, enquanto sua mãe decide voltar para o mercado de trabalho, mas
não encontra algo rapidamente. Temos a sensação que a casa do adolescente é uma
panela de pressão prestes a explodir e ele não sabe o que fazer para contornar
a situação.


Ed Oxenbould, Carey Mulligan e Jake Gyllenhaal em cena
Perto de Montana, um incêndio florestal de grande porte se espalhava
com muita velocidade, precisava-se de homens corajosos para combatê-lo pois o
serviço era muito arriscado. Jerry decide aceitar o trabalho, mas a notícia não
é bem recebida por sua família. Mesmo assim, ele parte, deixando Joe e Jeanette
desolados, sem saberem como seguir com suas vidas e se ainda veriam Jerry novamente.

A partir daí, espera-se que o filme tome um certo rumo, seja
para mostrar a volta por cima da mãe e do filho que seguram as pontas até o pai
voltar ou para mostrar que a decisão de Jerry arruinou a família de vez ou
mostrar Joe crescendo e se tornando o homem da casa para ajudar sua mãe. 



Dentre essas e outras
várias opções, a escolhida foi colocar Jeanette no papel de uma mulher que aproveita a situação para tentar se libertar da vida pacata que vivia,
mas que ao mesmo tempo se coloca em posições adversas a isso e, às vezes, parece esquecer que tem um filho para criar. Após essa decisão, o filme perde o ritmo e
fica até um pouco confuso, porém sempre apontando os efeitos dessa turbulência familiar na vida do filho do conturbado casal.


Carey Mulligan e Jake Gyllenhaal em cena
Joe representa muito bem um adolescente tentando lidar com a
suposta separação de seus pais, os delírios de sua mãe e a saudade de seu pai. O menino precisa se tornar o adulto da casa em um pequeno intervalo de tempo, mas sempre, no fundo, querendo que seus pais se reúnam novamente. Talvez esse seja o único ponto ainda interessante do filme, que tem
dificuldades em manter sua história linear e atraente para o público. No entanto,
as atuações de Ed Oxenbould, Carey Mulligan e Jake Gyllenhaal são o ponto mais alto
da trama morna.

Inspirado no livro homônimo do escritor Richard Ford, o longa
foi a estreia do ator Paul Dano no posto de direção. E, apesar dos problemas
apontados acima, pode-se considerar uma boa primeira vez quando se trata dos
planos utilizados, que são concisos, bonitos e complementam a história. O
roteiro também é de Dano em parceria com Zoe Kazan. A fotografia opta por tons claros e iluminação mais forte nos momentos família que os Brinson têm, e as cenas mais escuras ficam para os momentos conturbados.


Paul Dano e Jake Gyllenhaal na gravação
Um longa silencioso, que pouquíssimas vezes utiliza sons
diferentes do ambiente, e muito intimista, Vida Selvagem é um drama familiar
que expõe suas intenções ao público no começo, mas não consegue mostrá-las de forma clara no decorrer da trama e deixa o espectador com um gosto agridoce depois de assisti-lo.




Título Original: Wildlife

Direção: Paul Dano

Duração: 105 minutos

Elenco: Ed Oxenbould, Carey Mulligan, Jake Gyllenhaal, Bill Camp, Cate Jones e outros.

Sinopse: Aos 14 anos de idade, Joe (Ed Oxenbould) começa a perceber que sua família está desmoronando. O pai, Jerry (Jake Gyllenhaal), acaba de perder o emprego, mas não quer que a esposa trabalhe. A mãe, Jeanette (Carey Mulligan), não pretende ficar de braços cruzados diante da crise e começa a ganhar sua autonomia. Quando Jerry decide ficar muitos meses fora de casa, num trabalho temporário apagando incêndios pela região, Jeanette decide que é hora de refazer a sua vida. Mas para Joe, a única coisa que importa é ver os pais reunidos novamente.

Trailer:

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