Crítica: Blackfish – Fúria Animal (2013, de Gabriela Cowperthwaite)



Blackfish é um
documentário investigativo que busca compreender a razão de tantas mortes
causadas por baleias orcas e seus treinadores em parques aquáticos,
principalmente no SeaWorld, famoso parque aquático localizado em Orlando. 

O ponto de
partida desse documentário é a morte da treinadora Daw Brancheau, que durante um
espetáculo em 2010, no SeaWorld, teve seu braço abocanhado por uma orca. Essa é a premissa, mas o filme trará informações de como tudo começou, ou seja, da forma como eles são trazidos aos
parques, como é o ambiente e os bastidores do local e tudo que, infelizmente, acontece por trás dos nossos olhos. Pense na seguinte situação como exercício: se imagine em
um quartinho super pequeno em que somente às vezes você sairá de lá para fazer parte de uma sala de 10 metros
quadrados apenas para fazer um espetáculo para um
público que consequentemente vai aplaudir e tirar fotos. E depois?  Simples, você volta ao “cativeiro sombrio”. Entristecedor, não é?


O documentário reacende o debate da vida marinha
e o tratamento que tais animais recebem nos bastidores dos parques aquáticos.
Uma produção que levanta questionamentos para que o telespectador queira
ir “mais a fundo”. Isso aliado a uma excelente narrativa, porém com um pequeno
desaproveitamento do roteiro. Isso porque acaba fazendo um “jogo” de ida e
volta em algumas hipóteses a fim de aprofundar a história, mas acaba por
repetir algumas informações, o que se torna irrelevante. 


A diretora busca
entrevistas incriminadoras de ex-treinadores e de especialistas no
assunto, para assim comprovar as declarações feitas através de imagens, relatos
e dados. Tanto que o longa comove, angustia e faz pensar que muitas vezes, nós,
seres humanos, fechamos nossos olhos e realmente não fazemos ideia do que se
passa por trás de uma situação como a abordada.  E que, infelizmente, tudo isso
corresponde a um espetáculo cruel, imperdoável, resumindo em um show de tortura que
simplesmente não busca os “direitos animais” e sim, nada além de faturamento.


Através desses depoimentos o público começa a perceber que todos esses fatos, quais transformaram essas orcas em protagonistas de tragédias e as fazem receber estereótipos de “baleia assassina”, na verdade, mostram que elas são muito mais as verdadeiras vítimas dessa situação. Uma vida baseada em viver em tanques antinaturais, alimentação restrita, além de diminuição de expectativa de vida. Todos esses fatores são essenciais na busca da compreensão do estresse animal, que explica muito do porquê esse tipo de “acidente” ocorre.


Talvez a maior reflexão que o documentário faça, seja a questão de nossas
escolhas e a consciência destas naquilo que estamos de qualquer forma
financiando, e da forma que estamos agindo em benefício dos seres humanos e dos
animais. 


O tema é polêmico e faz uma análise para mostrar como o homem ignora a forma de vida, mostrando um ponto de vista contundente e relevante que ainda não aprendemos de nenhuma maneira com a amabilidade dos animais. Uma frase do poeta Victor Hugo cabe muito bem nessa situação: ”Primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação a natureza e aos animais.”

Título Original: Blackfish

Direção: Gabriela Cowperthwaite


Elenco: Carol Ray, Dawn Brancheau, Dean Gomersall, James Earl Jones, Jeffrey Ventre, John Hargrove, John Jett, Samantha Berg, Shamu, Thomas Tobin, Tilikum.

Sinopse: O longa conta a história de Tilikum, a principal baleia orca do parque temático SeaWorld, em Orlando, Estados Unidos, responsável pela morte de três pessoas. Imagens fortes e entrevistas emocionantes compõem o painel e ajudam a entender o comportamento da espécie, o tratamento cruel no cativeiro, além de recuperar as trajetórias e mortes dos treinadores, pilares de uma indústria multibilionária. O filme convida o espectador a repensar nossa relação com a natureza e explicita o quão pouco os humanos estão dispostos a aprender com esses mamíferos.

Trailer:

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