Crítica: Madame Bovary (2014, de Sophie Barthes)

Quando um filme é derivado de um livro que já fora lido ou que se conhece muito da história, é impossível não fazer comparações. Portanto, falando sob uma ótica comparativa, não temos uma adaptação muito fiel. Muitas coisas foram excluídas e omitidas no filme, coisas que eram primordiais para a construção dos personagens, principalmente do Senhor e Madame Bovary. Em contrapartida, para quem não leu e nem pretende ler a incrível obra de Gustave Flaubert, podemos ter um bom filme; um pouco arrastado, mas um bom filme.

A história se passa no interior da França, no século XIX, e vai nos contar a história de Emma, uma garota que costumava ser feliz, sorridente, cheia de ideias e de expectativas para seu futuro, mas essa garota cheia de vida e entusiasmo durou até ter-se tornado a Madame Bovary, esposa de um casamento arranjado com um médico muito conhecido do interior, Charles Bovary.

Charles era apaixonado por Emma, sempre a tratou bem e fora fiel, mas nada disso parecida bastar para sua esposa, que parecia sempre infeliz e insatisfeita com qualquer coisa que seu marido fizesse. Para ela, aquela rotina onde nada acontecida estava lhe sufocando, beirando ao tédio. Culpando seu marido por isso que, para ela, era o maior responsável para lhe entreter e proporcionar coisas boas, Emma começou a buscar novas distrações, mas nenhuma delas moralmente legais, tornando-se uma pródiga adúltera. Aqui temos um belo retrato do caos que o tédio pode causar em uma pessoa que desde cedo já fora consumida pelo perigo da ingenuidade e ilusão.

Além do fator negativo da pobre adaptação dessa história tão clássica, temos também um roteiro desenvolvido de forma demasiadamente lenta que, pelo menos, é privilegiado por um ótimo figurino, fotografia, e boas atuações, especialmente de Mia Wasikowska (Alice no País das Maravilhas, Segredos de Sangue, Tracks). Contudo,  às vezes, temos a impressão de que o filme é tão lento de forma proposital, para que sintamos tanto tédio quanto a Madame Bovary. E se for isso, deu certo, pois muitas vezes nos sentimos entediados e dispersos até sermos fisgados novamente por algum diálogo forte e reflexivo dos personagens.

Madame Bovary acabou sendo mais uma adaptação para se dizer que não fora fiel à obra original, bem como não possui um estilo de filme que agradará a todos os públicos, no entanto, vale a pena assistir para tirar suas próprias conclusões de como fora trabalhado os temas abordados na época em questão: consumo compulsivo e adultério. 
Título Original: Madame Bovary

Direção: Sophie Barthes

Elenco: Mia Wasikowska, Ezra Miller, Henry Lloyd-Hughes, Laura Carmichael, Logan Marshall-Green, Morfydd Clark, Olivier Gourmet, Paul Giamatti, Rhys Ifans, Richard Cordery.

Sinopse: Na França do século XIX, a bela esposa de um médico do interior se afoga de dívidas e casos extraconjugais para aliviar seu tédio e suas frustrações.

Trailer:

1 thoughts on “Crítica: Madame Bovary (2014, de Sophie Barthes)”

  1. concordo com a crítica: esta adaptação cinematográfica excluiu trechos importantes do enredo do livro como a bebê de Madame Bovary…

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