Crítica: A Maldição da Floresta (2015, de Corin Hardy)

Dos filmes de terror lançados em 2015, foram as produções independentes de baixo orçamento e de menor reconhecimento do público em geral que mais chamaram a atenção e foram ovacionados pelas críticas especializadas. Dentre elas posso citar o excelente ‘Corrente do Mal’, ‘Boa Noite, Mamãe’ e esse ‘A Maldição da Floresta’ (péssimo título recebido em território nacional), que chamou a atenção no festival de Sundance, sendo extremamente elogiado. A partir daí que começa o problema pois, com tantos elogios e críticas positivas e claro com um trailer pra lá de empolgante, minhas expectativas ficaram altíssimas e talvez foi o fato de esperar algo surpreendente ou diferente que acabei me decepcionando um pouco com ele. Mas, uma coisa não tenho dúvidas, o filme é bom, muito bom, principalmente se comparado com a mediocridade que foi o gênero em 2015.

Na trama somos apresentados ao conservacionista Adam Hitchens (Mawle), a sua esposa Clare (Novakovic) e o seu filho recém-nascido. Eles mudaram para uma remota floresta na Irlanda devido a uma proposta de emprego. No entanto ao chegarem na casa nova, a família é alertada pelos habitantes do local que aquelas florestas são sagradas. Logo eles descobrem que os bosques são habitados por seres misteriosos que querem fazer mal a criança. Agora o casal terá que sobreviver e lutar para proteger seu filho das estranhas criaturas.


A produção na verdade consegue se sair bem praticamente em quase tudo. O tom sério e sombrio é construído de forma excepcional, aqui não temos espaço para adolescentes burros e idiotas, até porque a história é centrada em um casal e seu filho recém-nascido. Outro ponto positivo é o roteiro ágil, que vai direto ao ponto, sem enrolações e sem muitas explicações. O suspense é bem construído e a tensão é envolvente e sufocante, e o fato de existir uma criança na situação torna tudo mais impactante. 


A fotografia é interessante e adequada ao tom sombrio do filme. As paisagens irlandesas são belíssimas, as florestas úmidas, cobertas por musgos são um atrativo a mais para a produção e perfeita para história que em certos momentos lembram um contos de fadas macabro. Mas, de todos o pontos positivos são os monstros que realmente se destacam aqui, eles são surpreendentemente bem feitos, mérito da direção de artes e de maquiagem que fizeram um trabalho digno de uma superprodução. O fato de o diretor demorar revelar a aparência deles deixou tudo mais impactante e interessante de se acompanhar. Também é importante ressaltar a mitologia que criaram em torno das criaturas, que foram baseadas em contos e lendas irlandesas, deixando o roteiro mais rico e atrativo.



As atuações de Bojana Novakovic e Joseph Mawle estão acima da média e ambos conseguem segurar as pontas até o final do longa, muitos podem reclamar da falta de mortes e até de sangue (eu sinceramente fui um desses, queria pelo menos ver umas mortes gratuitas, só por diversão) mas entendo que esse não é o propósito do história, até porque ele funciona mais como um terror psicológico do que um terror sanguinolento. A direção do estreante Corin Hardy não é ruim e muito boa em algumas cenas, como a do porão e as sequências na floresta.

Enfim, em uma análise geral o filme se sai muito bem porém, é no final que ele derrapa nos clichês do gênero e peca por seguir uma conclusão previsível e sem ousadia, mas ainda assim é um filme que vale a pena ser conferido e que até consegue passar no final a questão do desmatamento de florestas. Muitos compararam a produção com os trabalhos de Guilheme Del Toro, principalmente por misturar fantasia com terror e realmente lembra os filmes dele, servindo até como um motivo a mais para conferi-lo.

NOTA: 8,0

Título Original: The Hallow 

Direção: Corin Hardy

Elenco: Joseph Mawle, Bojana Novakovic, Michael McElhatton, Michael Smiley, Gary Lydon, Stuart Graham, Conor Craig Stephens, Joss Wyre.




Trailer:









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