Crítica: Cadáver (2018, de Diederik Van Rooijen)



Você teria coragem de trabalhar em um necrotério, sozinho(a), no turno da noite? E mesmo se a resposta for positiva, continuaria trabalhando sabendo que algo de anormal esteja acontecendo ali após o recebimento de um novo corpo? Chega aos cinemas nacionais Cadáver, do diretor holandês Diederik Van Rooijen (Taped), que tenta dar uma nova perspectiva aos filmes de possessão e exorcismo e encontrar uma nova identidade diante de tantos outros filmes com a mesma ideologia e repetição de fatos já fadigados dentro do cinema.

Após um fato isolado ter consumido sua mente por muito tempo, a policial Megan Reed (Shay Mitchell) se vê preparada para encarar novamente as jornadas de trabalho. Totalmente limpa de seus vícios, a policial, através de sua madrinha no AA, Lisa (Stana Katic), começa a prestar serviços comunitários em um necrotério para pagar o tratamento que a deixou apta para novos desafios. No meio desse novo serviço, algo fora do normal irá perturbar a sua mente quando um novo corpo é recebido no necrotério durante o seu turno.


Por mais que o tema seja batido no cinema, o holandês Van Rooijen tem em mãos um roteiro bastante interessante de Brian Sieve (O Pesadelo 2 e 3), que almeja uma nova roupagem ao tema. Aos prelúdios do iminente suspense em questão, a montagem e a desenvoltura criada em cima da protagonista dão sustância para a obra, criando uma composição de fatos que podem deixar o público entretido na história dentro da temporalidade do que ocorre. A escolha de buscar uma pessoa com problemas e se refugiar durante o trabalho noturno é sábia para para tentar criar algo lúdico à obra, além de deixá-la mais próxima do real.

A conjuntura entre direção e roteiro, porém, não dá a liga necessária à narrativa, que se desdenha. Logo que somos introduzidos ao necrotério e acompanhamos os passos de Megan, a todo momento fica instigante que o diretor tenta criar um ambiente bastante sombrio com os seus jumpscares – usados, de fato, até aceitavelmente – sensores, ruídos e outros clichês já conhecidos. O roteiro tenta incentivar a necessidade real do perigo que está afugentado no ambiente, mas a não importância da narrativa em explicar quais as reais intenções do demônio apossado no cadáver deixam a obra desleixada, protocolando mais perguntas do que respostas e dando mais atenção aos sustos e mortes necessárias.

Mesmo com o infortúnio das decisões, Shay Mitchell (Pretty Little Lies) consegue dramatizar bem a sua personagem, enfrenta ferozmente seus problemas pessoais, que passam por vícios e separações amorosas, mantendo-se firmemente em dar passos adiante. Outro grande destaque dentro do filme – e a melhor escolha talvez – é da contorcionista Kirby Johnson, estreante em filmes. Kirby é a personagem título e consegue convencer bem em seu papel, tirando o fator de sua especialidade, a jovem consegue interpretar muito bem o cadáver com suas feições e movimentos que lembram muito os personagem de O Chamado e O Grito.


Cadáver passa longe de ser um filme totalmente esquecível, mas os “conflitos” entre roteiro e direção acabam deixando a execução como mais um suspense que emprega as mesmas coisas de outras obras, caindo no marasmo dos clichês e não conseguindo demostrar uma nova identidade temática para os filmes do gênero, ludibriando os mais esperançosos.

Título Original: The Possession of Hannah Grace



Direção: Diederik Van Rooijen






Elenco: Shay Mitchell, Stana Katic, Gray Damon, Nick Thune, Louis Herthum, Jaconb Ming-Trent e Kirby Johnson





Sinopse: Megan Reed (Shay Mitchell) é uma policial reformada que tem lutado contra os vícios. Ela está prestando serviços comunitários em um hospital, como um pagamento para o tratamento que a deixou sóbria. Tudo, entretanto, torna a história muito mais macabra depois que um cadáver misterioso é encontrado no local.


Trailer:
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