Crítica: 2 Outonos e 3 Invernos (2013, de Sébastien Betbeder)

Eu, particularmente, adoro os filmes franceses. Eles possuem um humor ácido e um romantismo típico. Não muito longe deste pequeno resumo se situa 2 Outonos e 3 Invernos, uma comédia romântica muito peculiar, com efeitos de quadros e muitas quebras da 4ª parede para nos mostrar o que o personagem estava pensando e sentindo no momento que a cena acontecia. 

Exibido no Festival de Cannes, o longa metragem, com direção e roteiro de Sébastien Betbeder, conta a história de amor entre Amélie (Maud Wyler) e Arman (Vincent Macaigne), além da estória de encontros e desencontros com seu amigo Benjamin (Bastien Bouillon).

O filme começa com uma longa reflexão de Arman, que ao completar 33 anos decide começar a correr e, então, nestas corridas acaba conhecendo Amelie. Depois de alguns desencontros, o protagonista a “salva” de um assalto e, a partir daí, começam um relacionamento.

Estranhamente possuímos poucas informações sobre cada personagem, como por exemplo, onde trabalham. Apesar das profissões ou detalhes importantes sobre a infância, ou mesmo opiniões – a não ser um segredo que Amelie escondeu de Arman -, não sabemos muito de suas personalidades ou como eles se comportam no dia a dia, apesar de termos algumas ações cotidianas.

O enredo é divertido e dividido em mini capítulos, que contam como os encontros entre os amigos e o casal vão se desenrolando. Apesar de sabermos somente deste “trecho” específico da vida deles, nos deparamos com situações poéticas, divertidas e reflexivas. Como no caso de Arman ter sofrido um AVC, mesmo sendo jovem para isso, nos deixa reflexivos de como nossa vida pode ser estressante e como estamos, ou não, aproveitando cada momento dela.

O filme possui um desenvolvimento monótono, porém, os atores e o enredo conseguem reverter a sensação de linearidade da trama. A trilha sonora é bem suave, apesar de servir apenas de plano de fundo para o enredo, sem destaques. A fotografia em tons amarelados deixa a película com aspecto de outono, remetendo à melancolia. 

Segundo o diretor, o filme foi baseado em suas memórias e sobre pessoas e momentos do seu passado, que tornaram-se lembranças especiais. Portanto, algumas partes, apesar de terem um contexto, aparecem de formas fracionadas, como lembranças que temos quando olhamos fotos ou assistimos um filme antigo.

2 Outonos e 3 Invernos é um filme bastante despretensioso, ótimo para assistir no final do dia, depois de um longo e exaustivo dia de trabalho, com uma boa taça de vinho em mãos. Não só isso, ainda é um filme que nos propõe a refletir sobre algumas de nossas memórias e questões de nossas vidas.

Título Original: 2 Automnes 3 Hivers 

Direção: Sébastien Betbeder

Elenco: Vincent Macaigne, Maud Wyler, Bastien Bouillon, Audrey Bastien, Thomas Blanchard e mais.

Sinopse: Aos 33 anos, Arman decide mudar de vida. Para começar, num sábado, ele resolve ir correr no parque. Ao dobrar a esquina, ele tromba com Amélie. O primeiro encontro é um choque; o segundo é como uma punhalada no coração. Uma noite, Benjamin, melhor amigo de Arman, desmaia. O médico diagnostica um derrame. Durante dois outonos e três invernos, as vidas de Amélie, Arman e Benjamin se confundem e se preenchem de encontros, acidentes, amores e memórias.

Trailer:

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