Crítica: O chefe (2018, de Sergio Barrejón)

Ambientes corporativos são tóxicos por si só e tendem a corromper cada dia mais a ética de colaboradores, em constante busca por resultados. Para quem está na direção de uma empresa ou é um verdadeiro workaholic é ainda pior: a vida pessoal e a profissional podem se misturar de forma tão intensa, que não é possível definir onde começa uma e termina outra.

Neste novo lançamento da Netflix, conheceremos César (Luis Callejo), um diretor executivo de uma grande empresa que se vê em uma situação bastante complicada: sua companhia está enfrentando sérios problemas financeiros e corre o risco de ser recapitalizada e como não demitiu nenhum funcionário durante a forte crise que se instaurava, o corte de gastos necessário no passado vem novamente atormentar a cabeça de César, que se recusa a demitir.

Nervoso e extremamente ignorante, César culpa a alta diretoria por este cenário e decide recuperar a empresa, junto com seu time, incentivando todos os funcionários a atingirem as metas, focando no resultado, imergindo totalmente na delicada situação em que se encontram, pernoitando vários dias no escritório, em busca de soluções.

Paralelo a isso, César enfrenta uma ruptura em seu relacionamento, o que faz com que ele afunde ainda mais em seu vício em cocaína e na aquisição de serviços sexuais. É então que ele conhece, em uma das noites que decide esticar no escritório, Ariana (Juana Acosta), uma colombiana que está na Espanha trabalhando como auxiliar de limpeza e daí nasce uma improvável amizade.


Apesar de ter uma premissa interessante, atuações simpáticas e acertadas (principalmente de Callejo) e um ritmo natural e leve, a história por si só não impressiona e é muito rasa. Os personagens secundários são mal desenvolvidos e as motivações da trama não são bem exploradas, sem falar que o filme flerta com o discurso sexista, ao mesmo tempo que tenta justificar-se ao fazê-lo.

A trilha sonora, regada a muito jazz, é um deleite para os ouvidos e muito bem casada com a forma fluida com a que o filme decorre. Callejo e Acosta apresentam uma química gostosa e caliente, o que contribui para que tenhamos uma mínima empatia para com os personagens, mesmo não concordando muito como a forma que o relacionamento dos dois evolui (ou involui, para os mais críticos).

Funcionando mais como um passatempo qualquer, a película erra em estereotipar ao máximo a figura do chefe, colocando-o como um arrogante e prepotente, mas em momento algum oferecendo-lhe a oportunidade de, de fato, se redimir. O acerto fica mais para o casamento de alguns elementos, que mesmo assim, não salvam o filme como um todo. Não há uma mensagem final muito clara, e se há, ela não é das mais politicamente corretas.


Título Original: Jefe

Direção: Sergio Barrejón

Elenco: Luis Callejo, Juana Acosta, Carlo D’Ursi, Josean Bengoetxea, Bárbara Santa-Cruz, Maica Barroso, Adam Jezierski, Sergio Quintana.

Sinopse: Um empresário rude e egocêntrico está prestes a perder tudo pelo que lutou até receber a inesperada ajuda de uma servente de limpeza do escritório.

Trailer:

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