Crítica: O Touro Ferdinando (2017, de Carlos Saldanha)

”Tão grande e tão fofo” é o jeito mais sensível de deduzir a animação O Touro Ferdinando, uma animação que pegou o público de surpresa, pelo seu enredo de contar as aventuras do touro mais conhecido das telas – com o seu primeiro curta na década de 30, criado pela Disney, sendo premiado com o Oscar – , onde abrange não só às diferenças que o personagem tem, mas sobre questões sociais e até políticas, já que no atual cenário mundial, a Espanha e a região da Catalunha “brigam” por uma separação e a abordagem da animação reflete diretamente com uma das práticas do país basco: A Tourada. 

Ferdinando é um touro diferente dos outros do rancho. Desde sua infância, Ferdinando jamais teve a vontade de lutar e ser conhecido publicamente como um touro de arena, enquanto os demais sonham com essa vida, a única possibilidade de glória para eles. Assim, Ferdinando cria sua personalidade e, com a morte do seu pai em uma batalha na tourada, decide fugir para algo melhor, e é onde ele conhece Nina, uma menina que o acolhe em sua humilde casa e lhe dá a comodidade que sempre tivera em seu pensamento, com muito amor, carinho e sua maior paixão: flores. Com o passar dos tempos, Ferdinando se torna um grande touro e após uma confusão no festival de flores de um vilarejo, tem sua vida novamente retornando as suas origens, para o rancho de onde fugiu. Com isso, as aventuras começam a seguir o rumo do clímax, para o desenrolar da história e emocionar quem o assiste

Carlos Saldanha já declarou que esse foi o trabalho mais difícil realizado em todos os seus anos na Blue Sky Studios, onde criou o aclamado A Era do Gelo. Vimos o porquê foi um dos trabalhos mais desafiadores para ele. Um personagem selvagem, como é o touro, e trazer uma humanidade para Ferdinando, criando uma “linha do tempo” onde diferenças possam traduzir normalidade em criar um novo ser, ter uma ideologia de pensamento. Em um mundo quase totalmente racista, seja por quaisquer gêneros, o filme aborda muito a questão da parceria entre seres diferentes, com a amizade entre a criança e o touro, vivendo em plena harmonia. Já na outra parte do filme, os sentimentos sensíveis que o touro passa durante a batalha contra o toureiro comovem o público, trazendo sua conquista particular de que violência não resolve tudo, quebrando paradigmas de lutas por causas mais importantes.

Mas como se trata de uma animação infantil, o roteiro peca um pouco na quebra de ritmo. Algumas cenas servem apenas para aliviar a “tensão” da verdadeira mensagem transmitida. A batalha dos touros contra os cavalos é umas delas, trazendo até mesmo para o lado de Ferdinando, os adversos pensamentos que os outros touros tinham sobre seu respeito. Outra das raras boas cenas de comédia são as aparições dos ouriços Uno, Dos e Quatro – entenderá após assistir o filme da falta de alguém – que aliviam todo o teor de clima. Uma personagem que também chama bastante atenção é a cabra Lupe. Solitária, dramática e melancólica, ela consegue construir uma boa amizade com Ferdinando, trazendo uma ótima química entre eles ao ponto de um ajudar o outro, seguindo o mesmo contexto das diferenças serem normais.

A trilha sonora é outra coisa para ser destacada. As músicas caem bem e são perfeitamente colocadas nas horas mais descontraídas do filme. Vale o destaque para as músicas de Pitbull, Nick Jonas e Juanes. As equipes de dublagem, tanto internacional quanto nacional, também se destacam. Por aqui, Maísa, Otaviano Costa e Thalita Carauta entregam muito bem suas vozes. No original, destacam-se John Cena, Kate McKinnon, David Tennant e até o surpreendente Peyton Manning – surpresa por ser um ex-jogador de futebol americano e estar pela primeira vez fazendo este tipo de trabalho -. Mesmo se tratando de uma animação, a fotografia também vive sempre em constante harmonia visual, alterando demais a sua palheta de cores em diversos lugares, o que enriquece ainda mais a animação de Carlos Saldanha.
Por fim, O Touro Ferdinando consegue transmitir tudo aquilo que promete. Aborda diferenças de gêneros, cria novas personalidades de harmonia e vivência, traz emoção que cativa quem assiste e principalmente, a violência não é a única forma para resolver as coisas. A Tourada é uma das coisas mais covardes existentes em todo o planeta, um assassinato aclamado por pessoas que não tem coração e um pingo de decência. A tolerância existe, só que os limites não são respeitados!



Título Original: Ferdinand

Diretor: Carlos Saldanha

Elenco: John Cena, Kate McKinnon, David Tennant, Gina Rodriguez, Bobby Cannavale, Anthony Anderson, Flula Borg, Daveed Diggs, Peyton Manning, Gabreil Iglesias, Miguel Ángel Silvestre, Jerrod Carmichael

Sinopse: Ferdinando é um touro com um temperamento calmo e tranquilo, que prefere sentar-se embaixo de uma árvore e relaxar ao invés de correr por aí bufando e batendo cabeça com outros touros. A medida que vai crescendo, ele se torna um touro forte e grande, mas com o mesmo pensamento. Quando cinco homens vão até sua fazenda para escolher o maior, melhor e mais forte animal para touradas em Madri, Ferdinando é escolhido acidentalmente.

Trailer:

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1 thoughts on “Crítica: O Touro Ferdinando (2017, de Carlos Saldanha)”

  1. É interessante, não? Também achei uma excelente produção. O Touro Ferdinando se encerra com um saldo positivo e vai divertir adultos e crianças. É uma história bonita e necessária quanto a aceitar as diferenças dos outros, já que, às vezes, só queremos ser autênticos como o protagonista: ficar na sombra do carvalho, quietinhos e cheirando as flores. Honestamente, é um dos melhores filmes de animação. O elenco também é sensacional! Bobby Cannavale é um ator ótimo para os filmes familiares. Recém o vi em Jumanji o filme é muito divertido! É um dos melhores filmes de aventura e comédia, uma viagem cheia de diversão, emoção e aventura. Esta muito bem adequada para que qualquer membro da família possa ver e ficar encantado com a história. Gostei muito como se desenvolve a história.

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