Especial de Natal: Paisagem de Natal (2018, de Justin G. Dyck)


Paisagem de Natal é um filme de romance baseado na novela The Maverick’s Christmas Homecoming, de Teresa Southwick, com roteiro adaptado por David Finley e dirigido por Justin G. Dyck. E claro, está disponível no mais conhecido e utilizado serviço de streaming: Netflix, que diariamente nos bombardeia com inúmeros novos títulos, sejam eles originais da plataforma ou não. Logo, já era de se imaginar que próximo ao Natal teríamos muitos filmes natalinos, mas será que este aqui vale a pena? Continue lendo e confira minha opinião! 

Clara Garrison (Kaitlyn Leeb) está se adaptando à nova profissão no cargo de gerência do restaurante da estância de esqui Thunder Mountain, após fracassar em seu negócio próprio. As coisas parecem animar um pouquinho, para ela e para os fregueses locais, quando um chef celebridade, Shane Roarke (Scott Cavalheiro), é nomeado o novo chef de cozinha do local. 


Poderia ser só mais um clichêzinho romântico natalino que se para pra assistir sem qualquer comprometimento e expectativa e no fim acaba por surpreender, mas esse, infelizmente, decepciona ao entregar furos e má qualidade no enredo, e interpretações fracas e sem química. Salvam-se apenas as cenas culinárias, que podem ser apreciadas pela ótima fotografia, mas que depois acabam sendo desmerecidas quando o foco passa para os nossos personagens, quais entregam cenas tão truncadas que faz-nos não conseguir apreciar todo o conjunto da obra. 


Embora a construção da fotografia e dos cenários e a localização do filme sejam de ótima qualidade e casem muito bem com a trilha sonora natalina na mesma proporção que todas as decorações, todo resto deixa a desejar. Uma narrativa desenvolvida de forma muito rápida, irreal e sem nexo, precariamente atuada por pessoas que parecem ter lidado com o script como se fosse mais um dia de trabalho. Não deu para sentir de ninguém a devida entrega necessária para que a história convencesse o espectador, fazendo com que até as cenas em que seriam as mais emocionantes, beirassem ao ridículo.  

Paisagem de Natal talvez seja só isso mesmo, para apreciarmos o clima do Natal sem muito nos importar com o resto. Seria a história o plano de fundo e as luzes, a neve e a comida os nossos reais protagonistas? Bom… acredito que a resposta para essa pergunta seja “não”, mas se tem uma coisa que esse filme deixa bem claro, é que o mês de dezembro realmente pode ser mágico e o Papai Noel de Clara fora muito generoso. Espero que tenham sentido a ironia mas, ainda assim, vou explicá-la. 


O longa se passa no mês super natalino: dezembro, mas mais especificamente, faltando alguns pouquíssimos dias para o Natal. No contexto desse período se passa o resto da história, sendo assim, tudo que se passa nesse curto espaço de tempo precisa ser muito bem desenvolvido e não pode ter como pauta uma história que levaria muito mais do que um mês para se desenvolver, correto? Porém, isso não fora levado em consideração, resultando num filme pra lá de superficial. 

Nem se Papai Noel existisse daria para acreditar que o príncipe encantando rico aparece na vida da mocinha no momento em que ela mais precisa de ajuda, de quebra eles se descobrem almas gêmeas, o bonitão investe seu dinheiro na amada, e ainda rola um ”eu te amo”, tudo isso em mais ou menos uma semana (?). 


Esse enredo, além de péssimo, ainda dá para ser problematizado. Quando será que vão parar de colocar as mulheres em papeis que beiram à ingenuidade, fraqueza e vitimismo? Quando vão parar de fazer com que elas precisem ser salvas por um homem no momento em que algo começa a dar errado em suas vidas? Quando será que vão parar de estereotipar famílias, mostrando que enquanto uma filha não aparecer na ceia de Natal com um bom pretendente, a segunda filha, que é casada e com filhos, será a preferida? 


A figura do homem como super-herói de tudo já está batida, já cansou e já se esgotou. Mulher que tem um relacionamento com um homem não significa que ganhou na vida ou na loteria, significa apenas que decidiu estar em um relacionamento. Um homem na vida de uma mulher não significa proteção, não significa mérito. Homens não são troféus. Indústria cinematográfica, por favor, entenda: Mulheres são independentes, não precisam de homens, sabem resolver seus problemas sozinhas e não precisam ser salvas. 


Título Original: Christmas With a View

Direção: Justin G. Dyck

Elenco: Kaitlyn Leeb, Scott Cavalheiro, Mark Ghanime, Kristen Kurnik, Jess Walton, Patrick Duffy, Vivica A. Fox, Joseph Cannata, Boomer Phillips, Arisa Cox, Taylor David, Lovell Adams-Gray, Melanie St. Pierre, Nicole Stamp, Christopher Robinson, Genevieve Kang, Avery Leeb e mais.

Sinopse: Clara Garrison (Kaitlyn Leeb) é uma mulher apaixonada pela culinária que está lidando com uma tentativa fracassada de abrir seu restaurante. Quando o celebrado chef Shane Roarke (Scott Cavalheiro) chega na cidade para assumir um importante trabalho, seus caminhos se cruzam e Clara vê sua vida de repente balançada.

Trailer:


Obrigada pela leitura!

1 thoughts on “Especial de Natal: Paisagem de Natal (2018, de Justin G. Dyck)”

  1. Concordo com a sua opinião. Trata-se, realmente, de um filme fraquíssimo, sem grande desenvolvimento, com atores medíocres e com cenas sem nexo que o tornam idiota. Gosto de assistir filmes clichês, mas este filme beira o ridículo. Não aconselho, apesar de ter caído nessa.
    Mundo da Fantasia

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