Crítica: The Rocky Horror Picture Show (1975, de Jim Sharman) – O Clássico Musical de Terror!



Uma comédia musical de terror. Três gêneros do cinema que normalmente não estariam juntos, se não fosse The Rocky Horror Picture Show.


Um símbolo de contracultura e clássico cult, Rocky Horror foi lançado em 1975 e sua trama é sobre uma bizarra noite na vida do casal recém-noivado, Brad e Janet. Recheado de músicas contagiantes, personagens únicos e muito humor, é um clássico dos anos 70 que marcou gerações e que até hoje, mesmo após 41 anos de seu lançamento, ainda conquista milhares de fãs.




Um fundo preto e uma boca expressiva cantando uma música chamada Science Fiction – Double Feature. Uma icônica cena inicial, simples e comprida, de um clássico que ficará para sempre na memória dos cinéfilos e fãs.


A história de The Rocky Horror Picture Show é, paradoxalmente, simples e complicada. Brad (Barry Bostwick) e Janet (Susan Sarandon) são noivos que, antes de se casar, desejam visitar um ex-professor, Dr. Everett Scott (Jonathan Adams), que teve um papel importante em seu romance. No meio da viagem, o pneu do carro fura durante uma forte tempestade, e o casal é obrigado a pedir ajuda em um castelo perto dali. É então que conhecem o cientista maluco travesti Frank N. Furter (Tim Curry) e seu grupo de pessoas muito extravagantes, dando início a uma noite cheia de bizarrices acompanhada por inúmeras músicas.




Baseado em uma peça teatral homônima de 1973, de Richard O’Brien, Rocky Horror é dirigido por Jim Sharman (Shock Treatment e The Night of the Prowler) que também é co-roteirista, ao lado do próprio O’Brien (que além de tudo, atua no filme, no papel de Riff Raff). A comédia musical de terror é descrita como uma sárita aos filmes e séries de ficção científica, e como uma homenagem aos filmes B de horror. O longa é uma mistura das principais características dos dois gêneros, juntando-os da melhor maneira possível. O aburdo e surreal da ficção científica, e o estilo  dos filmes B, resultando em situações muito divertidas. E curiosamente, Rocky Horror detém até hoje o recorde de versão teatral mais longa da história do cinema.



As músicas de The Rocky Horror Picture Show são (muito) contagiantes e apaixonantes, que se tornaram clássicos do cinema musical. Além de ter letras inspiradoras e ousadas. Damn It, Janet, Sweet Transvestite, Touch-A Touch-A Touch Me e Don’t Dream It, Be It são algumas das músicas mais marcantes da trilha sonora. O modo como as músicas são introduzidas no enredo não são clichês e monótonas, são completamente inusitadas. Tem vezes em que demora um pouco para uma canção começar, mas outras em que uma canção encaixa na outra, desenrolando a trama. A história maluca do filme somada às músicas, difere Rocky Horror dos outros musicais da época, que eram as básicas histórias “água com açúcar” com desfechos felizes (características indispensáveis de um filme musical até então, mas Rocky Horror mostrou que não é bem por aí).





Um dos grandes atrativos do filme é a peculiaridade dos personagens, mesmo os que tem um papel relativamente menor do que os protagonistas. Cada um é muito interessante e tem suas características próprias, fazendo assim com que muitas pessoas fiquem obcecadas por qualquer personagem da trama. Não é raro ver fãs aficionados por Columbia (Nell Campbell), Magenta (Patricia Quinn), Riff Raff (Richard O’Brien) e Rocky (Peter Hinwood). Porque assim como os protagonistas, eles são personagens muito chamativos e interessantes. Não se pode esquecer também as atuações de todo o elenco, que foram unanimemente ótimas. Principalmente Tim Curry na pele de Frank N. Furter, que é um dos pontos mais fortes (e marcantes) de Rocky Horror, tornando-se um símbolo do próprio filme. Sua brilhante atuação foi de extrema importância para a construção desse personagem, que com sua voz forte e postura dominante, rouba a cena em vários momentos. Além da atuação de Susan Sarandon, muito nova na época e bem diferente de qualquer outro papel em que a vimos atuando.

Na época de seu lançamento foi ignorado pela maior parte da crítica, e duramente criticado pela minoria que prestou atenção. No entanto, acabou atraindo milhares de fãs que se apaixonaram pelo filme, tornando Rocky Horror em um “filme da meia-noite”, filmes B e de baixo orçamento (ou longas em geral que não tinham tanta visibilidade na época, que atraiam minorias e grupos menores) que eram exibidos em cinemas independentes em sessões à meia-noite. Muitas pessoas iam mais de uma vez assistir ao longa, se vestiam como os personagens e imitavam as cenas que estavam passando na tela. Falando todas as falas e cantando todas as músicas (algo bem parecido com o que é mostrado no livro, e também filme, As Vantagens de Ser Invisível, de Stephen Chbosky). Essas apresentações e interações sociais do público deram origem a uma definição de contracultura, movimento contrário às práticas dominantes da época. Fazendo com que Rocky Horror se tornasse não só um marco para os filmes underground, mas um símbolo de contracultura. Mesmo após tanto tempo, ainda existem cinemas, casas de artes, casas universitárias e outros locais independentes que exibem o longa à meia-noite. E claro que não faltam os fãs vestidos de meia-calça e maquiados como o icônico Frank N. Furter.

The Rocky Horror Picture Show teve uma grande importância social e sexual, e não apenas cultural. É importante ressaltar que na época do lançamento, a simples menção da homossexualidade já atraía olhares estranhos. Então nem é preciso dizer que os mais conservadores tremeram ao ver Frank N. Furter vestindo uma lingerie feminina, calçando um salto plataforma e usando uma maquiagem extravagante. Isso também contribuiu para seu status contracultural de “filme da meia-noite”, pois juntava as mais diferentes minorias. É claro que hoje em dia, o choque já não é tão grande, pois a representatividade no cinema de personagens LGBT já cresceu muito em relação àquela época. Por isso ao assistir, é interessante levar em conta o ano em que foi lançado (1975).

Uma pérola que não foi reconhecida de imediato, que precisou de um tempo para ganhar reconhecimento internacional e status de cult. The Rocky Horror Picture Show é um filme único que pela história marcada por sua peculiaridade e audácia, suas músicas e seus personagens, conquistou não só seu espacinho especial nesse vasto mundo cinematográfico, mas os corações de muitas pessoas que são completamente apaixonadas pelo filme. Um clássico que jamais envelhecerá. Uma espécie de freak show de baixo orçamento que jamais será esquecido.





Título Original: The Rocky Horror Picture Show


Direção: Jim Sharman


Elenco: Tim Curry, Susan Sarandon, Barry Bostwick, Richard O’Brien, Patricia Quinn, Nell Campbell, Jonathan Adams, Peter Hinwood, Meat Loaf, Charles Gray


Sinopse: Influenciado pelo matrimônio de um grande amigo, Brad Majors (Barry Bostwick) decide pedir sua noiva, Janet Weiss (Susan Sarandon), em casamento. Antes da cerimônia eles partem em uma viagem de carro, mas acabam se perdendo. Para piorar a situação, o carro quebra e está chovendo bastante. Eles vão até um castelo próximo em busca de ajuda e são recepcionados por Riff Raff (Richard O’Brien), o criado do dr. Frank N. Furter (Tim Curry), dono do local. Brad e Janet estranham o visual e o comportamento de todos, sem imaginar que Frank N. Furter dedica a vida à libido e o prazer. Seu novo plano é criar um homem musculoso, Rocky (Pter Hinwood), que possa atender aos seus anseios sexuais.


Trailer:




O REMAKE


O remake televisivo do clássico Rocky Horror, de 1975, irá se chamar The Rocky Horror Picture Show: Let’s Do the Time Warp Again (em referência à música do longa original, Time Warp). Vai ao ar no dia 20 de outubro desse ano no canal FOX, nos EUA. Será dirigido pelo, já experiente em musicais, Kenny Ortega (Dirty Dancing, Xanadu e High School Musical). E contará com um elenco com atores conhecidos nos papéis principais:


Laverne Cox (Sofia de Orange is the New Blac‘) como Frank N. Furter
Victoria Justice (Victorious e Eye Candy) como Janet Weiss
Ryan McCartan (Liv & Maddie) como Brad Majors
Reeve Carney (Dorian Gray de Penny Dreadful) como Riff Raff
Adam Lambert (cantor do American Idol) como Eddie


Além de contar com uma participação especial do próprio Tim Curry, como o criminalogista. O remake seguirá a história do original, mas terá uma pegada diferente e seguirá seu próprio estilo. É possível ver as diferenças no visual de cada personagem, mostrando uma adaptação mais contemporânea do clássico. As músicas também terão estilos diferentes, como confirmado pela atriz Laverne Cox em uma entrevista. Então se prepare para ver muitas diferenças! Confira a sinopse, imagens, trailer e alguns previews divulgados:


Sinopse: Remake moderno do clássico de 1975, The Rocky Horror Picture Show acompanha um casal que prestes a se casar, parte em uma viagem de carro antes da cerimônia. Porém, no meio do caminho o carro quebra e eles decidem procurar ajuda e encontram o castelo do Dr. Frank N. Furter, um cientista maluco que dedica sua vida ao prazer. O que eles não sabem é que dentre seus planos, Furter quer criar Rocky Horror, um homem que possa satisfazer seus desejos sexuais.


Imagens:





Previews:





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