Crítica: Atômica (2017, de David Leitch)



Como diretor, David Leitch tem basicamente dois filmes, além
do próprio
Atômica, foi responsável pelo bom John Wick: De Volta ao Jogo. E, no
próximo ano promete entregar o tão esperado
Deadpool 2. Visando
esses três filmes, se dermos uma olhada no elenco, hype e qualidade apresentada
em sua penúltima obra, percebemos que David Leitch promete ter uma ótima
carreira. E para
Atômica (seu segundo
filme), já adianto que é tão bom quanto, ou talvez melhor, do que o primeiro.

Lorraine Broughton (Charlize Theron), uma agente disfarçada
do MI6, é enviada para Berlim durante a Guerra Fria para investigar o
assassinato de um oficial e recuperar uma lista perdida de agentes duplos. Ao
lado de David Percival (James McAvoy), chefe da localidade, a assassina brutal
usará todas as suas habilidades nesse confronto de espiões.


De cara já nos é apresentado o estilo do filme, fotografia
fria com uma saturação harmônica, como contraste neon, atrelamento do recurso
de edição com a tensão da trama, além da clara e extremamente presente trilha
sonora. Trilha sonora que é um espetáculo, apresentando as melhores coisas dos
anos 80. Sem falar de um trabalho de som equilibrado por Tyler Bates.

Contudo, temos um roteiro que no geral é bom, mas erra em
alguns pontos. Principalmente (pelo menos os únicos percebidos) na
construção de linhas de enredo, praticamente todas as histórias e tramas paralelas que
cercam a personagem principal tem uma construção que particularmente acabam sendo ruins ou simplistas demais, porém o longa acerta na trama principal, e depois desse período de
construção (quase todo o 1º ato), acerta novamente no desenvolvimento dos mesmos.


Na direção também temos problemas, no geral esses problemas
estão na escolha do diretor sobre quais recursos usar para mover a trama. Como temos
uma construção ruim no 1º ato, ele meio que compensa de outra forma, gerando a
partir daí formas de construir tensões e prender o público. Uma dessas foi o
uso constante da trilha sonora, o que não é ruim, mas há momentos em que isso é
perceptível, e quando isso se torna perceptível é o momento em que ocorre o
erro. Felizmente, depois disso só há melhorias.

Com o primeiro ato mediano, partimos para o segundo, e nesse
momento o filme realmente começa. Todo desenvolvimento de trama proporcional,
uma história razoavelmente elaborada, o que pode decepcionar para um filme de ação, mas não
decepciona totalmente, isso, por causa de uma ótima direção. Direção que usa ótimos recursos de
tensão, transita bem entre todas tramas, além de ser algo crescente (o que nos
faz imergir na obra).


Além disso, temos um diretor que brilha na capacidade de
criação de cenas, e quando o filme entra na sua área (ação), ele dá um
espetáculo, dando um dos melhores plano-sequências em anos. Simplesmente sensacional,
além de saber o momento certo do que colocar em cena, segurando muito bem
possíveis exageros no filme. Mesmo assim, tem seus leves escorregões, mas no geral,
depois do primeiro ato, o filme só tende a acertar e crescer.

Nas atuações, temos uma ótima condução de trama nos ombros
de Charlize Theron (Monster – Desejo Assassino, Mad Max: Estrada da Fúria), sendo uma personagem incrivelmente sensual, perigosa e que
ao mesmo tempo traz leveza e fragilidade. O filme vale à pena só por ela, sem
falar de James McAvoy (Fragmentado), simplesmente sensacional, tendo total
conhecimento da sua relevância na trama, e adicionando muito bem  cada uma de suas camadas. De resto, nada de
muito bom ou ruim.


Por fim, Atômica acerta, diverte, entretém e recompensa muito bem cada minuto assistido.
Mais um acerto nas mãos de David Leitch, e com certeza, mais um bom filme
desse ano. Recomendo. 



Atualização: atualmente está no catálogo da Netflix!



Título Original: Atomic Blonde

Direção: David Leitch


Duração: 115 minutos

Elenco: Charlize Theron, James McAvoy, Sofia Boutella, John Goodman, Toby Jones, Eddie Marsan, Til Schweiger.

Sinopse: Lorraine Broughton (Charlize Theron), uma agente disfarçada do MI6, é enviada para Berlim durante a Guerra Fria para investigar o assassinato de um oficial e recuperar uma lista perdida de agentes duplos. Ao lado de David Percival (James McAvoy), chefe da localidade, a assassina brutal usará todas as suas habilidades nesse confronto de espiões.

Trailer:



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