Crítica: O Paciente Inglês: (1996, de Anthony Minghella; Vencedor de 9 Oscars)




Um filme vencedor de 9 Oscars, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor (Anthony Minghella), Melhor Atriz Coadjuvante (Juliette Binoche), Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora e Melhor Mixagem de Som. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Ator (Ralph Fiennes), Melhor Atriz (Kristin Scott Thomas) e Melhor Roteiro Adaptado. Confesso que demorei bastante para ver este filme. Após o término do filme foi que me apercebi de que deveria tê-lo visto antes. Que filme fantástico! Uma obra poderosa, linda e tocante em cada momento. Na trama, Juliette Binoche é Hana, uma mulher que perdeu seu amado na guerra. Enfermeira, ela cuida de um misterioso paciente inglês, com queimaduras por todo corpo. Este paciente (Ralph Fiennes) começa a narrar sua história de amor com uma mulher casada (Kristin Scott Thomas), enquanto que aos poucos começa a lembrar de tristes fatos que o levaram aquela situação.





A atuação coadjuvante de Juliette Binoche é realmente de luxo, digna do Oscar que levou. Mas todos os demais merecem destaque, como Kristin Scott Thomas, Willem Dafoe, Naveen Andrews (da série ‘Lost’), o fantástico Colin Firth, e é claro – nosso protagonista Ralph Fiennes. O roteiro é bom, conduzindo as personagens de forma lenta e competente. O filme vai longe sem ter a mínima pressa. São quase 3 horas de filme, com um ótimo desenvolvimento de cada indivíduo ali presente. A direção do falecido e saudoso Anthony Minghella é espetacular e segura. Ele não tem medo de extrair de cada um do elenco seu melhor, tanto na dramaticidade como no esforço físico. Mesclando cenas fortes com cenas delicadas, este romance irá certamente tocar o coração de quem ainda não teve o privilégio de assistir à obra. Devo dizer que o roteiro não é dos mais fantásticos já feitos. Muito pelo contrário, ele abusa de alguns clichês já vistos em filmes dramáticos e oscarizados. Mas tudo é extremamente funcional, em alguns momentos lembrando grandes clássicos românticos das décadas de 20 e 30, filmes infelizmente esquecidos hoje. Há ainda um pouco de aventura, fazendo honrosa menção ao clássico ‘Lawrence da Arábia’, de 1962. As areias escaldantes e desérticas, além do clima de guerra; trazem um charme à obra.



Falando em deserto, que fotografia majestosa! De John Seale, a fotografia privilegia o ambiente áspero  das dunas e cavernas, traz poéticas cenas como a da abertura e em junção com a direção de arte é um deleite para os olhos. Digna do Oscar com louvor! A trilha sonora é comovente, deprimente às vezes, te transportando para dentro da história e conseguindo fazer com que você se emocione. O filme cumpre todas as ideias propostas. O amor proibido de Ralph Fiennes e Kristin Scott Thomas é quente, sem nunca se tornar vulgar. Destaque para a cena deles na banheira, com um cuidado ímpar da parte do diretor, imprimindo o romance de maneira convincente e bela. Anthony Minghella foi um ótimo diretor malvado, trazendo enredos realmente atordoantes (como outro belo exemplar de sua filmografia: ‘Cold Mountain’). Aos corações fracos, peguem os lenços. A bela e trágica história culmina de maneira melancólica. Pelo menos em parte. Redenção por um lado, um amor perdido por outro.


Palmas para a atuação de Ralph Fiennes, que se entrega mesmo nas cenas em que está desfigurado e queimado, em uma ótima maquiagem. Palmas pela excelência na direção de Minghella e palmas pelo rico conteúdo da produção. Um filme visualmente lindo, figurinos fantásticos e uma direção de arte competente. Diretamente de 1996, este foi um dos últimos grandes filmes de romance épico de Hollywood. Belo na sua apresentação, impactante no seu desfecho; ‘O Paciente Inglês’ é obrigatório para cinéfilos e amantes do cinema cult. Um grande vencedor do Oscar, mas acima disso, um filme completo. Um quente romance, um drama frio, cruas cenas de guerra, uma escaldante aventura; um verdadeiro épico. O triste final me arrepiou, o que é algo raro. A cena é perfeita, o amante carregando a amada nos braços. As lágrimas escorrem, a trilha sonora entra em harmonia e te devasta. ‘O Paciente Inglês’ merece ser visto até as últimas consequências. Termino esta crítica com as emocionantes palavras de Katharine, direcionadas ao seu amado László:


Meu querido; eu
estou esperando-o.
 Quanto tempo
estamos no escuro?
 Uma semana? O
fogo se foi e eu
 estou com frio.
Eu realmente devo
 arrastar-me para
fora, mas então
 deve haver o sol.
Eu estou receosa
 que eu desperdice
a luz nas pinturas,
 não escrevendo
estas palavras. Nós
 morremos. Nós
morremos ricos com
 amantes e tribos,
gosto que nós
 engolimos, corpos
que entramos e
 nadamos acima
como rios. Medos que nós
 escondemos dentro
– como esta caverna.
 Eu quero tudo
isto marcado em meu corpo.
 Onde os países
reais estão. Não limites
 deixados nos
mapas ou os nomes de homens
 poderosos. Eu sei
que você virá me carregar
 para fora, no
palácio dos ventos. Aquilo é o
 que eu quis: para
andar nesse lugar com você,
 com amigos, em
uma terra sem mapas. A lâmpada
 apagou e eu estou
escrevendo na escuridão.”




NOTA: 10




Direção:  Anthony Minghella

Elenco: Ralph Fiennes, Kristin Scott Thomas, Juliette Binoche, Willem Dafoe, Naveen AndrewsColin Firth, Julian Wadham, Jürgen ProchnowKevin Whately, Clive Merrison, Nino Castelnuovo, Hichem Rostom.


Sinopse: no final da Segunda Guerra Mundial, um desconhecido (Ralph Fiennes) que teve queimaduras generalizadas quando seu avião foi abatido e é conhecido apenas como o paciente inglês acaba recebendo os cuidados de uma enfermeira canadense (Juliette Binoche). Gradativamente ele começa a narrar o grande envolvimento que teve com a mulher (Kristin Scott Thomas) do seu melhor amigo (Colin Firth) e de como este amor foi fortemente correspondido. Mas da mesma forma que determinadas lembranças lhe surgem na mente, outros detalhes parecem não vir a lembrança, como se ele quisesse que tais fatos continuassem enterrados e esquecidos.


Trailer:




Trilha sonora:




Canção de Marta Sebestyen:


 

















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