Crítica: Django Livre (2013, de Quentin Tarantino)

Quentin Tarantino é um dos mais ousados e autorais diretores da atualidade. Ícone POP das novas gerações, seus filmes são subversivos e surreais. Sempre prestigiado pela crítica, com o público surte um efeito “8 ou 80”. Muitos o admiram, outros o consideram um cineasta de plágios. Mas note, seu cinema propositalmente utiliza ideias, referências, cenas e menções a clássicos do cinema, na maioria das vezes filmes B e esquecidos. Assim, numa espécie de  universo de filmes POP, suas obras são um equivalente aos filmes de heróis, como o Guerra Infinita, mas sob uma ótica cult e bem melhor roteirizada.  Tarantino já havia entregue clássicos instantâneos como Pulp Fiction, Kill Bill (os dois volumes) e Bastardos Inglórios, dentre outros. Então chegamos em Django Livre, mais um clássico que saiu da mente louca de Tarantino e invadiu o Oscar, abocanhando 2 estatuetas.

Falando da parte técnica: o figurino, a maquiagem, a fotografia, a criação cartunesca e exagerada (em um bom sentido) das mortes e mutilações, a beleza de cenas coloridas e outras ásperas, dignas de clássicos de faroeste, a iluminação e os cenários; tudo é um delírio visual. Mas a trilha sonora se sobressai! Sempre é o próprio Tarantino que escolhe as canções de suas obras. Aqui ele utiliza a bela canção Ancora Qui, de Elisa Toffoli, usa composições clássicas de Luis Bacalov e do mestre italiano Ennio Morricone. Ele passa desde melodias de solo com violão e gaita, passando por rock e chegando até rap e hip hop. Genial! Destaque para como ele consegue casar em uma mesma cinematografia um belo visual, diálogos sarcásticos, uma morte brutal e uma música contemporânea que inacreditavelmente casa com o cenário de época em questão. 

O roteiro que ganhou o Oscar é do próprio Tarantino, como de costume. É um roteiro típico do diretor, utilizando metalinguagem, humor negro incrível, diálogos longos na duração, mas ágeis no parafraseado e muito ácidos. Diálogos estes que são críticos, cínicos e engraçados ao mesmo tempo. Tarantino retira do elenco uma performance perfeita, através de fantásticos monólogos e conversações, bem demorados às vezes, mas nunca chatos, sendo um deleite para qualquer cinéfilo! As 2 horas e 45 minutos do filme passam rápido e são como uma montanha russa de diversão subversiva e visceral.


O elenco está em uma sintonia incrível. O vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante, Christoph Waltz, entrega mais uma brilhante atuação na sua excelente carreira.  Jamie Foxx é um herói de respeito e representativo. Samuel L. Jackson é uma doce surpresa em um papel polêmico, diferente e irreconhecível! E  Leonardo DiCaprio, mesmo coadjuvante, entrega uma de suas melhores atuações da carreira, digna de Oscar, porém esnobada pela academia. Kerry Washington é a típica mocinha a ser resgatada, sendo subaproveitada, porém com uma atuação legal e uma presença física forte e sexy. O ator Franco Nero – que fez o longa original de Sergio Corbucci, lançado em 1966 e uma das referências vertentes de Tarantino – faz aqui uma pequena participação interessante.


Tudo no filme é 5 estrelas! Quentin  Tarantino é um dos meus diretores favoritos. Ele é original, ousado, firme, debochado e eclético. Seus filmes já abordaram temas  como kung fu, guerra, máfia, black sploitation e cinema de horror B, conhecido como grindhouse. Tarantino pega elementos que seriam ridículos e transforma em uma grande e maliciosa brincadeira. Tudo de primeira linha, sem deixar de ter seus momentos trash, mas também carregando um peso social.  Tarantino é cinéfilo. Ele conhece e assiste todos os principais filmes lançados todo ano. Ele é conhecido por eleger os melhores a cada ano. Se eu fosse diretor de cinema, desejaria ser como Tarantino. Um mestre conhecedor de obras obscuras e sagazes.

Título Original: Django

Direção: Quentin Tarantino

Elenco: Jamie Foxx, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Christoph Walt, Keith Carradine, Franco Nero.

Sinopse: ambientado no sul dos Estados Unidos dois anos antes da Guerra Civil,Django Livre é estrelado pelo vencedor do Oscar, Jamie Foxx, como Django, um escravo cujo histórico brutal com seus ex-senhores o coloca cara a cara com o caçador de recompensas alemão, Dr. King Schultz (o vencedor do Oscar, Christoph Waltz). Schultz está no encalço dos sanguinários irmãos Brittle, e Django é o único que pode levá-lo à sua recompensa. Heterodoxo, Schultz compra Django com a promessa de alforriá-lo assim que capturar os Brittle – mortos ou vivos.

Trailer:


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