Crítica: Oblivion (2013, de Joseph Kosinski)



“É possível
sentir falta de um lugar que você não 
conhece?
Lamentar
por uma época que você nunca viveu?”



Todo ano temos um número considerável de superproduções, filmes carregados de ação e efeitos especiais. Mas a maioria anda se perdendo pela falta de originalidade ou emoção. Isto vem causando alguns fracassos, como o recente ‘Depois da Terra’. Interessante que este ‘Oblivion’ não foi nenhum fracasso de crítica e bilheteria, apenas não foi nenhum fenômeno considerável. E é justamente ele o blockbuster mais interessante e emocionante que vi no ano de 2013 até então. Esta nova empreitada do diretor Joseph Kosinski traz uma mistura de elementos típicos da ficção científica, mas que no lugar da ação ou no caos pós-apocalíptico, acaba se concentrando nas relações humanas de um homem e suas mulheres, seja qual for das versões que eles sejam.



Na complexa trama futurista, Tom Cruise e a bela Andrea Riseborough (que é a talentosíssima revelação  deste filme) desempenham trabalhos na superfície de uma Terra destruída. Eles recebem as ordens de um comando e “cegamente” cumprem as tarefas. Acontece que Jack (Cruise) tem seus segredos, a desconfiança de que algo está errado e de que a Terra é habitável novamente. Sua curiosidade pela verdade e algumas estranhas lembranças o levarão a encontrar sobreviventes, e a descoberta de uma vida outrora perdida. Tudo isso graças às revelações em torno de Olga Kurylenko, no qual Jack tem um inesperado (e longínquo) passado. Tom Cruise tem uma atuação típica do que estamos acostumados. Confesso que o cara carrega carisma para filmes de ação, um grande astro. E certamente agrada ao público feminino. As duas beldades do filme roubam algumas cenas: Olga Kurylenko cada vez mais surpreendente e melhor, enquanto que Andrea Riseborough é uma doce surpresa, de real beleza e talento. Tanto que rouba o filme para si nas cenas em que aparece. Ela tem uma sensualidade em determinada cena na piscina, que encanta sem fazer com que o filme deixe de ser familiar. O restante do elenco conta com o dinamarquês queridinho do momento Nikolaj Coster-Waldau e os veteranos Morgan Freeman e Melissa Leo. Todos corretamente posicionados.


O diretor Joseph Kosinski repete seu sucesso de ‘Tron – O Legado’. Se em Tron ele entrega um filme juvenil eletrizante (mesmo que menos impactante do que o inesquecível primeiro filme dos anos 80), aqui em Oblivion ele entrega um resultado mais maduro. Sinceridade? A direção dele é extremamente eficaz, entregando ângulos de câmera inspirados, ritmo nas cenas de ação e precisão na emoção que quer passar. O filme não tem pressa e entrega tudo que pode em duas horas de projeção. Mas o ponto forte dele realmente é a estética visual. Assim como em Tron, aqui ele se supera em fotografia, iluminação e efeitos especiais. Tudo do mais impecável e chamativo o possível! A fotografia de Claudio Miranda (vencedor do Oscar por ‘As Aventuras de Pi’) é estarrecedora. Cada paisagem, cada parte da direção de arte, cada efeito de computador, tudo elaborado de maneira ímpar. Destaco o jogo de luz, a iluminação e os reflexos através dos vidros e espelhos. O designe da torre de Jack e Vicca (Andrea Riseborough) é surreal e linda. É limpa, clara e futurista. O designe das naves é impecável e brilhantemente simples. 





As cenas de ação são frenéticas e bem elaboradas, mas sem chamar atenção demais (uma das maiores falhas do recente ‘O Homem de Aço’). O roteiro relativamente bom resolve apostar alto nas emoções das personagens centrais. Aquela mensagem familiar, a busca de um abrigo, de um amor; tudo tão simples e tão bonito, está ali; presente. Entre as falhas, justamente o roteiro pega um pouco de cada elemento do gênero da ficção científica: clones, rebelião das máquinas, viajem espacial. Por outro lado, a falta de explicações ou detalhes (que incomoda a maioria mas eu particularmente acho charmoso) fazem deste um filme muito acima da média. Ao se pensar um pouco sobre o significado de certas coisas, o filme não chega a ser uma “sessão com Freud”, algo que o clássico ‘2001 – Uma Odisseia no Espaço’ faz ao longo de quase 3 horas. Mas de uma maneira bem simples, o filme passa o seu recado e traz um “ar” filosófico. 


Amantes do gênero irão se deleitar. Quem gosta de ação e grandiosos efeitos especiais também. Mas quem procura pancadaria irá se decepcionar. Em dado momento as emoções tomam conta e o filme acaba levando em consideração as relações de um homem com suas duas companheiras. ‘Oblivion’ me surpreendeu, um acerto e tanto, mesmo que não tenha feito tanto sucesso. Mas às vezes é assim e o melhor surge de repente. Finalizando minha crítica, ‘Oblivion’ tem a melhor trilha sonora do ano até então. A trilha (que em parte é cantada pela talentosa Susanne Sundfor) é espetacular. Oblivion me agradou, e sinceramente é a melhor superprodução hollywoodiana de 2013 até então. Pode não agradar a todos, mas é um presente de um nerd para outros nerd’s. Joseph Kosinski sabe o que fazer quando o assunto é ficção científica e um visual belo e surreal. Um filme que não deve ganhar sequência, pois é completo e envolvente como produto único. E fica aqui a opinião deste cinéfilo: há muita mentira em nossa vida. Filmes como este podem ser ficção, mas sempre terá o lado real, de que às vezes precisamos abrir os olhos e lutar contra aquilo que vem nos aprisionando, aquilo que vem nos controlando. Tome o controle da situação.


NOTA: 9





Direção: Joseph Kosinski


Elenco: Tom Cruise, Morgan Freeman, Melissa Leo, Nikolaj Coster-Waldau, Olga Kurylenko, Zoe Bell, Andrea Riseborough, James Rawlings, Catherine Kim Poon.


Sinopse: Jack Harper (Tom Cruise) é um dos últimos limpadores restantes na Terra. Ele é parte de uma grande força tarefa para extrair os recursos vitais, após décadas de guerras contra uma ameaça terrível conhecida como os Scavs. Tendo a missão quase finalizada e sempre vigiando os céus a metros de distância, sua vida é alterada radicalmente depois que ele salva uma mulher (Olga Kurylenko) em uma nave espacial que caiu. A chegada dessa mulher fará ele questionar tudo o que sabe, e o destino da humanidade é colocada em sua responsabilidade.




Trailer:



Ouça a bela trilha sonora, são 8 minutos incríveis!



  

  

  

  



Deixe seu comentário:

Deixe uma resposta