Especial Antifascismo: Ele está de volta (2015, de David Wnendt)


Diante de um momento como o que estamos vivendo, não poderíamos deixar de nos posicionar contra o ódio, a violência e principalmente, o fascismo. O cinema é uma forma de contar e recontar histórias e é por essa razão que criamos este especial, pois nada melhor do que usar deste artifício para alertar a todos sobre o que está por vir.
Durante estes dias que antecedem as eleições do dia 28/10/2018, alguns de nós trarão filmes com uma temática voltada para a conscientização contra o fascismo, na forma de críticas que não visarão somente o conteúdo técnico dos mesmos, mas principalmente as mensagens que eles carregam.
Estamos vivendo um dos momentos políticos mais críticos em nosso país. A sociedade, farta de tanta corrupção, criminalidade, violência, clama por um governante que consiga mediar os conflitos, alavancando nossa economia; gerando empregos e bem estar social. E eis que alguém se aproveita desta situação e resolve, com discursos rasos, mas inflamados de energia, se vender como o salvador da pátria, mesmo que em suas frases, minorias sejam atacadas, o ódio seja utilizado rotineiramente e a austeridade seja constante nas palavras.

Sabe o que é mais engraçado? Hitler utilizou-se dos mesmos argumentos que a pessoa citada também utiliza. E aí você me diz que é um exagero tremendo fazer um tipo de comparação dessas. Será? Há uma frase de Edmund Burke que traduz bem a principal ideia aqui: “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la“.


Imagine só, em pleno século XXI, com todos os avanços tecnológicos e científicos que temos, Adolf Hitler, num lapso temporal maldito, resolve dar as caras em nossa sociedade moderna. Muitos diriam que seria uma loucura uma pessoa tão desprezível como ele foi, fazer sucesso com seus discursos nos dias de hoje. Porém, este filme vem para revelar justamente o contrário!

Uma das pérolas do catálogo da Netflix, com um formato predominantemente de mockumentary (falso documentário), uma atuação espantosa de Oliver Masucci (Dark) na pele do odioso Führer e um bom roteiro, com deliciosas doses de humor negro e comédia; Ele está de volta, que é baseado no best-seller homônimo de Timur Vermes, vem para nos instigar a uma profunda reflexão sobre o que foi o nazismo na Alemanha e o que ele representou e ainda representa para a população.

O início do filme não é dos mais interessantes, com um ritmo um pouco lento e a atuação de Masucci um tanto quanto caricata, porém, em meados do primeiro para o segundo ato, vemos a evolução do personagem principal, bem como ficamos a todo tempo incomodados com discursos (que num primeiro momento parecem reais) de pessoas que concordam com os ideais do ditador, relativizando as propostas para a atualidade.

Ao passo que sua popularidade cresce não só na Alemanha mas ao redor do mundo através do boom do YouTube e outras redes, Hitler ganha notoriedade, ficando cada vez mais evidente que seus anseios permanecem escusos em toda uma população, mas que vão se revelando, conforme veem na pessoa do líder, um espelho deles mesmos.

Poucos são, ao decorrer da película, que se posicionam contra o ditador, que tem consciência dos terrores da guerra, que sabem o quão sério aquilo é, mas a maioria, ou surfa na onda do sucesso do Führer, que é visto como um comediante num primeiro momento, ou flerta grandemente com as ideias do nazista, principalmente ao tratarem de imigrantes e refugiados.

Há uma cena em que o coração dói e a garganta seca, quando uma personagem, ao ver Hitler revive toda a dor que a guerra lhe trouxe e num grito sufocado exige que ele saia. O final do filme é perturbador e nos faz pensar em quem são os loucos e quem são os sóbrios em situações como essas, em que parte da população entende os perigos do que aquilo pode se tornar, mas a maioria prefere ignorar. Veja esta cena (não chega a ser um spoiler, fique tranquilo):

Assim, esperamos que este filme lhe traga uma reflexão tão forte quanto a que nos trouxe e o (a) faça refletir sobre o momento delicado e crucial que vivemos. Em meio a um marketing de guerrilha barato e mal feito, em que tantas notícias falsas permeiam nossas redes, mais do que nunca o momento é de questionar, sem defender e seguir de forma cega as propostas ou promessas feitas. Precisamos ter consciência do que já nos aconteceu em períodos históricos sombrios para que não cometamos o erro de repetir o passado tenebroso novamente.

Título Original: Er ist wieder da


Direção: David Wnendt


Elenco: Oliver Masucci, Christoph Maria Herbst, Fabian Busch, Franziska Wulf, Katja Riemann, Lars Rudolph, Michael Kessler. 

Sinopse: Em 2014, Adolf Hitler acorda num terreno baldio em Berlim, sem saber o que aconteceu após o ano de 1945. Desabrigado e desamparado, Hitler interpreta tudo o que vê em 2014 a partir de uma perspetiva nazi e, apesar de toda a gente reconhecê-lo, ninguém acredita que ele é o próprio Hitler, e sim um comediante, ou um ator de método. Como resultado, os seus vídeos violentos tornam-se um enorme sucesso no YouTube, e Hitler alcança o estatuto de celebridade moderna como um artista, onde tira proveito da situação e usa a sua popularidade para voltar à política




Trailer:


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