A Equipe do Blog Comenta: As Vantagens de Ser Invisível (2012, de Stephen Chbosky)

Lançado em 2012, baseado no livro homônimo de Stephen Chbosky, também diretor e roteirista do filme, As Vantagens de ser Invisível é sempre lembrado como um dos melhores filmes do gênero, com um elenco de referência ao universo adolescente da época. Aproveitando a temática do filme sobre depressão e outros problemas psicológicos, juntamente à campanha do “Setembro Amarelo”, alguns membros do MVDC comentaram suas impressões sobre o filme.

Igor Motta Gil comenta:

Reproduzir os dramas de adolescentes problemáticos vivendo conflitos amorosos enquanto andam pelos corredores de uma escola americana talvez seja o clichê dos clichês no cinema. Toneladas de filmes com essa mesma premissa são lançados todos os anos, até a Netflix entrou na onda e, recentemente, encheu seu catálogo de produções originais dentro desse gênero, e devo dizer que são, em grande parte dos casos, bem ruins. Poucos conseguem alcançar um patamar de sensibilidade que consiga captar o turbilhão de sentimentos que passa pelas nossas mentes quando somos jovens, gerando quase um Olimpo entre aqueles filmes que assim fazem, possibilitando os mais insensíveis de reviverem seus adolescentes rebeldes e incertos que habitam um interior há tempos esquecido.

Fica visível aqui que nem de longe esse mundo “teen” é meu gênero favorito. Então, quando digo que As vantagens de ser Invisível é uma grata surpresa, eu realmente quero demonstrar a gratidão de ter assistido esse filme. O poder que essa história tem de recordar o quão intenso o Ensino Médio pode ser, principalmente para aqueles que não se encaixavam nos padrões socialmente estabelecidos, chega em um nível de empatia e reciprocidade que são comoventes, além de muitas outras coisas.

O filme retrata, principalmente, problemas psicológicos entre adolescentes, transbordando para outros temas como relacionamentos abusivos, homossexualidade, preconceito e as formas como as mais peculiares diferenças unem as mais diferentes pessoas, quase como uma tática de sobrevivência em um ambiente inóspito, como a escola e o mundo ao redor dela. A vida fica um pouco mais fácil quando se tem amigos, principalmente aqueles que nos amam pelo quão diferentes podemos ser.



Charlie, o protagonista, sofre de inúmeros desses transtornos, que vão desde ataques de pânico, crises de ansiedade à depressão e fobia social, mas isso não o coloca como uma pessoa imune de fazer algo errado. Talvez esse seja um dos pontos mais altos do filme: Charlie, embora seja um adolescente com seus problemas, não se torna imune de magoar e ferir aqueles que mais ama através de suas atitudes.



A trilha sonora é um show por si só, deixa qualquer apreciador de uma boa música indie-retrô com vontade de morar dentro do filme. Poderia gastar linhas e mais linhas sobre como a direção casou muito bem cada música com as cenas do filme, mas acho que posso exemplificar com apenas a cena do túnel. É quase impossível não sentir um arrepio quando Charlie fala “eu me sinto infinito”, ou mesmo não sentir vontade de juntar uns amigos e procurar o túnel mais próximo para cantar Heroes a todo pulmão.

As vantagens de ser Invisível é o tipo de filme capaz de derreter o coração dos mais céticos quanto ao valor das ficções da vida adolescente (como o autor desse comentário, devo confessar). Mas claro, estamos aqui trabalhando com um ponto fora da curva, até ousaria dizer um dos melhores filmes “teen” dos últimos anos. Um nítido resultado de quando colocamos o autor do livro em que fora baseado como roteirista e diretor do filme.

Mais do que recomendo.



Lívia Martins comenta:

As vantagens de ser Invisível é um daqueles filmes sobre a adolescência que não é clichê. A adolescência é um período incrível, onde vivemos nossas primeiras experiências, e também situações que nunca se repetirão ao longo da vida. Desde os primeiros beijos e as paixões inocentes a brigas e decepções. Neste momento conturbado, cheio de sensações e emoções, criamos lembranças que iremos recordar com carinho. É uma fase que nossas atitudes oscilam de adultas a infantis.



As vantagens de ser Invisível
conta a história de Charlie
(Logan Lerman), de 15 anos, que vive imerso em livros e em um mundo de solidão.
Ao voltar para a escola se sente invisível até conhecer Patrick (Ezra Miller) e
Sam (Emma Watson), que também possuem a mesma condição de não se destacar.

Particularmente acho este filme poético e com uma fotografia incrível. Stephen Chbosky conseguiu criar uma atmosfera mágica onde conseguimos entender todas as emoções que o protagonista passa enquanto o enredo acontece. Heroes, de David Bowie e toda a trilha sonora que cobre o filme merece ser mencionada com louvor.



Observamos todo o crescimento e a auto-descoberta de Charlie e entendemos então algumas de suas aflições, pois com estas novas amizades, Charlie passa então a fazer parte de um novo mundo de descobertas que influenciam em sua personalidade, inclusive o fazendo recordar de traumas do passado. 


“Eu me sinto infinito.” e “a gente aceita o amor que acha que merece” são citações marcantes deste filme. Não posso deixar de citar que muitas vezes me vi em algumas cenas, e me senti recordando meu passado. Como era bom quando os problemas eram apenas o de ser jovem.



Matheus Pestana comenta:

As Vantagens de Ser Invisível não é só
mais um filme adolescente. O longa de 2012 é dirigido por Stephen
Chbosky, sendo também a adaptação de seu próprio livro de 1999.
Geralmente quando vemos filmes “coming of age“, criamos quase que de
imediato a expectativa do que esperar: convenções clichês, relações
baseadas em status social; bem definidos ou simplórios. Mas o filme
oferece uma nova perspectiva do gênero. Envolve-se em temas fundamentais
da adolescência, como as expectativas que criamos da vida,
dependência emocional, as complicadas relações familiares e de como o
amor e trauma podem relacionar-se. 

O
desenrolar da história vem das recentes experiências de Charlie (Logan
Lerman). Um certo retrato sobre deixar acontecer, flexibilidade e
abandono repentino rodeia o cotidiano do personagem. O protagonista faz
com que criemos conclusões precipitadas sobre o gênero do filme, mas em
contrapartida, a direção de Chbosky consegue esconder traumas e ao
mesmo tempo falar sobre crescimento e desenvolvimento pessoal. 

Não
é difícil identificar-se com as ideias de insegurança do filme, mas é o
contraste entre os três personagens principais que torna tudo tão
único. Patrick (Ezra Miller) e
Sam (Emma Watson) ajudam Charlie a se perceber e socializar. Seu
desenvolvimento emocional é construído pela confiança na amizade. Outra
ideia bem executada do longa é sobre como as experiências simples
são aquelas que podem nos mudar totalmente por dentro. O filme não se
deixa prender por conceitos literais ou padronizados, cria-se a partir
de relações e experiências. 



Conforme
as relações avançam, os personagens revelam que traumas não são apenas
cicatrizes, são também aprendizado. Existe uma sutil mobilização da
sombra de uma relação conturbada. Junto a isso, é entregado um senso de
impotência que torna todas as personagens vulneráveis a decepções e
surpresas de crescimento e maturidade. Charlie quer superar sua
dependência emocional; ele quer deixar seus traumas, mas ao seu redor
aprende que é melhor aceitá-los para então conseguir mover-se para
frente. 



O
longa retrata como a juventude pode ser cruel e ao mesmo tempo plena.
Parte dela configura as incertezas; reflexos de quem nós esperamos ser e
quem realmente somos. O roteiro é puro e esperto. Existem segredos, mas
estes não se sobressaem à narrativa, que é desenvolvida diante das
incertezas e expectativas de tornar-se adulto ou abandonar traumas e
tornar a amar. 


Título Original: The Perks of Being a Wallflower

Direção: Stephen Chbosky

Elenco: Logan Lerman, Emma Watson, Erza Miller, Kate Walsh, Paul Rudd e Nina Dobrev

Sinopse: Charlie, nas dificuldades de começar o ensino médio em uma escola nova, após um traumático incidente, se vê perdido e sozinho em meio ao novo mundo. Na tentativa de vencer os próprios problemas emocionais e socializar, Charlie conhece Sam e Patrick, veteranos do último ano, que o apresenta ao grupo dos excluídos da escola.


Trailer:
Gostou do filme? Mais ainda da crítica? Deixe aqui nos comentários o que achou e não deixe de acompanhar a programação do MVDC.

Deixe uma resposta