Crítica: Mare Nostrum (2018, de Ricardo Elias)


O
longa-metragem nacional começa a partir da venda de um terreno
em Praia Grande, em meados dos anos 80. A negociação que
foi feita de Nakano (Edson Cameda) para João (Ailton Graça),
este que visava construir ali um lar para a família. Essa
negociação acontece em uma cena bonita e que rende ao
filme até uma certa poesia, e indiretamente já entrega
o que está por vir. Durante uma chuva intensa e em frente ao
terreno, João assina o contrato de compra e venda, Nakano o
questiona sobre mostrar o terreno para a família já que
eles se encontram logo ali no carro, ele diz que fará isso em
um dia de sol, instantaneamente a chuva para. Isso impressiona a
todos, principalmente, as crianças, que passam a acreditar que
o terreno é mágico.

Anos mais
tarde, Roberto (Silvio Guindane) e Mitsuo (Ricardo Oshiro), filhos de
João e Nakano, respectivamente, retornam ao Brasil no mesmo dia. Roberto se tornou jornalista e
durante alguns anos trabalhou com jornalismo esportivo na Alemanha,
mas acabou perdendo o emprego e precisou retornar ao país. Já
Mitsuo retorna com a mulher do Japão, após ter perdido
tudo em um desastre natural. Ambos, se encontram em situações
críticas financeiras, o que os leva até o terreno
mágico e misterioso de Praia Grande novamente.


O filme é
todo contado de acordo com os diálogos dos personagens, aliás,
vale destacar que esse é o ponto forte do longa, já que
é um formato e técnica pouco utilizado nos filmes
nacionais. Com direção e roteiro de Ricardo Elias
(diretor em Os 12 Trabalhos, 2006), somos apresentados à uma história
sensível, que parece ter até uma pessoalidade e de
acordo com matérias a respeito do filme, ele parece ser
inspirado em experiências da família de Ricardo.

Apesar de
um enredo interessante, o espectador sente que os personagens e suas
histórias são rasas. Roberto tem uma filha Beatriz
(Livia Santos), com a qual não tem uma relação
fácil e ainda tem uma divida de 30 mil reais de mensalidades
atrasadas da escola. Beatriz acaba sendo um ponto interessante e de
entretenimento do filme, a partir do momento que seu pai vai atrás
da documentação para conseguir vender o terreno e
conseguir o dinheiro que precisa para pagar dívidas. A menina o tempo
todo sinaliza as mágicas feitas pelo terreno, a história
de seu avô João e ao mesmo tempo gera humor por ser uma
pré-adolescente. Já a história de Mitsuo com seu
pai Nakano, pouco é explorada, o que parece deixar a trama vaga; o máximo que acontece é Mitsuo cobrar 20 mil
reais para entregar os documentos que Roberto precisa, também
para quitar dívidas.


Mare
Nostrum
, frase da bandeira de Praia Grande e mais tarde nome do
condomínio do terreno, é um filme que tem pouco
aprofundamento, apesar do sentimentalismo transmitido nos diálogos.
Acaba se tornando um filme lento e cansativo, devido a esses dois
fatores, pois não cativa o espectador, mesmo tendo elementos
que poderiam ter feito isso.




Título: Mare Nostrum

Direção: Ricardo Elias

Elenco: Silvio Guindane, Ricardo Oshiro, Carlos Meceni, Lívia Santos, Ailton Graça, Cesar Mello, Vera Mancini, Teka Romualdo, Edson Kamedo, Naruna Costa

Sinopse: Roberto (Silvio Guindane) e Mitsuo (Ricardo Oshiro) são dois desconhecidos que, após uma série de coincidências, voltam para o Brasil no mesmo dia, depois de um longo tempo no exterior. Eles se encontram devido a um terreno que foi negociado por seus pais décadas atrás e decidem tentar ganhar dinheiro em cima do local. No entanto, eles entram em conflito quando começam a achar que o lote possui poderes mágicos.

Trailer:
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