Crítica: A Qualquer Custo (2016, de David Mackenzie)



A Qualquer Custo é o novo filme do diretor britânico David Mackenzie, conhecido pelo belíssimo Sentidos do Amor (2011). Com roteiro de Taylor Sheridan (Sicário: Terra de Ninguém, de 2015), o filme conta a história dos irmãos Howard, que assaltam pequenos bancos pelo Texas.

Apesar da nacionalidade britânica do diretor, a película conta uma história tipicamente texana. Dois irmãos viajam pelo estado e cometem pequenos crimes com o intuito de conseguir uma vida melhor para a sua família. É aí que entra em ação os dois investigadores: Marcus Hamilton, um xerife prestes a se aposentar, e Alberto Parker, seu sucessor. Eles então estabelecem um plano e decidem precipitar a ação dos irmãos.

O enredo pode parecer um tanto quanto batido para os filmes do gênero. Mas este road thriller acaba surpreendendo em sua execução. O roteiro de Sheridan é muito bem desenvolvido e traz personagens interessantíssimos, fazendo com que a relação entre eles seja amplamente desenvolvidas. Tornando-o um filme muito gostoso de assistir.

O ponto alto das relações é a relação entre os dois policias. Toda cena que os os dois investigadores interagem entre si, deixa evidente a química entre o personagem de Gil Birminigham (Conhecido pelo seu papel como Billy Black na saga Crepúsculo) e de Jeff Bridges (O vilão do primeiro Homem de Ferro).

A atuação de Bridges não foi o suficiente para levar seu segundo prêmio do Globo de Ouro pra casa. Mas como o vencedor Aaron Taylor Johnson (por Animais Noturnos) não foi sequer indicado ao Oscar de ator coadjuvante, Jeff Bridges tem uma grande chance de receber a estatueta, levando em conta que o favorito Mahershala Ali (por Moonlight: sob a luz do Luar), vencedor do SAG Awards, não aparece como uma unanimidade entre os candidatos. Vale também lembrar que Jeff Bridges já ganhou o Oscar por Coração Louco, filme de 2009, o que mostra a importância que o ator tem para a academia.

A parceria dos irmãos Howard não fica pra trás, nem em química entre os atores e nem nas situações em que os personagens se envolvem. Ben Foster (X-Men: O Confronto Final e Justiceiro) faz o papel do irmão mais velho recém saído da prisão. O típico interiorano inconsequente que arranja briga com qualquer um que lhe olhe torto; e Chris Pine (Nova saga Star Trek e Sorte no Amor) faz o papel do irmão mais novo desiludido pelo seu divórcio recente e decide fazer os assaltos, junto com o seu irmão.

Indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro original, o filme mostra sua capacidade de desenrolar uma ótima história de uma storyline tão batida e explorada pelas películas hollywoodianas. Apesar de alguns momentos de monotonia no segundo ato, é surpreendente a forma como Sheridan trabalha muito bem, tanto as sequências de ação como as cenas entre os parceiros e consegue escrever um grande filme sobre a amizade, fazendo jus a sua indicação. Já no terceiro ato, temos um belo clímax e um excelente desfecho para a obra.

Quanto a possibilidade de vitória no Oscar, é quase certo que La La Land vença por roteiro original, levando em conta o histórico recente da academia, os filmes premiados como melhor roteiro são os com chance real de levar a estatueta de melhor filme pra casa. E, sinceramente, por mais legal que A Qualquer Custo seja, já alcançou seu auge sendo indicado na categoria.

A última indicação fica por conta da edição do filme, que é um edição simples e não chama a atenção para ela, apesar dos fracos concorrentes neste quesito nesse ano, parece que a fita está fadada, também, a apenas figurar 2007 nesta categoria.

O toque final do filme é a trilha sonora composta pelos músicos Nick Cave, Warren Ellis (a dupla também é responsável pela trilha sonora de O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford, de 2007, estrelado por Brad Pitt). A trilha traz ainda mais este clima americano para o filme de Mackenzie, intercalando inúmeros tipos de músicas regionais do Texas, e finalizando com a grandiosa Outlaw State Of Mind de Chris Stapleton. E se esse Oscar, se esse Oscar fosse meu, ele certamente seria indicado e premiado com a estatueta da categoria, apesar da obviedade da vitória de La La Land.

Apesar de achar um bom filme, não acho que mereça a nota que a nossa outra visão deu, beirando a película a perfeição. O filme tem suas falhas e um argumento nada interessante, o que não o marca como uma das grandes obras a serem lembradas daqui para a frente.

Título Original: Hell or High Water

Direção: David Mackenzie

Elenco: Chris Pine, Jeff Bridges, Ben Foster e Gil Birminigham

Sinopse: Dois irmãos, um ex-presidiário e um pai divorciado com dois filhos, perderam a fazenda da família em West Texas e decidem assaltar um banco como uma chance de se restabelecerem financeiramente. Só que no caminho, a dupla se cruza com um delegado, que tudo fará para capturá-los.

Trailer:





E vocês, pessoal. Já assistiram o filme? Estão maratonando para o Oscar? Diz aí nos comentários o que achou e se tem chance de levar alguma estatueta frente aos filmes mais aclamados nessa época.

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