Crítica: Rei Arthur: A Lenda da Espada (2017, de Guy Ritchie)




Quando o diretor Guy Ritchie (ex-marido da Madonna) surgiu nos anos 90, junto com Quentin Tarantino, Robert Rodriguez e Danny Boyle; todos faziam parte de um seleto grupo de cineastas com identidade e pegada própria, trazendo obras subversivas e estilosas. Ritchie entregou Jogos, Trapaças e Dois Canos FumegantesSnatch – Porcos e Diamantes e outras crônicas sobre o crime. Em anos mais recentes e em tempos de superproduções, o cineasta trouxe os bons e às vezes injustiçados Sherlock Holmes com Robert Downey Jr. e o charmoso O Agente da U.N.C.L.E. Dito isto, sua nova empreitada é esta releitura da clássica lenda do Rei Arthur e seus Cavaleiros da Távola Redonda. Com uma pegada moderna e pop, “toneladas” de efeitos especiais e um pouco de liberdade, Ritchie entrega o típico blockbuster barulhento, bobo mas divertido, onde ainda mantém traços de sua autoria. 




A trama mostra as origens da lenda, está tudo aqui: Arthur, a espada Excalibur, os cavaleiros, a fantasia, os combates. Tudo numa história de origem agitada e conturbada. O longa apresenta alguns problemas. Charlie Hunnam (Círculo de Fogo) segura as pontas como o herói, mas falta carisma ao ator, restando apenas seu porte físico. Há um elenco estelar subutilizado, como Djimon Hounsou e Eric Bana. E até o jogador (e “divo pop”) David Beckham faz uma participação especial, porém atuando tão bem quanto um poste de concreto. O longa apresenta uma megalomania exagerada, com muito CGI, monstros, slow motions e mamutes gigantes (parecidos com os de O Senhor dos Anéis). A direção e a edição são tão frenéticas quanto um filme dos Transformers do Michael Bay, com algumas cenas durando segundos, o que passa uma sensação ambígua: de uma lado é eletrizante e muito bem elaborado, de outro é confuso e retalhado. A trilha sonora tenta, mas falha em passar faixas que remetam a urgência e o teor épico da obra.




Porém, os efeitos especiais não são apenas bons, mas de primeira linha, melhores que muitos filmes da Marvel e DC. A ação é boa, a mesma edição que é apressada, em contrapartida é moderna e traz algumas montagens interessantes, especialmente na passagem do tempo e em alguns momentos de ação. A direção de Ritchie continua trazendo singularidades. Ele consegue inserir elementos pop modernos em ambiente clássicos, como batidas eletrônicas na trilha sonora, diálogos e ações futuristas (dada a trama épica) e um bem-vindo humor ácido e sutil. Há planos abertos que mostram o cenário de um ponto de vista superior, nos remetendo a um jogo de estratégia medieval. Há um tom sombrio coerente, pois a trama pede isso, mas sem nunca deixar de ser uma aventura familiar. Outra surpresa é Jude Law entregar um interessante vilão, com motivações, dor e perdas; algo que anda faltando no cinema recente, vilões de porte. O ator entrega um desempenho muito bom e enriquece o filme em algo que nem se imaginava. 


Talvez, Rei Arthur: A Lenda da Espada seja o filme mais comercial de Guy Ritchie, mas o cineasta ainda prega seu estilo em pequenos detalhes. A trama atualiza o conto de maneira ágil, une o o clássico e o moderno de maneira decente. Não será lembrado entre os melhores do ano, mas não merece aparecer entre os piores. É uma obra divertida e que não merecia o fracasso que foi (um dos filmes mais caros de 2017, e uma das menores bilheterias). Agora, resta esperar e ver se Ritchie seguirá nas superproduções, ou voltará para suas inteligentes crônicas criminosas. 



Título Original: King Arthur: Legend Of The Sword


Direção: Guy Ritchie


Elenco: Charlie Hunnam, Astrid Bergès-Frisbey, Jude Law, Djimon Hounsou, Eric Bana, Aidan Gillen, Katie McGrath, Freddie Fox, Annabelle Wallis, David Beckham.


Sinopse: Arthur (Charlie Hunnam) é um jovem das ruas que controla os becos de Londonium e desconhece sua predestinação até o momento em que entra em contato pela primeira vez com a Excalibur. Desafiado pela espada, ele precisa tomar difíceis decisões, enfrentar seus demônios e aprender a dominar o poder que possui para conseguir, enfim, unir seu povo e partir para a luta contra o tirano Vortigern, que destruiu sua família.


Trailer:





Imagens:

   



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