Crítica: Dumbo (2019, de Tim Burton)


Em outubro de 1941 os estúdios Disney lançavam sua quarta animação original nos cinemas. O longa-metragem contava a história de Jumbo Jr., um bebê elefante que nasceu em um circo e é ridicularizado por ter orelhas bem grandes, mas descobre que consegue voar com a ajuda delas. Jumbo ganha o maldoso apelido de Dumbo, que no inglês remete a palavra dumb que significa estúpido ou bobo, e dá título ao filme. Inspirado na história infantil da escritora Helen Aberson, Dumbo ganhou uma nova versão para os cinemas assinada pelo renomado diretor Tim Burton, neste ano.


A
animação tradicional fica de lado na versão de Burton e o enigmático elefante
ganha vida através das novas ferramentas proporcionadas pela inovação da
computação gráfica e se torna um live-action. Além disso, outra diferença
perceptível é a duração do longa, em 1941 eram 64 minutos e agora são 48
minutos a mais em que o diretor precisou criar uma história paralela para
colocar seu toque no clássico da Disney.


Dumbo em 1941
E,
certamente, essa é a parte em que o filme perde seu encanto. É claro que não
é fácil mexer em um filme considerado clássico e não era de se esperar que
ficasse exatamente igual ao original, apesar do filme ser considerado um
remake. Porém, o universo criado pelo roteirista Ehren Kruger e Tim Burton
parece raso e previsível. Entendemos que o tema é limitado, criar algo com o
tema de circo e um elefante voador não deve ser simples, mas não encontramos a
magia, o toque de esquisitice e a riqueza de detalhes que torna
m as histórias de
Tim Burton tão reconhecíveis e amadas, o que já faz essa versão perder um pouco
do brilho.
Na
nova versão, os animais falantes saem de cena para o núcleo de humanos entrar e
guiar a narrativa. O primeiro que conhecemos é Holt Farrier (Colin Farrell),
uma ex-estrela do circo Medici que precisou deixar sua família para ir para
Primeira Guerra Mundial. Quando ele retorna, depois de perder seu braço esquerdo e sua esposa, o dono do circo Max Medici (Danny DeVito) lhe
a tarefa de
cuidar dos elefantes. Milly (Nico Parker) e Joe (Finley Hobbins) são os filhos
de Holt que não conseguem criar um laço de confiança com o pai e ajudam Dumbo,
fazendo o mesmo papel de Timóteo, o ratinho do filme de 1941.


Holt Farrier (Colin Farrell), Milly (Nico Parker) e Joe (Finley Hobbins)
Depois
que todos descobrem o talento do elefante, o grande empresário circense VA
Vandevere (Michael Keaton) junto com sua parceira Colette Marchnat (Eva Green),
uma fantástica trapezista, convencem Max Medici a fazer uma sociedade para
criar a Dreamland, um lugar onde a magia acontece e Dumbo é a estrela. Não é difícil
identificar o personagem de Keaton como vilão, pois o mesmo é muito caricato.
Apesar
dos nomes de peso, o elenco é outro problema do filme. Quando os atores humanos são responsáveis
pela cena, eles não convencem e não passam a emoção que a história pede, principalmente
Nico Parker, que interpreta uma personagem chave, mas parece ter sempre a mesma
expressão no rosto. Aliás, uma das características de Milly é a vontade de ser uma cientista, porém essa ideia sempre é desmotivada pelos outros, principalmente por seu pai, que se redime com sua filha em uma cena que tenta abordar um pouco de feminismo
mas acaba sendo um momento forçado e até desnecessário.

VA Vandevere (Michael Keaton) e Max Medici (Danny DeVito)
Assim
como no original, Dumbo não fala uma palavra, mas consegue transmitir todo seu
carisma no olhar. Seja na animação tradicional, seja feito digitalmente, o pequeno
elefante carrega a mesma magia de sempre. Vê-lo voar pela primeira vez no
live-action
tem a mesma emoção do primeiro filme. Vê-lo triste e angustiado por
ter sido separado de sua mãe parte seu coração da mesma forma. Vê-lo se
libertar das correntes do circo e das correntes da sua insegurança continua
sendo tão comovente quanto antes, se não mais. Pode-se dizer que o filme vale a pena por conta dele, independente de histórias paralelas.

Dumbo em 2019
Após 78
anos, o live-action 
de Dumbo surge para reacender o carinho que sentimos pelo
animal, mas não surpreende como o esperado. O filme também coloca aquela pulga atrás
da orelha que nos faz questionar: será que realmente precisamos de versões
live-action
 dos clássicos da Disney? Para o estúdio, a resposta deve vir em
forma de bilheteria deste e de outros longas que já estão programados para este
ano.



Título Original: Dumbo

Direção: Tim Burton

Duração: 112 minutos

Elenco: Colin Farrell, Danny DeVito, Nico Parker, Finley Hobbins, Michael Keaton, Eva Green e outros.


Sinopse: Holt
Farrier é uma ex-estrela de circo que retorna da guerra e encontra seu mundo
virado de cabeça para baixo. O circo em que trabalhava está passando por
grandes dificuldades, e ele fica encarregado de cuidar de um elefante
recém-nascido, cujas orelhas gigantes fazem dele motivo de piada. No entant
o, os filhos de Holt descobrem
que o pequeno elefante é capaz de uma façanha enorme: voar.


Trailer:

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