Crítica: Kick-Ass 2 (2013, de Jeff Wadlow)




‘Kick-Ass: Quebrando Tudo’, lançado em 2010; foi uma das melhores surpresas daquele ano, uma das melhores adaptações de HQ e se tornou um de meus filmes favoritos. A insana história de um jovem cidadão cansado de ser assaltado e ser um saco de pancada, que resolve dar uma de super herói e acaba descobrindo que não há nada de “super” nisso; arrecadou elogios mundo afora e fez um seleto grupo de fãs, embora não tenha sido um grandioso sucesso financeiro. A violência explícita, o humor negro e o teor “Tarantinesco” da obra o tornaram um “cult movie nerd” instantâneo. Afinal, qual cidadão nunca ficou revoltado e nunca quis sair por aí distribuindo socos, facadas e tiros nos marginais? Eis que em 2013 surge a segunda parte, também baseada na HQ, e embora seja um dos maiores fracassos de crítica e bilheteria do ano, sem dúvidas – em contrapartida – é um dos mais insanos, ousados e divertidos filmes do ano! Cinema não é apenas Oscar e outros prêmios, aceitação de críticos especializados, filmes estrangeiros, filmes para refletir sobre a sociedade. Também não é apenas superproduções exageradas e lotadas de efeitos especiais. Cinema também é humor irreverente, pancadaria desmiolada e produções mais modestas. E nisso, ‘Kick-Ass 2’ é um ode aos amantes do estilo.



Na trama, o agora menos atrapalhado Kick -Ass (vivido pelo excelente jovem ator Aaron Johnson) tenta convencer sua companheira Hit Girl (a excelente Chloe Grace Moretz, que dispensa apresentações) a voltar à ativa e se juntar a Justice Forever – uma liga da justiça formada pelos cidadãos e liderados pelo Coronel Estrelas (Jim Carrey). Devido à promessa feita ao seu pai, a menina está tentando levar uma vida “normal”. Mas quando o Motherfucker (Christopher Mintz-Plasse, que no primeiro filme era o Red Mist) começa a causar pânico e um rastro de sangue … é aí que o embate acontece. O elenco está ótimo. E de novo Christopher Mintz-Plasse rouba as cenas com seu vilão “tosco” e hilário, soltando pérolas sem sentido todo o tempo. E de novo Chloe Grace Moretz rouba as cenas de ação, com acrobacias loucas e cenas de violência bem exageradas.



A direção desta vez está a cargo de Jeff Wadlow (que tinha no currículo o mediano ‘Quebrando as Regras’). Ele não chega ao nível de ótima direção do primeiro filme (a cargo do excelente Matthew Vaughn, de ‘X-Men Primeira Classe’ e ‘Stardust’), mas Wadlow dá sim conta do recado! O roteiro básico e estranho apresenta os fatos de maneira um tanto diferente. Afinal o filme não tem lá uma grande moral, é apenas entretenimento. Mesmo assim, no acúmulo de sequências de ação e humor, temos feixes de inteligência, com ótimas piadas do mundo nerd, envolvendo HQ’s, Batman e outros heróis, games, celebridades (fique atento às piadas com as chatas ‘Boy Band’ e seus efeitos “molhados” nas meninas). Sem muita censura ou frescura, o filme entrega diversão louca e direta ao ponto: é para rir em determinada cena, se chocar em outra e rir novamente após tanta bizarrice. Os efeitos especiais são simples mas eficazes, a trilha sonora é ótima e a obra tem uma projeção dinâmica, onde um pouco menos de duas horas passam voando. Não pisque os olhos ou você perderá algum detalhe, piada ou referência interna do universo geek. O visual das estranhas fantasias é bizarro. A do Motherfucker em especial causa risos involuntários. 


O filme todo tem um ótimo clima descompromissado, mesmo tendo algumas falas de efeito. Porém, estas falas são mais sagazes e realistas. Afinal de contas não estamos diante de superpoderes. Estamos diante de pessoas comuns (ou quase), que decidiram brincar de vilões e justiceiros. Interessante como a luta do bem contra o mal – personificada na imagem de super heróis e super vilões – permeiam nossa mente. Desde que nos conhecemos por gente presenciamos a meios de entretenimento que pregam sobre estes poderosos combates. Na verdade, ambos filmes do ‘Kick Ass’ retratam exatamente isso: a cultura dos heróis impregnada no entretenimento da sociedade pós-moderna. Criando todo seu universo próprio, mil referências aos heróis já conhecidos, um humor negro descarado, violência acima da média e vários elementos nerd’s; ‘Kick Ass 2’ cumpre seu papel de elogiar e ao mesmo tempo satirizar a ficção e os quadrinhos. Este segundo capítulo pode não ser nota 10 como o primeiro (somente por justamente não ser o primeiro), mas bate na trave. Há cenas chocantes, dignas de filmes de terror, sem nunca deixar de ser hilário e insano. Mesmo que fracassando comercialmente, concordo plenamente com o mestre Quentin Tarantino, que considera ‘Kick Ass 2’ um dos 10 melhores filmes do ano. E se o mestre disse, está dito!


NOTA: 9






Direção: Jeff Wadlow


Elenco: Aaron Johnson, Chloe Grace Moretz,Christopher Mintz-Plasse, John Leguizamo, Lyndsy Fonseca, Augustus Prew, Claudia Lee, Jim Carrey.


Sinopse: a insana bravura de Kick-Ass (Aaron Taylor-Johnson) inspira uma nova leva de super-heróis independentes. Na última vez que foram vistos, Hit Girl (Chlöe Grace Moretz) e o jovem vigilante Kick-Ass tentavam viver suas vidas normalmente como Mindy e Dave. Com a formatura do colégio se aproximando e incerto sobre seu próximo passo, Dave decide começar a primeira liga de super-heróis ao lado de Mindy. Infelizmente, quando Mindy é flagrada como Hit Girl, ela é forçada a se aposentar – o que a deixa sozinha e sem recursos no assustador mundo das garotas malvadas do colégio. Sem ninguém a quem recorrer, Dave junta forças com a Justice Forever, liga de super-heróis amadores liderada pelo ex-mafioso Coronel Estrelas (Jim Carrey). Quando eles começam a fazer diferença nas ruas, o primeiro vilão do mundo, Red Mist rebatizado como Motherf*cker (Christopher Mintz-Plasse), forma a sua liga do mal e coloca em prática um plano fazer Kick-Ass e Hit Girl pagaram pelo que fizeram ao seu pai. Há apenas um problema com o esquema maligno: Se você mexer com um membro da Justice Forever, você mexe com todos.


Trailer estendido:






































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