Crítica: Kramer vs. Kramer (1979, de Robert Benton)

Neste comovente drama de 1979, Dustin Hoffman e Meryl Streep interpretam Ted e Joanna, um casal que se separa, pois dentre várias coisas que os levaram a isso, ela quer um espaço para se encontrar. Sendo assim, ele fica com o filho e precisa se adaptar e aprender a ser um bom pai solteiro. Depois de muitas adaptações à nova fase, Ted já está dando conta do recado e tendo uma boa relação com a criança, mas Joanna retorna lutando na justiça para ter a guarda do filho. Além de naturalmente a justiça já dar preferência à mãe, ele sofre a perda do emprego, o que tornará isso tudo um desafio ainda mais massacrante.

 


Com esta trama extremamente simples, mas extremamente humana, Kramer vs. Kramer é um filmaço, onde os astros em cena brilham com atuações marcantes. Foi o filme que deu o primeiro Oscar a ambos: Melhor Ator para Hoffman e Melhor Atriz Coadjuvante para Streep. Sendo assim, foi o grande vencedor do Oscar de 1980, pois também abocanhou os prêmios de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Diretor e Melhor Filme!





Com ótima direção de Robert Benton e um roteiro coeso e realista, o longa é composto por pequenos momentos, mas grandes em emoções. Os diálogos são elaborados de um jeito como a vida é, misturando elementos agridoces à trama e na vida dos personagens. A cena em que Hoffman corre diversas quadras até o hospital com o filho nos braços é extremamente realista. Muito bem dirigida, existe ali um plano-sequência genial e sufocante, não apenas pela situação em si, mas também pela entrega do ator em passar o desespero de um pai aflito. Mais adiante, os diálogos no tribunal, cheios de emoções e sentimentos, são de uma ambiguidade incrível: não há mocinhos e vilões, apenas duas boas pessoas que não conseguiram ficar juntas, mas ambas amam o seu filho. Não há aqui julgamentos ou parcialidades por parte do roteiro, apenas uma construção natural de uma situação real e humana. 


Nestas cenas em questão, Meryl Streep brilha intensamente, entregando uma personagem repleta de camadas e nuances. Mas nas cenas fora do tribunal, Dustin Hoffman carrega o filme nas costas. Um dos grandes nomes de sua geração, Hoffman é um ator incrível, com personagens meticulosamente contidos, humanos e realistas. Aqui não é diferente. A cena final (esta da imagem abaixo) é extremamente emotiva, simples e bela. Pai e filho fazendo rabanada e conversando, enquanto aguardam a mãe vir buscar o garoto. O pai explica o que está acontecendo. A criança, nitidamente triste, começa a entender a situação. Os dois cozinham juntos e se abraçam. Existe aqui nesta cena um realismo cru, humano, de partir o coração, uma cena inesquecível, tão simples e bela numa mesma intensidade. 

Até a época, Kramer vs. Kramer foi o filme que melhor discutiu e mostrou as consequências do divórcio, a insegurança da criança nesta situação e como daquela época para cá, o que conta mesmo é o que é mais importante para a criança, com qual pai ou mãe ela se sentirá mais segura e terá afinidade. Kramer vs. Kramer é fruto da Nova Hollywood, o movimento definitivo de linguística cinematográfica, o precursor do cinema como conhecemos hoje. Os próprios Hoffman e Streep são “crias” deste período fértil. Período este cheio de experimentos narrativos, muitas vezes ousando por caminhos que antes eram tratados como tabu. É aí que entra a novidade de Kramer vs. Kramer para a época, a forma como tratou deste assunto polêmico, narrando as desventuras de uma família desconstruída. Belíssima obra, altamente recomendada para amantes de cinema.



Título Original: Kramer vs. Kramer

Direção: Robert Benton

Duração: 105 minutos

Elenco: Dustin Hoffman, Meryl Streep, Jane Alexander, Howard Duff, George Coe, JoBeth Williams, Joe Seneca.

Sinopse: Ted Kramer (Dustin Hoffman) é um profissional para quem o trabalho vem antes da família. Joanna (Meryl Streep), sua mulher, não pode mais suportar esta situação e sai de casa, deixando Billy (Justin Henry), o filho do casal. Quando Ted consegue finalmente ajustar seu trabalho às novas responsabilidades, Joanna reaparece exigindo a guarda da criança. Ted não aceita e os dois vão para o tribunal lutar pela custódia do garoto.

Trailer:


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