Oscar 2015: ‘Foxcatcher – Uma História que Chocou o Mundo’ (2014, de Bennett Miller, indicado a 5 Oscar, incluindo Melhor Ator)

Foxcatcher – Uma História que Chocou o Mundo é um dos mais elogiados filmes do ano e concorre a 5 Oscar, que incluem: Melhor Ator para Steve Carrel, Melhor Ator Coadjuvante para Mark Ruffalo, Melhor Diretor para Bennet Miller, Melhor Roteiro Original e Melhor Maquiagem e Penteado. Por um lado o filme tem vários méritos e narra uma história real um pouco diferente, sobre um crime que ocorreu em um ambiente incomum. De outro lado é um filme parado, quase chato, que poderia ser bem melhor do que realmente foi. Dentre os filmes do Oscar deste ano, Foxcatcher aparece como o menos bom.

Na trama, acompanhamos o lutador greco-romano Mark (Channing Tatum), que para de treinar com seu irmão e campeão David (Mark Ruffalo) e entra para a equipe de luta do excêntrico milionário John du Pont (Steve Carell). A partir daí vemos Mark entrar cada vais mais fundo no universo de du Pont, em meio a treinos puxados, uso de drogas, tudo do mais caro e as extravagâncias do milionário. Com a reaproximação de David ao seu irmão, du Pont começa a ficar estranho. O roteiro do filme em si é muito bom, diferente da maioria dos dramas e suspenses, mesclando bem os dois elementos de forma sutilmente original. Presenciamos a péssima relação entre du Pont e sua mãe, o medo de Mark sob a sombra campeã de seu irmão mais velho, a reaproximação dos irmãos Mark e David e uma provável relação homossexual entre du Pont e Mark. Esta relação não é explícita, apenas dá-se a entender, explicando mais um pouco o motivo de tudo sair do controle.

O maior problema do filme é a falta e quebra de ritmo. Há momentos bem parados, beirando o tedioso. A falta de uma trilha sonora forte e de alguma movimentação deixam o filme um tanto arrastado, afastando um pouco o público do longa. A direção, embora boa, não faz nada grandioso e a montagem é que justamente deixa o filme lento. O que acaba valendo de fato é a atuação do trio principal, que é realmente muito boa. Mark Ruffalo (que concorre na categoria coadjuvante) já havia mostrado potencial em filmes menores, como Minhas Mães e Meu Pai ou Mesmo Se Nada Der Certo. E aqui o cara tem uma ótima atuação, com uma caracterização diferente e bem mais forte. Uma grande surpresa é Channing Tatum mostrar que sabe sim atuar, saindo daqueles papéis bobos onde tira a camisa e faz o público feminino ingênuo ficar estérico. Em um momento finalmente maduro em sua carreira, ele merece pontos por fazer um papel mais difícil, que exige dele dramaticidade. Há uma cena em que ele pune a si mesmo e quebra um espelho com a cabeça, onde inclusive acabou se cortando de verdade. Sinal de total entrega ao papel. E Steve Carell (merecidamente indicado ao Oscar) finalmente tem o papel de sua vida, saindo daquela imagem de comediante que conseguiu em filmes como O Virgem de 40 Anos e Agente 86. A maquiagem de Carell é terrível (no bom sentido), deixando-o quase irreconhecível. Sua atuação e seus trejeitos excêntricos, aliados a esta maquiagem tornam ele um diferencial não apenas no filme, mas em toda a sua carreira.

No final das contas, Foxcatcher – Uma História que Chocou o Mundo não choca tanto assim, principalmente por ser bem parado. Porém, as estranhas situações e características dos personagens, junto com as atuações realmente surpreendentes é que carregam e sustentam todo o filme. No desenrolar, o drama dá lugar a um suspense tipicamente britânico, com um trágico desfecho. Quem acompanhou tudo na época lembra desta polêmica história dos bastidores esportivos. Vale conferir.

Direção: Bennett Miller

Elenco: Steve Carell, Mark Ruffalo, Channing Tatum, Sienna Miller, Anthony Michael Hall.

Sinopse: o campeão olímpico de luta greco-romana, Mark Schultz (Channing Tatum) sempre treinou com seu irmão mais velho, David (Mark Ruffalo), que é também uma lenda no esporte. Até que, um dia, recebe um convite para visitar o milionário John du Pont (Steve Carell) em sua mansão. Apaixonado pelo esporte, du Pont oferece a Mark que entre em sua própria equipe, a Foxcatcher, onde teria todas as condições necessárias para se aprimorar. Atraído pelo salário e as condições de vida oferecidas, Mark aceita a proposta e, assim, se muda para uma casa na propriedade do milionário. Aos poucos eles se tornam amigos, mas a difícil personalidade de du Pont faz com que Mark acabe seguindo uma trilha perigosa para um atleta.

Trailer:

Deixe uma resposta