Crítica: Feministas: O que elas estavam pensando? (2018, de Johanna Demetrakas)

Atualmente, se declarar feminista é, muitas das vezes, comprar briga com meio mundo. Por terem a ideia equivocada e generalizada do movimento, a maioria das pessoas, e até mesmo mulheres, acabam repudiando um movimento de muitas lutas, afirmação e principalmente, busca por igualdade de gêneros.

Neste novo documentário da Netflix, veremos depoimentos de várias mulheres, muitas delas precursoras do movimento nos Estados Unidos, além de fotos do livro Emergence, de Cynthia MacAdams (que inspirou o documentário), que ilustra de forma muito avassaladora e ao mesmo tempo intimista, como essas mulheres eram à época do boom do feminismo, na década de 70.

A maioria das mulheres retratada é do campo artístico e dessa forma somos brindados com a arte rebelde de Judy Chicago, a presença imponente das maravilhosas Jane Fonda, Lily Tomlin, Meredith Monk, entre outras; a melodia do violino de Marcy Vaj, a música diferenciada de Laurie Anderson, a música já consagrada de uma das musas do The Mamas and The Papas, Michelle Phillips, assim como a beleza indiscutível de Funmilola Fagbamila.


Fazendo um comparativo de suas vidas antes de aderirem ao movimento, durante a adesão e após, trazendo para a atualidade algumas questões importantes, os depoimentos, por vezes melancólicos, por vezes inspiradores, trazem consigo reflexões necessárias para a compreensão de parte do universo feminino e por conseguinte, o feminismo em si, que levanta principalmente, a descoberta do ser mulher, socialmente, profissionalmente e sexualmente falando.

A trilha sonora, composta por uma música principal contendo batuques de tambores e vocal melódico, e ainda músicas das artistas que nos contam um pouco de suas vidas, nos leva a uma jornada leve sem forçar a barra para nosso interesse pelo tema, mas ao tempo todo nos instigando a devorar todo o conteúdo.

Temas tabus, como aborto, igualdade de raças dentro do feminismo, nudez, entre outros, são postos na mesa de maneira muito natural, elegante e leve; algo que mulheres tem um dom secreto de fazerem, sem a necessidade de serem apelativas ou duras; não que isso não deva fazer parte de suas essências, como falado em um dos depoimentos.


Há momentos que nos emocionam e confesso ter me arrepiado e deixado algumas lágrimas escorrerem ao ver o depoimento de Malala Yousafzai, o desabafo de Cheryl Swannack, a história de Phyllis Chesler e os questionamentos de Margaret Prescod. 


Contudo, apesar de ser uma obra de relevância, de anseio de um público que precisa se conectar ao movimento, principalmente face aos acontecimentos atuais, em que cada vez mais a onda conservadora tem tomado conta dos poderes públicos, o documentário acaba sendo um pouco raso, face à sua proposta. O que nos instiga no título é saber o que elas de fato estavam pensando, mas a sensação que temos é que não ficamos sabendo nem da terça parte do que elas pensaram, na época. 


Aloma Ichinose, a quem, juntamente com Kate Millett, o documentário é dedicado



Título Original: Feminists: What Were They Thinking?

Direção: Johanna Demetrakas


Elenco (depoimentos): Cynthia MacAdams, Judy ChicagoJane Fonda,  Lily Tomlin, Meredith Monk, Marcy Vaj, Laurie Anderson, Michelle Phillips, Funmilola Fagbamila, Cheryl Swannack, Phyllis Chesler, Margaret Prescod, Celine Kuklowsky, Wendy J.N. Lee, Sally Kirkland, Z. Budapest, Anne Waldman, Catharine Stimpson, Aloma Ichinose, Joan Kellerman, e outras.

Sinopse: A partir de fotos dos anos 70, que captaram o despertar do feminismo, o filme mergulha na vida das mulheres retratadas e explora a permanente necessidade de mudança.

Trailer:


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