Crítica: A Menina que Roubava Livros (2013, de Brian Percival – Indicado ao Oscar de Melhor Trilha Sonora)

Continuo fazendo breves postagens atrasadas. Agora falarei deste filme que infelizmente foi esnobado no Oscar 2014. A Menina que Roubava Livros é um dos grandes ‘best-sellers’ mundiais. Muitos amam a obra e devido a isso adaptá-la às telonas seria perigoso. Felizmente, o filme em questão consegue ser uma grande adaptação. Mesmo não lendo o livro, pelo que pesquisei e pelos comentários dos fãs da obra literária, o filme está bem fiel. Aqui minha crítica se baseará na produção cinematográfica, sem fazer comparações com o livro. Com uma emocionante trilha sonora (que concorreu ao Oscar deste ano, sua única indicação) assinada pelo mestre compositor John Williams (o cara que fez as clássicas melodias de Tubarão, Star Wars e Superman), o filme irá agradar aos corações mais frágeis e a quem goste de filmes que mostram o nazismo. Se você gostou de O Menino do Pijama Listrado e A Vida é Bela, não pode perder esta produção.

Brian Percival entrega uma direção suave, que mesmo nos momentos parados te faz querer continuar assistindo o filme. Aliás, a produção tem este tom suavizado diante o horror da guerra. O tal roubo que o título propõe se dá de maneira inteligente, servindo de contrapartida para o desenvolvimento da personagem central, suas emoções e suas descobertas diante do que é a vida e a morte. Geoffrey Rush e Emily Watson – os pais da jovem – são coadjuvantes de luxo, veteranos experientes que mostram toda sua carga dramática em cena. Mas o filme é mesmo dela, a bela Sophie Nelisse consegue encantar mesmo sem muita afinidade com as câmeras. Seu olhar meio ingênuo, meio instigante são capazes de atuar por ela mesma e aos poucos revela as descobertas que a personagem vai fazendo. Descobertas ora horríveis, ora esperançosas.

Não é um filme graficamente chocante ou perturbador, mas o final poderá sim levar muitos às lágrimas. O nazismo e as guerras mundiais foram algumas das maiores pragas que este mundo já viu. E A Menina que Roubava Livros chega como mais um retrato disto. Se você não leu o livro, irá se surpreender quanto a quem narra o conto. Foi meu caso! Se você já leu o livro ou viu o filme, fica aquela irremediável sensação de que uma hora ou outra o que tememos acontece. Este fato está aí, à espreita. Por isso, torcemos para que amemos quem nos é importante sinceramente, aproveitemos cada segundo pequeno e doce, que daremos o primeiro (e vários primeiros) beijo e que “roubemos” livros e outras formas de cultura, mesmo que isso signifique quebrar algum tipo de política escravizadora. Estas são algumas das impactantes mensagens que o longa traz. E com certeza, nunca iremos esquecer do rosto desta menina, cujo maior refúgio diante a trágica guerra, foi se aventurar em páginas de uma obra literária – obra esta tão importante quanto o próprio livro que originou este belo filme.





Direção: Brian Percival

Elenco: Sophie Nelisse, Geoffrey Rush, Emily Watson, Ben Schnetzer, Nico Liersch, Julian Lehmann, Gotthard Lange, Rainer Reiners, Kirsten Block, Ludger Bökelmann.

Sinopse: ao perceber que a pequena Liesel Meminger, uma ladra de livros, lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. A mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler. Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura.   

    
    Trailer:


















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