Top 10: Melhores Momentos do Cinema de Super-Heróis

Muito se discute sobre a atual “supersaturação” do gênero de super-heróis no cinema: com a Marvel lançando pelo menos dois filmes por ano, a Fox planejando três do universo X-Men para o ano que vem mais as gambiarras da Sony com os vilões do Homem-Aranha e a aparente bagunça em que se encontra o universo da DC… É difícil se manter completamente animado para cada novo lançamento, porém não podemos esquecer das cenas marcantes que esse gênero trouxe para nós, por isso separo aqui dez momentos que eu considero gloriosos em filmes de super-herói. Nem preciso dizer que haverá spoilers, não é?

10 – A morte de Zod (O Homem de Aço)

Considerada por muitos como uma quebra da personalidade do personagem, a cena em que Superman mata Zod após a batalha épica sobre o céu de Metropolis é avassaladora e certamente deixa um impacto no espectador. É uma atitude extrema? Certamente, entretanto compreensível se analisada do ponto de vista desesperado do personagem naquele ponto da narrativa: Zod deixa muito claro que não há mais sentido em sua vida, seu único objetivo agora é descarregar toda a raiva acumulada após o oponente impedir tudo aquilo que ele planejou. O modo como Snyder filma essa cena não é harmonioso, e nem poderia ser: a câmera tremida passa uma sensação de insegurança e o plano fechadíssimo no rosto dos personagens coloca suas expressões acima de tudo, é um momento muito difícil e um ponto de virada enorme para a interpretação do Superman do universo da DC.


9 – Time in a Bottle (X-Men: Dias de um Futuro Esquecido)



O Mercúrio de Evan Peters é, muito provavelmente, a melhor coisa do universo dos X-Men da Fox nesses filmes mais recentes. É um personagem carismático, estiloso e que consegue utilizar os artifícios da linguagem cinematográfica (principalmente a trilha sonora diegética e os efeitos especiais) a seu favor; ele acaba sendo um personagem tão bem realizado, na verdade, que o Mercúrio do Universo Cinematográfico da Marvel, apresentado um ano depois, teve que morrer logo em seu primeiro filme porque não chegava nem aos pés. Não é coincidência, então, que a cena que chamou a atenção de todos que assistiram X-Men: Dias de um Futuro Esquecido acabou sendo a com a maior presença do personagem, um longo slow-motion em que a única força atuante é um garoto se movendo mais rápido que a compreensão de todos ao seu redor. Sim, a cena da mansão de X-Men: Apocalipse expandiu esse conceito, porém nada pode chegar perto da magia de assistir algo assim pela primeira vez.


8 – A abertura (Batman: O Retorno)

Batman: O Retorno não é um filme particularmente realista, mas não precisa ser; Tim Burton é um diretor conhecido principalmente por sua identidade visual gótica e, nas duas histórias do morcego dirigidas por ele, o nascimento do Pinguim que abre o filme é o momento em que sua visão se une graciosamente com a narrativa de forma mais bela. A abertura desta obra é executada quase como se pertencesse ao gênero de terror: os ângulos de câmera, o choro do bebê ecoando pela mansão, a trilha sonora de ópera… É tudo um pouco exagerado, porém uma criança matando um gato e sendo abandonada no rio pelos pais não pede exatamente uma direção presa ao realismo, não é mesmo?


7 – “Vencendo o vilão com dancinha” (Guardiões da Galáxia)



Os filmes do universo da Marvel nunca se levaram completamente a sério, são entretenimento puro da mais alta qualidade e aceitam esse papel, contudo nada chega perto do que foi o primeiro Guardiões da Galáxia, quase que uma paródia das produções do estúdio e, ironicamente, considerada por muitos a melhor delas. Auto-referencial e com um senso de humor maravilhosamente bobinho do início ao fim, a obra chega a seu ápice com nada menos do que uma solução para o problema do terceiro ato completamente anticlimática, mas que se encaixa no proposto pela narrativa até aquele momento: quando o vilão Ronan finalmente consegue a joia do infinito, tudo parece perdido e nada pode detê-lo… Até que Peter Quill resolve distraí-lo cantando Ooh Child e desafia o vilão para uma batalha de dança na frente da multidão perplexa (que neste caso pode muito bem representar a plateia no cinema). É um momento que fecha o filme de maneira inusitada, porém inevitável.


6 – Revertendo a rotação da Terra (Superman: O Filme)



Esqueça toda a lógica por um momento, qualquer aula de Física ou noção prévia de tempo e espaço que você pensa possuir e foque na poesia desta cena. Ao encontrar Lois Lane morta, Superman é atingido por um meteoro de realidade imenso do nada. Até aquele momento, a kriptonita era a única fraqueza para o homem que podia fazer tudo e a audiência permanece em um estado de choque, juntamente com o protagonista, após presenciar o roteiro quebrar uma das principais regras do cinema blockbuster: nunca mate o interesse amoroso. A decisão já corajosa se mostra ainda mais surpreendente ao quebrar isso novamente; o personagem não está nem aí para nada e só quer ver Lois viva, para isso decide executar um movimento tão aleatório e que vai contra tudo que seu pai lhe ensinou que se torna na verdade muito belo; e funciona, é claro.


5 – A união faz a força (Os Vingadores)



A eficiência e gloriosidade deste momento se resume em uma palavra: expectativa. Desde a primeira cena pós-créditos do MCU, lá em 2008 no primeiro Homem de Ferro, o público que já conhecia os personagens esperava ansiosamente pela “grande reunião”, aquele filme em que todos os heróis se uniriam para lutar contra um mal em comum. O resultado todos já conhecemos: Os Vingadores possui, hoje, a quinta maior bilheteria da história; dinheiro arrecadado não é sinônimo de qualidade, mas nesse caso funciona bem. Todos os easter eggs, todas as falas de Nick Fury, o final de Capitão América: O Primeiro Vingador… Tudo nos trouxe a esta cena: os heróis na rua, Bruce Banner chega e nos dá a melhor linha de diálogo do filme e, após isso, a câmera começa a girar ao redor dos protagonistas enquanto estes encaram o perigo iminente… Haja coração.


4 – Orange Man (Corpo Fechado)



Em Corpo Fechado, desconstrução do gênero de super-heróis de M. Night Shyamalan, Bruce Willis interpreta David Dunn, um homem que descobre ser invulnerável a danos e doenças; na cena em questão, David resolve usar suas habilidades como um justiceiro: decide ir atrás de um zelador (de uniforme laranja, daí o “nome” Orange Man) que está mantendo uma família prisioneira. É um momento simples, porém executado de maneira dramática e poética com a fabulosa trilha sonora de James Newton Howard acompanhando; tudo é filmado de maneira muito sensorial, desde a câmera subjetiva quando o herói descobre seu ponto fraco até o slow-motion que antecede a luta. Esta é provavelmente a cena em que Shyamalan mais ostenta seu talento como diretor.


3 – Créditos iniciais (Watchmen)



Você pode gostar ou não do resto do filme, mas tem que admitir que pelo menos os créditos iniciais de Watchmen são fantásticos. Após o violento prólogo do filme, que já apresenta o tom da produção, Snyder nos presenteia com uma montagem muito bem realizada e estilosa para dar contexto histórico à narrativa: a sequência de momentos em câmera lenta conta a história alternativa dos EUA daquele universo (que coincidentemente é bem parecida com a nossa) nos conturbados anos 40 aos 80 acompanhados por The Times They Are A-Changin’, que casa tão perfeitamente que a canção poderia ter sido escrita para o filme. Presenciamos acontecimentos reais, porém com os personagens do filme, bem estilo Forrest Gump, em lindíssimos planos em slow-motion que criam uma expectativa enorme para o que veremos no resto da história.


2 – Câmera de cabeça pra baixo (Batman: O Cavaleiro das Trevas)



Considerado por muitos como o melhor filme de histórias em quadrinhos da história do cinema, O Cavaleiro das Trevas possui muito mais momentos épicos e memoráveis, praticamente todos eles envolvendo a atuação de Heath Ledger, do que o seu filme comum de verão, e pra mim a cena que mais se destaca é justamente a última em que vemos o antagonista da produção. Batman e Coringa se encontram em um prédio em construção e, após um pequeno duelo físico, o morcego acaba jogando o palhaço prédio abaixo, o puxando de volta com seu arpão logo em seguida, óbvio. Quando os dois se encontram cara-a-cara novamente, o antagonista, agora de cabeça pra baixo mas ainda no controle da situação de uma forma, começa seu monólogo sobre insanidade enquanto a câmera lentamente começa a se ajustar com seu ponto de vista até o espectador observar tudo de cabeça pra baixo também. É uma decisão bem simples, porém ridiculamente eficiente.


1 – Raindrops Keep Falling On My Head (Homem-Aranha 2)

Você já deve ter percebido, pela inclusão da cena da dança de Guardiões da Galáxia e do giro da Terra de Superman: O Filme na lista, que eu simplesmente adoro quando um filme não tem medo de aceitar sua natureza bobinha com muita coragem ou muito senso de humor; no caso, considero a montagem com Raindrops Keep Falling On My Head de Homem-Aranha 2 o exemplo supremo disso. Sam Raimi é um diretor autoral, felizmente a Sony deu uma quantidade razoável de liberdade criativa para ele dirigir os dois primeiros filmes da trilogia do aracnídeo; enquanto no primeiro o cineasta se encontrava um pouco tímido em relação a seus exageros, o segundo é um festival de direção. O roteiro é relativamente simples, porém a execução das cenas na mão de Raimi é maravilhosa: os close-ups dramáticos, os planos abertos que se transformam rapidamente em plano-detalhe através de um zoom frenético, a forma como o prédio Osborn é apresentado, tudo contribui para um filme muito bem humorado tanto na narrativa quanto na técnica cinematográfica. A dita montagem musical é o ápice disso: abre com o brilho enorme do sol na câmera e fecha com um quadro congelado do rosto do protagonista, é puro cinema.


BÔNUS:
Não dá pra falar de Homem-Aranha 2 sem incluir essa cena, é praticamente possível ouvir o Raimi gargalhando enquanto filma:




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