Crítica: Velozes e Furiosos 8 (2017, de F. Gary Gray) A Guerra Civil dos Velozes




Velozes e Furiosos é uma franquia que possui um histórico atípico e peculiar. Primeiramente porquê não foi planejada para ser tão longa, pois inicialmente teria alguns filmes, cada um com uma trama e elenco – explicação do fato do 1° ter Vin Diesel e Paul Walker, o 2° ter Walker com Tyrese Gibson e o 3° em Tóquio com Lucas Black. Porém, o sucesso foi maior do que o esperado e acabou pegando carona em algumas tendências do cinema: super-heróis invencíveis, grandes efeitos especiais, nostalgia, grande elenco se divertindo na ação (Os Mercenários). Assim, mesmo que com ideias basicamente bobas e simples (pode-se dizer ruins), a saga conseguiu se reinventar e “tirar leite de pedra”, criando uma legião de fãs e alcançando bilheterias muito superiores a hits como os filmes da Marvel ou DC. Para se ter uma ideia, Velozes e Furiosos 7 fez mais dinheiro que Vingadores: Era de Ultron, em 2015. E o mais inesperado é que a franquia cresceu com carinho da exigente crítica especializada, com aprovações de 60 a 90%. 


Então chegamos ao oitavo capítulo, agora definitivamente sem Paul Walker. De cara já aviso que o filme é inferior ao anterior, e por duas razões: não tem aquela emocionante homenagem a Paul Walker no final; e sente-se falta da direção certeira e caprichada de James Wan (de Invocação do Mal), com seus ângulos de câmera difíceis e que acompanham as megalomanias e capotadas das eletrizantes cenas de ação. Porém, o cineasta F. Gary Gray assume com competência a cadeira de comando, entregando uma obra divertida. Gray (saído do ótimo Straight Outta Compton: A História do N.W.A.), entrega uma visão interessante e mais íntima. Quando focado no grande elenco, ele mira nas piadas e na diversão que os mesmos propõem. Mas quando focado na ação e nos carros, gruda a câmera nos veículos de tal modo que sentimos as batidas e derrapadas mais de perto. E nota: ele faz isso mesmo em um longa megalomaníaco, com grandes cenários e destruição.




O roteiro é clichê, mas acredite, é certeiro. Propõe piadas bobas para aliviar a tensão, como nos filmes da Marvel, porém mais pontuais. A ação empolga e diverte. É um filme bom para desligar o cérebro e se distrair, porém o mesmo nunca te chama de burro, por mais básico que seja. Traz a velha moral da família, algo que sempre dará certo enquanto desenvolverem isso com sinceridade e sem pretensões. Não se infla demais e isso traz simpatia pela saga. Podemos dizer que depois de Guerra Civil da Marvel e Batman vs Superman da DC, esta daqui é a “guerra civil” dos Velozes, algo que também será usado no próximo Transformers. De início, achava forçado Dom ir para o mal, mas ao assistir ao filme se entende, não trai a proposta da franquia: família é tudo. 

Os efeitos especiais estão bons, mais contidos desta vez, com menos computação e mais locações e carros reais sendo destruídos. A trilha sonora segue em bom ritmo, um grande atrativo. O visual contrasta paletas quentes do início (quando está tudo bem), com outras mais frias (quando os maiores dilemas e confrontos acontecem). A ação é boa, especialmente a clássica corrida de rua no início; e uma sequência de carros zumbis e a família vs Dom. Apenas senti falta de um final mais explosivo. Há sim as clássicas cenas mentirosas, transformando os personagens em um nível de super-heróis. Mas não sejamos hipócritas, se a Marvel e a DC podem fazer isso com fantasias e um “ar de seriedade”, Velozes pode fazer isso com personagens mais “comuns” e tirando sarro de si mesmo.





O grande elenco está à vontade, percebe-se que os atores se divertem com a brincadeira, o que torna gostoso de assistir. Especialmente Dwayne Johnson e Jason Statham, que protagonizam as melhores cenas, hilárias e cheios de carisma. As cenas de Statham com o bebê são demais. E as divas Charlize Theron e Helen Mirren estão deliciosamente caricatas nas suas personagens. O ponto fraco do elenco, no entanto, é o protagonista. Vin Diesel não atua bem, sendo marrento demais. Mas não chega a estragar a diversão.


Velozes e Furiosos 8 proporciona o que promete: ação, comédia, efeitos especiais, barulho, família e grande elenco em tom de brincadeira. Não é incrível, mas longe de ser ruim. Perde para o anterior, mas ainda é melhor que a maioria dos outros filmes da saga. O grande trunfo da franquia é se reinventar sem se levar a sério demais, mas “tira onda” consigo mesmo. Em filmes com pouca história e cenas forçadas, esta leveza é fundamental. Estão confirmados o 9° e 10° filmes, podem vir acelerando! Merece o sucesso que faz e merece ser conferido.



Título Original: The Fate of the Furious



Direção: F. Gary Gray


Elenco: Vin Diesel, Dwayne Johnson, Jason Statham, Michelle Rodriguez, Tyrese Gibson, Charlize Theron, Ludacris, Nathalie Emmanuel, Scott Eastwood, Kurt Russell, Helen Mirren, Lucas Black, Elsa Pataky, Don Omar, Kristofer Hivju, Luke Evans. 


Sinopse: Dom (Vin Diesel) e Letty (Michelle Rodriguez) estão curtindo a lua de mel em Havana, mas a súbita aparição de Cipher (Charlize Theron) atrapalha os planos do casal. Ela logo arma um plano para chantagear Dom, de forma que ele traia seus amigos e passe a ajudá-la a obter ogivas nucleares. Tal situação faz com Letty reúna os velhos amigos, que agora precisam enfrentar Cipher e, consequentemente, Dom.


Trailer:



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