Crítica: Jovens Titãs Em Ação! Nos Cinemas (2018, de Aaron Horvath e Peter Rida Michail)

A alteração de visual e características dos personagens pode ter conspurcado a animação Jovens Titãs, na visão dos fãs. Muitos, demasiadamente, passaram a ter uma ideia totalmente ignorante dessas escolhas sem dar uma oportunidade de ver o resultado futuro e a escolha que a própria Warner tomou. Seria leviano afirmar que algo poderia deturpar ainda mais a nova linha criada e projetada para esse novo público alvo. A Warner Bros., evidentemente, passa por momentos de mudanças para conduzir esses itens do seu catálogo no mundo da DC. Porém, algo que sempre funcionou é o universo explorado nas suas séries animadas. E não foi diferente com o mais recente filme Jovens Titãs Em Ação! Nos Cinemas. A DC Comics encontrou a sua essência e precisava desse “ponto de virada” para revitalizar o seu mundo dos heróis de forma colorida e inteligente.

Robin está cansado de não ser reconhecido como um herói de verdade e, ao lado dos outros titãs, Ravena, Mutano, Ciborgue e Estelar decide de uma vez por todas ter esse reconhecimento desejando estrelar um filme, já que os outros heróis estão muito bem engajados no cinema. Para isso, entretanto, precisam encontrar o verdadeiro arquirrival da equipe e deixarem, de uma vez por todas , de serem alvo de piadas. Eis que eles encontram o “manipulador de mentes”, Slade Wilson, o Exterminador. Só não contariam que no percurso desse caminho, haveria algo muito maior.

Tendo um roteiro básico, porém eficiente, a metalinguagem da história contribui massivamente para que o filme brinque com esse universo dos heróis, trazendo boas referências tanto dentro da DC quanto em outras esferas desse mundo, principalmente de sua “rival”, Marvel. Sim, o outro universo é uma das partes mais satisfatórias da película e, até mesmo por já terem os Jovens Titãs estabelecidos, conseguem criar uma boa narrativa de entreter tanto o público infantil quanto adulto com essa questão. Quem não lembra do trailer sobre os heróis confundirem Slade Wilson com Deadpool? A mesclagem foi a fórmula perfeita que o estúdio encontrou para o desenvolvimento do filme. E não somente isso, as referências da cultura pop dão incríveis realces ao filme, tanto com as diversas partes musicais quanto com menções aos filmes clássicos presentes dentro da trama. Adultos e crianças rirão das piadas e referências que existem dentro da película usadas de forma inteligente e pontual.

Todo o teor da trama é usado para debater todas as críticas relacionadas a ascensão cinematográfica dos heróis ultimamente, com produções gigantescas que atendem à demanda, algo que não foi explorado de forma inteligente durante os anos 90, uma escassez que deixou os fãs órfãos dessas produções, à epoca. Não é à toa que a maioria das cenas se passam justamente dentro dos estúdios Warner. Mas não é somente isso que a trama tenta mostrar, mesmo que haja quem pense que o filme não passe a sua mensagem para uma reflexão, como toda animação geralmente é. O filme lembra que nossas escolhas podem afetar as duas partes, independente de quais forem elas, e que a fama pode ser prejudicial à vida daqueles que possuem enormes ambições, levando ao afastamento das verdadeiras amizades. 

Algo que poderia ser mais trabalhado e aprofundado foi exatamente esse encaixe das escolhas que poderiam dar um gás maior ao filme. Não que deixe de trabalhar nesse jogo, porém as escolhas que Robin fizera poderiam ter impactado mais nos seus amigos dando fluidez ao assunto, algo que foi espaçado rapidamente, um mero detalhe. Os Jovens Titãs são mais dos mesmos da série animada, ganham até um gráfico mais delineado para o filme, mas apresentam a zona de conforto do elenco. Slade Wilson é mais caricato, um vilão com sua austeridade determinada, mas com o clichê de conquistar o mundo, como quase todo vilão quer. Outro destaque é para a dublagem brasileira que consegue impor a linguagem “abrasileirada” com nossas gírias e piadas do nosso dialeto, deixando mais próximo do público e, claro, usando as vozes originais da série animada.  

Jovens Titãs Em Ação! Nos Cinemas é uma auto-crítica inteligente. Consegue expôr toda a sua ideia de brincar com o próprio mundo e rir das escolhas pertinentes do momento vivenciado atualmente, cativa até mesmo os mais ignorantes e encontra o caminho que deve ser seguido nessa virada. Uma ótima surpresa do gênero com reais chances de buscar uma vaga no Oscar em animação. E vale a lembrança: há um curta antes do início do filme sobre a Batgirl. Também temos uma cena pós-credito que pode deixar encucados os mais adultos e fãs de Jovens Titãs.


Título Original: Teen Titans Go! To The Movie 


Direção: Aaron Horvath e Peter Rida Michail

Elenco: Scott Menville, Greg Cipes, Tara Strong, Khary Payton, Hynden Walch, Kristen Bell, Will Arnett, Nicolas Cage, Jimmy Kimmel, Halsey e Lil Yachty

Sinopse: Robin, Ciborgue, Estelar, Ravena e Mutano são os Jovens Titãs. Ao perceberem que todos os super-heróis estão estrelando filmes, eles decidem se mobilizar para também ter espaço nas telonas. O líder do grupo, Robin, está determinado a ser visto como um astro e com ideias malucas e até uma canção eles partem em busca de um diretor de Hollywood, mas acabam enganados por um supervilão.
Trailer:



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