Crítica: O Segredo de Davi (2018, de Diego Freitas)

Depois de muitas tentativas frustradas, o cinema nacional parece ter achado a sua própria identidade para produzir filmes de terror e suspense. Os principais nomes dessa nova safra são Marco Dutra, Juliana Rojas e Gabriela Amaral Almeida. Em As Boas Maneiras e O Animal Cordial, seus mais recentes (e excelentes) filmes, esses diretores mesclam sua própria identidade cinematográfica com um tom político essencial. No meio disso tudo, Diego Freitas surge em sua estreia como diretor de cinema no sombrio O Segredo de Davi. Trata-se de uma obra cheia de referências e que se esforça muito para fugir um pouco dos clichês norte-americanos.

Na trama, Davi é um tímido estudante de cinema que esconde alguns segredos por debaixo de sua personalidade macabra. Ele vive andando com uma câmera na mão – ao melhor estilo Beleza Americana – e grava cenas e pessoas aleatoriamente. O que poucos sabem é que Davi – um menino totalmente introspectivo – é um verdadeiro assassino e tem fixação em gravar as mortes de suas vítimas. Tais cenas vão parar na internet e o jovem passa a correr sérios riscos de ser descoberto a qualquer momento. Felizmente, o filme não se resume à uma sucessão de assassinatos. Davi é um personagem complexo, com um passado nebuloso e com uma orientação sexual curiosa. A sua história é desenvolvida aos poucos pela trama. Em muitos momentos, o espectador vai achar que não está entendendo nada e realmente não está. A trama irá se desenrolar com o tempo.

Oriundo de Malhação e atualmente trabalhando como galã de novela, o jovem Nicolas Prattes faz aqui a sua estreia nas telonas em um papel fora da curva de sua carreira televisiva. Em um primeiro olhar, Nicolas não seria a opção ideal para interpretar um geek mentalmente perturbado, mas o seu esforço em cena é visível e já podemos considerar Davi como o seu papel mais desafiador até o momento. Apesar de interpretar o assassino do filme, Nicolas é o ator mais sóbrio em cena. Uma atuação que até destoa um pouco do overacting presente em alguns integrantes do elenco.

Sedento por imprimir certa personalidade à trama, o diretor deixa alguns momentos sóbrios caírem no riso involuntário ou até mesmo na caricatura. Algumas frases do roteiro são muito forçadas e os personagens nunca parecem ser reais ou convincentes o que, de fato, pode ter sido a real intenção do diretor. Cheio de reviravoltas, O Segredo de Davi tenta se diferenciar das produções genéricas americanas e até que o faz com certo louvor. Diferente das obras nacionais de Marco Dutra, Juliana Rojas e Gabriela Amaral Almeida, Diego não inclui nenhum teor político ou alguma crítica social em sua obra, mas podemos afirmar que toda a sua belíssima fotografia e o clima homoerótico presente durante toda a trama já são um grande diferencial. O Segredo de Davi provavelmente passará desapercebido pelos cinemas, mas deve encontrar o seu público na TV fechada ou em plataformas de filmes online. Vida longa ao terror brasileiro!


Título Original: O Segredo de Davi

Direção: Diego Freitas

Elenco: Nicolas Prattes, Nausa Maria Faro, Eucir de Souza.

Sinopse: O tímido estudante de cinema Davi (Nicolas Prattes) esconde um passado sombrio. Ele acaba se transformando num serial killer que fica famoso por filmar as vítimas e colocar na internet. À medida que as mortes acontecem, o seu segredo fica ainda mais ameaçado. 

Trailer:
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