Crítica: O Exorcista(1973, de William Friedkin)

Eu nunca havia assistido O Exorcista até alguns dias atrás. Quando eu era mais novo, sempre ouvia as crianças na minha escola dizendo que era bom porque era assustador. Após me tornar cinéfilo, não tive interesse imediato pelo filme. Como as pessoas em geral diziam que era ótimo, eu não me animei com o filme. Minhas experiências de assistir um filme porque todos os meus amigos diziam que era bom não foram tão agradáveis. Havia caído em filmes como Transformers, X Men: Origens Wolverine e Cada Um Tem A Gêmea Que Merece. Quando descobri que o filme era dirigido por William Friedkin, o diretor de The French Connection, eu me senti obrigado a assistir. Como neste mês o blog terá exclusivamente críticas de terror, esta foi a oportunidade perfeita para apreciar esta obra. E que experiência incrível é assistir O Exorcista.


O filme conta a história de Regan – interpretada por Linda Blair -, uma menina que basicamente é possuída pelo demônio. Os primeiros 10 minutos do filme são espetaculares num ponto de vista de fotografia e direção. William Friedkin, por meio de muito poucas falas, mostra ao público que tudo que precisa saber sobre um certo objeto que será importante mais tarde no filme. Após essa sequência, o filme passa um tempo mostrando o dia-a-dia de Chris – interpretada por Ellen Burstyn -, e, nessa parte, Friedkin parece estar em sua zona de conforto. Ele usa planos abertos que vão se aproximando por meio de zoom do personagem que quer ser mostrado. É um recurso usado até com um certo exagero em Operação França. À medida em que o filme vai ficando mais pesado e tenso, o diretor mostra sua habilidade para lidar com a situação. Ele usa alguns planos longos que funcionam muito bem com algumas situações que os personagens lidam de maneira fria e racional, quando deveriam estar apenas tentando ajudar a Regan e Chris, e além disso, faz alguns enquadramentos lindíssimos.

O diretor faz um excelente trabalho ao estabelecer a conexão de Regan com o público. A personagem é agradável, simpática e gentil. A atuação de Linda Blair também é muito boa. As escalas do desenvolvimento da personagem até a possessão ficam muito claras e isso se deve ao trabalho da atriz e à paciência que o filme tem. Nada acontece correndo, o filme toma seu tempo e não apressa o desenvolvimento de nenhuma parte da história. Outra que está excelente é Ellen Burstyn, uma das minhas atrizes prediletas. Acredito que a atuação dela em ‘Requiem For A Dream’ ainda seja a melhor de sua carreira (e uma das melhores atuações femininas de todos os tempos), mas essa é definitivamente uma de suas melhores performances. Jason Miller interpreta o padre. Ele está muito bem no filme. Ele convence perfeitamente em seu personagem.

Porém, eu tenho um problema com a inclusão do personagem na narrativa. O filme gasta muito tempo mostrando o padre antes dele ter uma real relevância para a história. Há apenas uma informação importante que o público precisa saber mais pra frente na história, e se ele fosse introduzido na história pouco tempo antes de ter um papel claro, não faria falta. Em 10 minutos o filme poderia ter resolvido esse personagem, e isso atrapalha a coesão da obra em geral.

A cena do exorcismo em si, é absolutamente perfeita. Atuações, direção, roteiro, iluminação e edição de som funcionam perfeitamente em conjunto.

No meio do filme, ele abre uma pergunta envolvendo o diretor do filme em que Chris está atuando. O jeito que o filme responde essa pergunta é absolutamente genial. Não é necessária exposição, explicação ou nada do tipo. Apenas a cena acontece e o espectador tem que ligar os fatos por si mesmo, o que é muito bom. Um dos principais problemas dos filmes atuais de terror é assumir a burrice do público, e essa cena é totalmente o contrário disso.

Outras atuações que chamam atenção são a do sempre competente Max Von Sydow, que dá um show no começo do filme e a de Lee J.Cobb, que não tem uma participação grande mas quando aparece rouba a cena.

O Exorcista podia ser bem mais curto. 1h50 ou no máximo 2 horas seriam o suficiente. Mas atuações excelentes, fotografia lindíssima, roteiro muito bem escrito e uma direção ótima o elevam ao posto de um dos melhores e mais importantes filmes de terror de todos os tempos.

Título Original: The Exorcist

Direção: William Friedkin

Elenco: Linda Blair, Ellen Burstyn, Jason Miller, Max Von Sydow, Mercedes MacCambridge, Donna Mitchell, Jack MacGowran, Lee J.Cobb, Thomas Bermingham

Sinopse: Em Georgetown, Washington, uma atriz vai gradativamente tomando consciência que a sua filha de doze anos está tendo um comportamento completamente assustador. Deste modo, ela pede ajuda a um padre, que também um psiquiatra, e este chega a conclusão de que a garota está possuída pelo demônio. Ele solicita então a ajuda de um segundo sacerdote, especialista em exorcismo, para tentar livrar a menina desta terrível possessão. 


 Trailer



Já assistiu a O Exorcista? O que achou do filme? Comente e obrigado por ter lido!

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