Crítica: Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe (2017, de Noah Baumbach)





Esse ano, a Netflix teve dois filmes selecionados para a competição oficial em Cannes. Okja foi lançado há alguns meses e já é considerado um dos melhores filmes de 2017, agora, Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe também chegou ao catálogo da Netflix e assim como Okja, surpreende positivamente.


Harold Meyerowitz (Dustin Hoffman) é um artista arrogante e resmungão, ele recebe a visita dos filhos Matthew (Ben Stiller), Danny (Adam Sandler) e Jean (Elizabeth Marvel) para que eles vejam a exposição que uma faculdade vai fazer sobre seu trabalho. Com a família inteira reunida, os conflitos surgem e vários traumas do passado são passados a limpo.



Dirigido e roteirizado por Noah Baumbach,  o roteiro é o principal ponto positivo do filme, ele é dinâmico, rápido, consegue se aprofundar bem nos temas escolhidos e nas histórias dos personagens sem ser massante. O desenvolvimento narrativo ocorre em capítulos, dedicados a dar mais foco em um personagem, mas nunca se perde o fio da meada, a atenção principal é na família Meyerowitz. Ele abrange vários temas diferentes causando identificação imediata com algumas das histórias. O humor irônico pode te remeter a alguns filmes do Woody Allen, mas não se engane, Noah deixa sua marca registrada e ainda que faça filmes peculiares, deixa um legado próprio para o cinema contemporâneo.



A relação familiar é muito bem tratada pelo roteiro, várias facetas da paternidade são mostradas de diferentes formas. O pai que elege um filho como preferido e deixa os outros de lado, outro que zela muito pela filha e não aceita a independência e a maturidade que ela adquire e o pai que não está presente e tenta manter uma relação virtual com o filho. Até a relação com as madrastas são assertivas, embora pinceladas rapidamente sem muito aprofundamento. Além disso, Noah consegue transmitir verdades nas visões dos filhos, todo mundo ali tem que lidar com frustrações da vida adulta e entender que os pais também erram e que esses erros causam marcas permanentes.

A edição oscila um pouco, as vezes parece confusa ao cruzar as histórias, não digo isso nem pelos cortes secos, que são propositais, mas as transições realmente ficaram estranhas e ela era essencial aqui, pensem em Animais Noturnos ou Dunkirk, que são recentes e um pouco mais complexos, nos dois casos, a edição foi fundamental para as transições de uma história para outra, em Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe a edição deixa um pouco a desejar.



Chegamos o outro ponto essencial de Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe, o elenco. Embora tenha sido bem escalado e bem dirigido, parte do elenco é desperdiçado com poucas cenas, mas todo mundo está super bem em seus papéis, vou só destacar três performances que se sobressaíram dentro desse elenco ótimo. Dustin Hoffman que está hilário, Adam Sandler que está incrivelmente bem e Grace Van Patten (que faz a ilha do personagem do Adam Sandler) que consegue passar uma verdade absurda nos momentos dramáticos, além de ter uma química ótima com o Adam Sandler. 



Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe contém um roteiro único, cheio de reflexões, críticas e ironias, mas que não se superestima em nenhum momento, embora eu deteste essa frase, por soar elitista, ela cabe bem aqui “não é um filme para todo mundo”, pode até não ser, mas é impossível você assistir e não reconhecer sua família nele.



Título Original: The Meyerowitz Stories.


Direção: Noah Baumbach.


Elenco: Dustin Hoffman, Adam Sandler, Ben Stiller, Emma Thompson, Elizabeth Marvel, Grace Van Patten, Rebecca Miller, Adam Driver, Candice Bergen, Judd Hirsch e Sigourney Weaver.


Sinopse: Harold Meyerowitz (Dustin Hoffman) é o patriarca da família, casado com Maureen (Emma Thompson) e pai de Matthew (Ben Stiller), Danny (Adam Sandler) e Jean (Elizabeth Marvel). Escultor aposentado e extremamente vaidoso, ele fica satisfeito ao saber que está sendo organizado uma exposição para celebrar seu trabalho artístico. Só que, em meio aos preparativos, Harold adoece e faz com que todos os filhos precisem se unir para ajudá-lo a se recuperar, o que resulta em várias situações que colocam a limpo traumas do passado.


                              Trailer:



2 thoughts on “Crítica: Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe (2017, de Noah Baumbach)”

  1. Adam Driver é um ótimo ator, é muito talentoso e bonito, não há filme que não me surpreenda. O vi recentemente em Lucky Logan Roubo em Família, se você esta procurando assistir filmes de comedia recentes eu recomendo! É um filme muito bom, é uma boa opção para uma tarde de filmes. Se ainda não tiveram a oportunidade de vê-lo, eu recomendo, na minha opinião, este foi um dos melhores filmes de drama que foi lançado. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio, a historia está bem estruturada, o final é o melhor.

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